sexta-feira, janeiro 29, 2010

10 verdades sobre o carnaval

1) Se quem inventou o carnaval soubesse que a festa teria grande responsabilidade no surgimento de ritmos como a lambada e sucessos como a "Dança da motinha", ele provavelmente teria abortado o projeto.

2) Mesmo a mais fresquinha das patricinhas esquece que tem nojinho de suor quando vai pra algum carnaval de rua como Salvador, Recife ou Diamantina.

3) A lotação nas estradas na volta do carnaval é uma punição divina por toda a sacanagem e bebedeira que rola por ali.

4) A Piná só existe durante o carnaval.

5) O carnaval do Brasil e o carnaval de Veneza são tão parecidos quanto Liv Tyler e Zezé Macedo. Quem é a Liv e quem é a Zezé eu deixo cada um decidir.

6) O carnaval das escolas de samba é o único evento em que se paga uns mil reais para ficar "no meio das pessoas em uma festa verdadeiramente popular".

7) Para algumas mulheres, o carnaval não passa de uma ótima desculpa para ficar pelada e iniciar uma carreira de modelo / manequim / apresentadora de programa infantil.

8) Carnaval bom de verdade é aquele que, quando acaba, deixa você arrependido de tudo ou sem se lembrar de nada.

9) Para quem é pobre, as 34 horas dentro do ônibus costumam ser o melhor do carnaval.

10) Em Belo Horizonte, o carnaval é a melhor época do ano para quem odeia carnaval.




Direto na têmpora: Inside the Cage - Juliette & the Licks

quinta-feira, janeiro 28, 2010

As sereias voltaram

Texto: Maurilo Andreas
Ilustração: Rogério Fernandes







Direto na têmpora: Girl on the wing - The Shins

Apelidos

- Sophia, você tá brincando muito com os coleguinhas no Clic?

- Tô, com a Clara.

- A Clara Nelson?

- É, mas o nome dela é Clara Vieira e o apelido é Clara Nelson.

- Ah, é? E o seu nome e o seu apelido?

- Meu nome é Sophia Comelli Musetti Silveira e meu apelido é Sopa!

- Sopa!? Quem te deu esse apelido, Sophia?


E ela, toda feliz.

- Eu!




Direto na têmpora: She's A Superstar - The Verve

quarta-feira, janeiro 27, 2010

Freak Children - o menino dos gatos no nariz

Sob o quente sol do Maranhão,

Na bela cidade de São Luís

Corria nas ruas o pequeno João

Que tirava gatos do próprio nariz



Angorás, siameses e até vira-latas

Listrados ou brancos, de todo formato

Gatos completos, com quatro patas

Mal saíam e iam atrás de algum rato



Era um rebuliço se o menino gripava

E todos os lenços serviam pra nada

Pois cada vez que Joãozinho espirrava

Saía voando mais uma ninhada



Um dia a cidade acordou reclamando

Dos gatos miando em cima dos muros

E foi então que surgiu o Sargento Fernando

Jurando aplicar os seus golpes mais duros



Expulsou da cidade o pobre menino

E o problema dos gatos resolveu rapidinho

Quando usou para o comércio todo o seu tino

E vendeu mil barracas de churrasquinho




Direto na têmpora: Baby Let Me Take You Home - The Animals

Maurilão, o publicitário

E por causa do evento de ontem, resolvi colocar alguns filmes meus aqui no Pastelzinho. Todos foram produzidos em alguma das minhas passagens pela TOM e, como eu não tenho portifólio de peças eletrônicas, pelo menos alguma coisinha já fica registrada.

Fiquem à vontade para descer o pau.





Pense em inglês - Greenwich




Luiz Eugênio - BMG




Mineiro fala é assim - TIM




Sorvete - Faculdade Pitágoras




Feliz todo dia - BMG




Sofá - UNA




Natal 2009 - BH Shopping




Direto na têmpora: Dying is fine - Ra Ra Riot

Sophia, a destruidora de lares

Meu irmão chegou na casa dos meus pais ontem com a namorada nova. Assim que deu um beijo na menina, Sophia franziu a testa e falou.

- Tio Diogo, não pode namorar duas ao mesmo tempo!


Ele quase morreu de sem graça, mas respondeu.

- Sophia, eu não namoro duas. É só a Flavia.

- E a Tia Marcela?

- Não, Sophia, eu não namoro mais com a Tia Marcela. Pensa bem, faz quanto tempo que você não vê a Marcela?

- É, você só namora a Tia Marcela no Êro Preto, né tio Diogo? Aqui, não.





Direto na têmpora: Israelites - Desmond Dekker

Unido ou unida?

Não sou especialista em português, na verdade, sou apenas razoável, mas ando intrigado com esta campanha contra a dengue.

"BH unido contra a dengue"? Tá certo isso? Eu achei que deveria ser "unida" e os revisores e redatores da agência concordam comigo. Será que tem algum motivo oculto pra esse sujeito masculino?

Não sei. Depois que eu descobri que a Nossa Senhora do Carmo é Senhora do Carmo, nada mais me surpreende. Se bem que no próprio site da Prefeitura de BH, o texto de abertura se refere à capital dizendo: "cercada pelas montanhas" e não "cercado".

Se alguém tiver uma justifica pra essa concordância esquisita, por favor, manifeste-se.







Direto na têmpora: Touch me I'm Going To Scream - My Morning Jacket

terça-feira, janeiro 26, 2010

Presentinhos

A equipe da TOM passou hoje o dia inteiro fazendo uma série de atividades no Águas do Treme. Em determinado ponto, foram passados alguns filmes que marcaram a trajetória da agência, sendo alguns de minha autoria.

Um deles foi filmado pouco mais de um mês antes do nascimento da Sophia, em São Paulo e eu fui acompanhar. Assim que terminaram as gravações nos estúdios da ABA Filmes, do competentíssimo Andrés Bukowinski, fui ao shopping e comprei um par de sapatinhos de bebê feitos em cristal Swarovski para a Fernanda e um rinocerontezinho de pelúcia para a Sophia.

Até hoje os dois presentes estão na casa e, mais importante, as presenteadas também. E a TOM, onde eu trablhava quando descobri que Fernanda estava grávida e quando Sophia nasceu também voltou a fazer parte do meu caminho desde julho passado.

Coisa boa que é esse mundo dar voltas.




Direto na têmpora: O home do imposto de renda - Joelho de Porco

segunda-feira, janeiro 25, 2010

A menina vegetal ilustrada

Mais um Freak Children com ilustra do Rogério Fernandes.








Direto na têmpora: Bull Black Nova - Wilco

Nós, os trenzinhos

No cd novo da Adriana Partimpim há uma versão do Trenzinho do Caipira (ou Trenzinho Caipira, como preferir), de Villa Lobos. Sendo honesto, é a única música do cd que minha Sophia realmente curte. O resto ela ouve sem muita emoção.

Pois Sophia veio me perguntar o que era um "trem sem destino", uma parte da letra da música. Expliquei e outro dia, ouvindo a música, ela repetiu do jeito dela.

- Tem trem que sai de uma cidade e vai pra outra, né, papai, e aí é trem com destino, mas esse trenzinho sai de uma cidade e não vai pra lugar nenhum, e aí é trem sem destino.

Depois disso ela parou calada, pensativa, e eu cá comigo tenho que ela ficou imaginando poesias sobre o trem que nunca para e que segue sem ter onde chegar. Um trem que vai por simplesmente ir, parecido com a gente às vezes, que viaja pela viagem. Sem destino, sem motivo, só indo mesmo.

E se der uma vontadezinha de chorar quando você pensar nisso, minha Sophia, não se preocupe. Saber que a gente é um trenzinho sem destino é triste, mas é até bonito também.








Direto na têmpora: Surrender - Cheap Trick

sexta-feira, janeiro 22, 2010

Ainda sobre o Twitter

Outro dia o Jarbas Agnelli disse, no Twitter, que achava o Twitter algo improdutivo. Deixando de lado todo o meu respeito pelo profissional que é Jarbas Agnelli, eu discordo dele monstruosamente (e tenho a impressão de que o Obama também).

Se o Agnelli quis dizer que o Twitter é contraproducente ou "time waster", eu posso até entender. Tem gente que usa mal qualquer ferramenta, desde o Youtube até o email e o Messenger, passando, por que não, pelo Twitter. Nem por isso sou eu quem vai dizer que o email ou o Youtube são improdutivos.

O fato é que o Twitter tem uma característica maravilhosa que é dar-se à utilidade que o seu dono escolhe. Se você só segue baladeiros e perfis de clubes e boates, seu Twitter terá uma função. Se você segue personalidades globais e perfis de fofocas, a função é outra. E se você segue profissionais que são referência em sua área de atuação ou perfis de notícias sobre o tema, a função é ainda outra.

Para a minha sorte, a TOM não apenas reconhece a importância do Twitter, como o utiliza muito bem para divulgar novas campanhas e o blog da agência. Mesmo sem acesso a números, arrisco a dizer que o Twitter é uma das maiores fontes de entrada no Tom Procê, mostrando-se uma ferramenta altamente produtiva no auxílio à formação da imagem da empresa.

O Twitter é uma rede social que tem um forte aspecto de rede de informação. Se o tema é cultura eu tenho acesso a Tom Waits (@tomwaits), Neil Gaiman (@neilhimself) e Vernon Reid (@vurnt22), por exemplo. Se o tema é esporte, recebo notícias via ESPN (@espn), Bill Simmons (@sportsguy33) e Boston Globe (@GlobeCeltics), entre outros.

Até aí, tudo bem, pode-se argumentar que isso não faz diretamente parte do meu trabalho, apesar de ser importante para a minha formação como indivíduo. Acontece que quando lidamos com comunicação, buscamos justamente pessoas que ofereçam um conteúdo diverso, atual e relevante para os mais diversos temas.

Mas se formos entrar na área profissional, aí é que o Twitter fica melhor ainda. Profissionalmente, recebo referências de campanhas, matérias relevantes, opiniões, insights e fico sabendo em tempo real o que se passa pela cabeça de figuras como Seth Godin (@thisissethsblog), Sandra Charan (@bubblychampers), Richard MacManus (@rww), Michel Lent (@lent), Suzana Apelbaum (@SuApelbaum), Ken Fujioka (@kenfujioka), Marcello Serpa (@Marcello_Serpa) e outros grandes profissionais do mercado.

Isso, para mim, é altamente produtivo. Antes do Twitter, estas informações, quando disponíveis, precisavam ser garimpadas na net com mais tempo perdido e resultados questionáveis.

Não estou dizendo aqui que o Twitter seja a ferramenta do futuro, nem que ele seja perfeito ou que não possa ser mal usado. O que eu estou dizendo é que o Twitter é hoje uma ferramenta importante em certas estratégias de comunicação e que oferece boas possibilidades para quem sabe usar. Quem nunca seguiu um evento bacana graças a uma hashtag no Twitter? Quem nunca planejou uma promoção na ferramenta de microblogging? Quem nunca conseguiu um contato profissional importante a que não teria acesso antes?

Quanto tempo vai durar o Twitter eu não ouso dizer. Nem ouso dizer que ele seja tão produtivo para os outros quanto é para mim. Isso é muito pessoal. Eu não uso o Orkut, por exemplo, embora tenha plena noção da importância e da imensidão de pontos de contato que ele oferece.

Talvez o comentário do Agnelli se referisse mais à experiência pessoal dele de uso e não ao meio em si. Pode ser, não seria a primeira vez que eu interpreto mal alguma opinião e nem será a última. Mas o fato é que o Twitter pode ser encarado como um espelho das buscas e dos interesses de cada usuário e, mesmo com um público que talvez ainda não seja tão significativo quando falamos de um país com quase duzentos milhões habitantes, é fonte de dados sobre tendências, comportamento online e interesses de uma parcela importante do público.

Improdutivo? Sorry, but I don't think so.




Direto na têmpora: Velouria - Pixies

O menino uva by Roger

Outro Freak Children já com o traço do Rogério Fernandes.







Direto na têmpora: The Headmaster Ritual - The Smiths

10 dicas para tirar as preocupações da cabeça

Mais um post na linha pseudo-auto-ajuda.


1) Faça algo com as mãos: algo sem propósito como enfiar os dedos na terra ou amassar massa de pão. Recorte, cole, afague, espalhe, deixe sus mãos te levarem por alguns instantes e esqueça o resto.


2) Ouça a sua música favorita repetidas vezes: deixe a letra tomar conta, deixe a melodia ocupar tudo e se perca ali.


3) Compre algo inútil: de dez centavos ou de mil reais, não importa. É algo novo para se interessar.


4) Assista algum filme do Peter Sellers: pode ser Um Convidado Bem Trapalhão, pode ser Muito Além do Jardim, pode ser a Pantera Cor-de-Rosa. Peter Sellers não cura, mas alivia.


5) Sente em um banco de praça e tome um sorvete: vale até mesmo na Praça Sete.


6) Brinque / abrace / converse / fique juntinho de uma criança que você ama: crianças tem o insuperável poder de limpar a alma da gente quando a gente precisa.


7) Leia Ítalo Calvino ou Luís Fernando Veríssimo: mas leia com a leveza de quem precisa daquilo, de quem merece ler aquilo.


8) Receba o vento no rosto:
abra a janela de onde estiver, busque um ponto alto e deixe o vento correr pelo tempo que for necessário.


9) Elogie alguém que você admira: ligue, mande um email ou fale durante um café como aquela pessoa é bacana. É impressionante como dividir uma coisa boa sempre abre espaço para outras coisas boas.


10) Escreva: não sei se funciona com todo mundo, mas para mim é um santo remédio. Não interessa o assunto, o importante é colocar coisas no papel (ou no arquivo, no caso).




Direto na têmpora: Who needs what - Tullycraft

quinta-feira, janeiro 21, 2010

Cheia de pernas

Mais uma ilustração do Rogério Fernandes para os Freak Children, um dos projetos sobre os quais eu andava conversando com o Sander. Tenho certeza de que ia ser uma animação muito legal.








Direto na têmpora: Something is not right with me - Cold War Kids

quarta-feira, janeiro 20, 2010

Sander

Conhecia Luís Sander há mais de 10 anos. Fizemos vários trabalhos juntos, sendo o último em dezembro passado para a Faculdade Pitágoras. Durante as filmagens, conversamos e rimos como há muito tempo não fazíamos.

Há pouquíssimo tempo ele teve a idéia e estávamos planejando uma animação com os Freak Children. A reunião sobre o projeto com o Denis Leroy foi marcada e desmarcada algumas vezes porque Sander andava meio doente e ralando muito.

No começo do ano, enviei uma música que compus e cantei com a Sophia para o Sander, perguntando se ele achava que poderia virar um clipezinho em animação. Fora isso, volta e meia brincamos um com o outro via Facebook. Esse foi o último email que recebi dele, no dia 8 de janeiro.



"Que coisa mais linda, Maurilo! Claro que rola! Precisamos conversar logo sobre tudo isso, mas tô numa correria insuportável nesses dias, um janeiro como eu não via faz tempo. Vou colocar a cabeça no lugar primeiro (estou meio doente e trabalhando em dobro - normal, né?) e vamos tentar nos falar na semana que vem sim, sem falta, quando as coisas estiverem mais engatilhadas na minha cabeça e na produtora, ok?

(Ouvir sua filha cantando no final me fez ficar sorrindo aqui, pensativo, e a noite ficou mais bonita, mais leve. Muito obrigado!)

Grande abraço!
"



Fique com Deus, Sander, que a gente fica aqui sentindo saudades e pedindo para conhecer mais gente como você.




Direto na têmpora: Mad about you - Hooverphonic

Comensais

I

Os quatro estavam na sala, conversavam com simpatia, mas alguma reserva. Em cada rosto um pouco de ansiedade, dúvida talvez em um olhar. Conheciam-se há muito pouco tempo para intimidades e sabiam que aquele encontro não era uma situação social comum.

Falavam sobre o preparo de um certo tipo de mariscos muito apreciado no litoral sul italiano quando F contorceu-se brevemente e com um grunhido curto foi ao solo. Os três se entreolharam sem saber muito bem o que fazer. Esperavam pelo fato, mas agora sentiam-se confusos, como se nunca houvessem pensado no próximo passo.

Ficaram assim por alguns segundos até que X falou: “melhor começarmos. Não sabemos quanto tempo vai demorar e o jantar é amanhã”.



II

Um gourmet amador, X sempre se opusera secretamente ao fato da antropofagia ser considerada um tabu. Lógico que era contra o canibalismo não consensual, mas se ambas as partes estavam de acordo ou tratava-se de um cadáver, por que não? Qual seria o sabor da carne? Quais os temperos mais adequados? A variedade de pratos e receitas seria ilimitada.

Não se alimentar de alguém da própria espécie era, na opinião de X, apenas fruto dos pudores de nosso tempo. Afinal, se é aceitável doar órgãos para transplantes que salvam vidas, por que não usar os mesmo órgãos para alimentar os famintos e, em última instância, salvar vidas?

No entanto, foi apenas a alguns meses que X começou a pensar seriamente no assunto. A parte mais difícil seria encontrar pessoas com os mesmos interesses. Depois do escândalo público que se tornou o encontro de Armin Meiwes e Bernd Jurgen Brandes em março de 2001, quando o primeiro jantou o segundo (com seu consentimento expresso em vídeo, diga-se de passagem), o tema antropofagia estava bastante vigiado na web e nos jornais.

Entrou em alguns sites de culinária experimental deixou recados dizendo que procurava contato com “pessoas sem preconceito, com interesse em conhecer novos sabores, ingredientes exóticos”.

As primeiras respostas foram desanimadoras. Pessoas claramente provincianas, com aquela velha carapaça moral que X conhecia bem. Na segunda semana, o email de F chamou a atenção. Dizia apenas “até onde você pensa em ir?” Estava descoberto o segundo membro do grupo.



III

O outros dois participantes surgiram mais ou menos da mesma forma que F. Os quatro passaram a manter um contato regular, insinuando-se, jogando um pouco até que, após algumas semanas de correspondência intensa via email, um deles mencionou explicitamente o assunto. A partir daí passaram a tratar do tema apenas através de telefones fixos, dificultando qualquer interceptação de mensagens que pudesse comprometer seus planos.

F havia descoberto uma receita de Pozole Rojo, um prato asteca que, segundo dizem, era feito com carne humana ou de porco. Haviam lido alguns depoimentos que se referiam ao sabor da carne humana como adocicado, mas preferiram, na primeira refeição, tentar algo “consagrado” ao invés de experimentar temperos já testados em outras carnes.

Marcaram o primeiro encontro ao vivo na cidade de P. Discutiram ali os detalhes e definiram-se por serem o mais simples possível. Tudo aconteceria no sítio de X, um local sossegado, afastado e com uma bela cozinha. Sentariam-se aleatoriamente e um garçom (que apenas serviria os drinques e seria depois dispensado) colocaria uma taça na frente de cada um. Uma dessas taças conteria o remédio insípido que escolheria o único participante a não saborear o jantar.

Já que não sabiam quem seria o “prato principal” todos escreveriam, antes do encontro, um testamento e uma autorização para que seu corpo fosse usado como refeição. Depois dividiriam as tarefas de destrinchar o corpo, retirar os órgãos, separar e eliminar os dejetos. A carne necessária para o Pozole ficaria guardada no freezer para ser preparada no dia seguinte. O responsável pelo preparo seria o que estivesse sentado à direita do “escolhido” no momento que o veneno fizesse efeito.

Tinham tudo planejado. Uma nova fronteira se abria.



IV

Depois do instante de susto, recolheram F e puseram-se a trabalhar. Era o mais leve dos quatro e um dos mais jovens, o que parecia um bom presságio. O processo não se deu sem algum desconforto ou dificuldade, mas conseguiram separar as carnes e colocá-las no freezer antes da s 3h da manhã. Em seguida foram dormir, silenciosos, mudados.

Dormiram quase toda a manhã e à tarde P começou a preparar a refeição. Os outros dois ajudavam, entre ansiosos e tensos, mas às 19h já se banhavam e vestiam. Pontualmente às 21h30 P começou a servir a mesa enquanto X trazia o vinho.

Brindaram a F, que tão generosamente havia se doado e, após um momento de hesitação, começaram a servir-se. Antes de colocar a primeira porção na boca, P largou o garfo, tentou levantar-se e caiu logo em seguida. M esticou as mãos na tentativa de ajudá-lo, mas também quedou-se como que paralisado em pleno ar, o corpo amparado pela cadeira de espaldar alto, os olhos vazios.

X serviu-se calmamente e saboreou sozinho, entre suspiros de prazer, o Pozole de F. Terminado o jantar, repetiu os procedimentos de limpeza dos corpos e encheu o freezer. Durante aquela semana preparou e consumiu os mais finos manjares que sua imaginação permitia, deixando o sítio apenas para comprar novos ingredientes.

Após consumir o último bocado do suave Rôti de M, servido com frutas que havia preparado, X foi à cozinha, buscou a garrafa de vinho que havia servido aos comensais e tomou em largos goles, direto do gargalo. Sua última refeição havia sido exatamente como planejara. X era, enfim, um homem feliz.



PS - Este foi mais um conto antigo que achei nas minhas coisas. A partir de amanhã volto a produzir material inédito. Obrigado pela paciência.




Direto na têmpora: About today - The National

terça-feira, janeiro 19, 2010

Orgulho de ser imbecil

Taí, um idiota que estaciona assim deve se orgulhar muito de ser o maior imbecil que ele conhece.



Sábado, no Ponteio Lar Shopping, um testemunho em favor do "fodam-se os outros".




Direto na têmpora: Lend me your face - Fight Like Apes

Rotineiro

I

Na rua Belisário Cortez, bem ao lado da funerária, ficava o Bar do Neco. Na esquina de baixo, a rua da zona com suas casinhas em seqüência, quase todas de paredes cor-de-rosa ou verde-claro, cortesia das tintas distribuídas há uns 6 ou 7 anos por um comerciante local que queria melhorar o aspecto da região.

Era uma rua asfaltada, limpa, de iluminação amarelada. O movimento já fora bem maior e hoje as mulheres exageradamente maquiadas e exiguamente vestidas chamam menos a atenção do que os avisos de “residência familiar” dependurados em alguns portões para evitar as confusões dos bêbados ou novatos durante a madrugada.

Todas as quartas o Renato saía do Bar do Neco depois de tomar uma cerveja com o pessoal da gráfica e descia a rua. O olho puxava para a esquina. Renato tinha 18 anos e não conhecia ainda uma mulher. Seu namoro com a Cida era sério e só sério, já que ela brecava suas vontades com um fervor religioso que refletia a educação e as cobranças da família. Olhava, o corpo adernava, imantado, mas o pudor vencia e Renato rumava pra casa com o passo calmo das noites de quarta-feira.

A avó já dormia, inundando a salinha de um ronco forte. Na geladeira um pedaço de queijo, um copo de leite e o corpo pedia cama. Escovava os dentes com uma pressa pouco higiênica e começava a rezar enquanto bochechava e preparava-se para cuspir o dentifrício: amanhã era quinta e quintas são dias bons.

Acordava com a avó cantando um samba antigo, o mesmo de todas as manhãs: “E quando à Terra eu voltar, sei que estão me esperando, numa prova de alegria eu vou chegar sambando”. Achava aquilo muito estranho, misturar samba com viagens espaciais e ainda mais com a avó cantando, mas gostava e sorria, era seu melhor jeito de começar a manhã. O pão quente com muita manteiga e o café forte enchiam o estômago e mandavam Renato pra rua. Quintas-feiras são boas.


II

Renato trabalhava com o Heitor, mas não gostava dele. Labutavam juntos e viviam uma intimidade obrigatória de quem convive exaustivamente no mesmo espaço. Heitor era mais velho, magro, com alguns dentes faltando na boca e uma cabeleira cinzenta, oleosa. Bom de serviço, mas falava demais, gabando-se de mulheres e bebedeiras, deixando Renato desconfortável.

Naquela quinta, Heitor recebeu Renato sorridente. Parecia mais moço, mais limpo. “Conheci teu pai” – disse o velho sem rodeios.

“Meu pai morreu, Heitor.”

“Eu sei, porra. Conheci quando ele tava vivo. Descobri por coincidência quando tava resolvendo uns assuntos lá no RH. O Gouvêa...”

“Gouvêa trabalhou com o meu pai.”

“Eu sei, caramba, deixa eu contar. O Gouvêa tava me enchendo o saco, falando que eu só trabalhei aqui a vida toda e aí ele disse, pra me provocar, ‘aquele Renato lá nunca ficaria aqui na sua idade. O moleque é esperto que nem o pai’. Aí eu estranhei e perguntei se ele conhecia o seu pai e ele disse que sim e falou que eu conhecia também.”

“De onde você conheceu ele?”

“Pois é, quando ele me falou que o seu pai era o Jorge do banco eu lembrei na hora. Eu tinha uma conta na agência e sempre pedia uns favores pro seu pai e pro Gouvêa. Não sabia que você era filho dele. Boa gente seu pai. Meio bundão, mas boa gente.”

“Bundão o caralho! Tá querendo levar uma porrada, Heitor?”

“Desculpa, moleque, mas é que a história do seu pai é foda, né?”

“Foda por quê?”

“O lance da tua mãe, porra, me desculpe, mas eu não engoliria.”

“Ah, vai à merda, Heitor.”

Renato saiu com um meio sorriso como se soubesse muito mais do que o Heitor sobre o assunto, mas a verdade é que não fazia nem idéia do que ele estava falando. Fugiu do assunto só pra não dar munição pro velho sacana. “Que merda de história será essa com minha mãe?” A única coisa que ele sabia é que a mãe bebia demais e que o pai resolveu largá-la e criar o filho sozinho. Por que o pai teria que ter vergonha disso? Bundão, porra nenhuma, o pai era um herói pra ele.

Foi do trabalho direto pra casa. Comeu pouco, ligou a tv e se largou no sofá. Não queria perguntar à avó sobre o assunto, ela podia não saber de nada, podia se sentir ofendida ou até pior, podia estar mentindo pra ele todos esses anos. Com o Heitor não dava pra conversar, filho da puta. Lembrou do Gouvêa no enterro do pai. Pra falar a verdade, o pai sempre elogiou o Gouvêa, pareciam ser bons amigos no trabalho. Mas daí a perguntar a ele sobre o passado da mãe? Sei lá, complicado.

Dormiu no sofá pensando que o Heitor era mesmo um bosta.


III

A cabeça estava ensopada, as coxas grudadas de suor, as mãos muito úmidas, parecia que ele estivera dormindo debaixo do sol em pleno verão. O relógio na parede marcava 3 da manhã, mas Renato sentia como se estivesse acordando depois de umas boas 12 horas de sono. Estava descansado e pronto. Não sabia exatamente pronto para quê, mas certamente estava.

Tomou um banho gelado e pensou na Cida. Gostava dela? Não sabia. Adivinhava um casamento longo, muitos filhos, a família dela mimando bastante, gostando de tudo. A família dela. Seria esse o melhor do namoro? Ele sem mãe de não se lembrar, sem pai desde os 14, sem irmãos, ele e a avó, só os dois há tanto tempo. Namorava a família dela? Não sabia, não imaginava, Renato se esquecia no frio do banho e já não pensava.

Vestiu novamente o pijama e deitou-se. Sonhou com a mãe ainda acordado, sabendo que sonhava. Era normal, feia ou bonita conforme a hora, séria, nunca sorrindo. A mãe no sonho era um antigo quadro de família que se movia, mas que não tinha expressão, não dizia nada. De repente sumiam-se e surgiam de novo com os rostos juntos, as mãos próximas, ela ainda fria, serena, ele todo sorrisos. Já não era um quadro, era uma mulher que se fazia quadro.

Acordou com o velho samba. A avó cantava pra ninguém “nesse trajeto de aventuras em desafio à emoção eu vi o medo, vi a cor do frio e a beleza da escuridão”. Será que ela sabia a poesia que cantava? Renato levantou pensando na mãe pela primeira vez em muito tempo. Sem saudade, só querendo saber o que o Heitor sabia dela. Imediatamente pensou no sorriso incompleto do velho e sentiu nojo. Sexta-feira, diazinho porcaria.


IV

Não queria procurar o Gouvêa logo de cara. O Heitor ia perceber e ia olhar pra ele com um jeito superior o resto da vida. Precisava esperar, brincar, fingir que estava acima, que provinciano era o Heitor de pensar mal da mãe dele por coisa tão boba. Precisava mostrar que sabia de tudo e não ligava, pelo menos até chegar a hora de falar com o Gouvêa.

O tempo passou depressa. Naqueles poucos dias Renato quase não foi ver a Cida, exagerava a proximidade com o Heitor e falava cada vez menos com a avó. Estava exausto. Consumia-se com aquela bobagem, não havia de ser nada, coisas da cabeça nojenta daquele pobre diabo. Na quarta-feira acordou com coragem. Iria falar com o Gouvêa. Quartas são os dias certos para se começar a semana.

“’Seu’ Gouvêa, boa tarde. Posso falar com o senhor um minutinho?” O coração batendo de culpa enquanto ele olhava o homem calvo com uma barba mal-feita por detrás da mesa que continuava conferindo uma folha de papel com alguma informação qualquer na tela.

“Entra, Renato, fica à vontade. É sobre as horas extras do mês passado?”

“Não, ‘Seu’ Gouvêa, é assunto pessoal mesmo, sobre meu pai.”

Gouvêa levantou o olhar com certa surpresa, mas já sabendo que o Heitor tinha falado alguma coisa.

“Pois não, Renato, pode falar. Gostava muito do seu pai.”

“É, ele também gostava muito do senhor.”

A cabeça não dava deixas de como iniciar a conversa. Renato quase desistia. Resolveu ser direto.

“O senhor conheceu minha mãe também?”

“Aquele babaca do Heitor. Filho da puta.” – pensou Gouvêa – “Conheci muito pouco. Eu e seu pai éramos colegas de trabalho, quase nunca a gente se via fora do banco. Por quê, Renato?”

“Nada não, andei pensando nela. Só isso.” – recuou.

Gouvêa aproveitou a chance: “Bom, se tiver mais alguma coisa aí que você precise...”

“Tá bom, obrigado ‘Seu’ Gouvêa.”

Saiu da sala sentindo-se um idiota. Entregou o jogo e não descobriu sequer um detalhe. Agora é que o Gouvêa não falava nada sobre o assunto mesmo. Isso se é que ele sabia alguma coisa e se é que havia alguma coisa pra saber.


V

Ao contrário do que imaginara, depois do baque inicial Renato sentiu-se aliviado pela conversa com o Gouvêa. Era sacanagem do Heitor e pronto, não pensaria mais naquilo. Saiu da gráfica e foi ver a Cida, certo de que ainda teriam muita coisa boa pela frente.

Tocou a campainha e o irmão da Cida atendeu, disse que a irmã havia saído, não sabia bem pra onde, talvez visitar alguma amiga. Renato agradeceu e voltou à casa. Beijou a avó e até cantou pra ela “Parti de minha rua num vôo até a lua no meu foguete particular...”. A avó sorriu e enxergou o Renato de 5 ou 6 anos atrás. O neto era um bom rapaz e isso a descansava.

A janta estava quente sobre a mesa. Carne desfiada com moranga e arroz (detestava comer feijão à noite), suco de uva e um pedaço de goiabada pra depois. Jantou e foi de novo procurar a Cida – ela morava perto e ele não era muito de telefonar. A mãe atendeu a porta e disse, com um sorriso, que a Cida não iria dormir ali hoje, tinha ido para a casa de uma tia. Já em casa, diante da televisão, Renato só pensava em como seria sua vida com ela. Com eles. Renato queria casar com a Cida e com a família dela.

Acordou com saudades e, como era sábado, pegou a bicicleta e foi dar bom dia pra Cida na casa da tia. Era longe, mas ele não ligava, sábados eram dias vivos, feitos pra gente não parar. 50 minutos depois estava tocando o interfone do predinho. A tia atendeu com voz de sono, ele perguntou pela Cida e ouviu que ela não dormira ali. Confundira as tias? Tinha certeza de que a futura sogra havia dito Tia Márcia.

Não se enganava, pelo contrário, se esclarecia. Voltou para a casa da Cida, sentou-se à porta e esperou. Cida desceu do ônibus e empalideceu ao vê-lo ali, simplesmente parado. Renato mal se levantou e ela baixou os olhos. Começou a chorar e balbuciava um pedido de desculpas confuso, sem certeza nas palavras.

Renato deu um abraço longo nela, esperou que se acalmasse. Não sentia raiva, estava apenas vazio, estranhamente calmo. Não perguntou com quem, não questionou há quanto tempo, apenas abraçou a Cida e deixou esvair-se ali o seu resto de querê-la bem. Beijou sua testa e saiu.

Caminhou para casa e sabia que a partir daquele momento estava só, limpo, sem família de novo. Só a avó a esperá-lo. E estava tudo bem. Sábados são dias vivos mesmo que a gente morra um pouco.


VI

Eram 11 da manhã quando Renato acordou sobressaltado, o sol a castigar-lhe os olhos, a baba seca no canto da boca. Não ouvira a avó cantando. Escovou os dentes e saiu à sala já imaginando que a mesa não estava posta. Foi à casa da vizinha e pediu que ela entrasse e visse se havia alguém no quarto da avó.

Queria lembrar dela apenas cantando, sem ver o rosto sem vida. Não ouviu os soluços da vizinha, não viu as outras pessoas que entravam na casa, sentou-se na cozinha, à beira do fogão e cantarolou baixinho, só para a avó ouvir: “Agora sou patente de um mundo diferente e tenho coisas pra contar...”.

Na segunda não foi trabalhar. Separou as roupas, os objetos, encheu uma caixa de sapatos com o que trazia o sorriso de pensar na avó e doou o resto. A casa estava vazia. A semana começava junto com a vida de Renato. “Seu” Gouvêa falou que ele só precisaria trabalhar na quarta, mas não tinha muito o que fazer, esquecera-se de como passar o tempo sem a Cida, a avó e o trabalho. Entrou a tarde tomando uma cerveja no Bar do Neco, anestesiando-se sozinho.


VII

Segundas-feiras são irreais, difusas, enganadoras. Renato estava embriagado e via a cidade passar na avenida logo à frente, sem entender muito do que era viver. Perdia-se em fragmentos de pensamentos enquanto pedia mais uma e se deixava ficar por ali.

Saiu do bar e já anoitecia. Seguiu até a esquina de baixo e, pela primeira vez, dobrou à direita. As mulheres que se exibiam na rua pareciam gigantescas, com pernas, seios e nádegas que ele não sabia serem assim. O primeiro rosto que reparou foi de uma mulher um pouco mais velha, talvez 40, talvez um pouco menos.

Sem falar nada ela o pegou pelo braço e entraram em uma casa. O corredor escuro, a porta que rangia ao abrir, o lençol com estampa de flores bastante puído, os travesseiros quase uma lâmina. O quarto cheirava a suor.

Era um expectador daquele trabalho meticuloso da profissional. As expressões premeditadas, o toque preciso, o mover coreografado. Quando ela terminou a função, alcançando o resultado para o qual foi paga, puxou a cabeça de Renato para o seu colo e perguntou suave “você gostou, neném?”. Foi a primeira vez nos últimos dias que Renato sentiu-se bem.

O nome dela era Núbia. Renato passou a se encontrar com ela pelo menos duas vezes por semana, conforme lhe permitia o ordenado. O sexo não era incentivo para o encontro, mas sim a paz que seguia. Era como se a conhecesse desde muito antes, em algum lugar tranqüilo.

Na gráfica o deixaram mais quieto depois da morte da avó. O Heitor já não puxava conversa, o trabalho rendia mais. Nos dias que saía para ver Núbia ficava um pouco depois do horário, penteava-se, lavava-se demorado, enamorava-se. Ela também tirava um momento do seu ofício e limpava o excesso de maquiagem, trocava o perfume, asseava-se para ele.

A vida se reencaixava e domingos voltavam a ser dias leves e lúcidos como devem mesmo ser.


VIII

A chamada do Gouvêa veio de surpresa. Renato foi sem medo, sem precauções, mas sem saber o que esperar. Gouvêa parecia mais sério.

“Fecha a porta, Renato, senta aí. Andei pensando muito em você, rapaz, aquele dia que você veio aqui perguntar de sua mãe.”

A cabeça de Renato no sorriso da Núbia.

“Olha, o que eu vou te dizer é foda, mas eu acho que vai ser melhor assim. Fiquei sabendo que o Heitor andou te falando umas coisas.”

A cabeça de Renato no colo quente da Núbia.

“Seu pai largou sua mãe, Renato, porque ela era prostituta aqui na cidade.”

A cabeça de Renato na voz suave da Núbia.

“Ela fazia escondido. Seu pai só descobriu quando ela parou de trabalhar porque estava grávida e o cafetão foi na sua casa tomar satisfações.”

A cabeça de Renato nas mãos longas da Núbia.

“Ele cuidou dela até você nascer e depois colocou na rua. Te criou sozinho com sua avó."

A cabeça de Renato no vestido novo que comprou para a Núbia.

“Não sei por onde ela andou, mas agora ela tá trabalhando aqui de novo. Sei lá, achei que você quisesse saber."

A cabeça de Renato no cheiro dos braços da Núbia.

Agradeceu e saiu. Trabalhou normalmente o resto do dia. Aprontou-se e foi vê-la. Vestido novo, batom rosa, cabelo penteado.

“Vem morar comigo, Núbia? Só nós dois lá em casa.”

“Vou sim, neném, largo isso aqui e vou. Faz tempo... essa vida me deu muito, neném, mas me tirou muito também.”

“Então pega sua coisas, vai.”

Núbia voltou vinte minutos depois com a mala simples, rota, deixara muito pra trás, no quarto, o que não cabia dentro dela. Chegaram na casa e amaram-se. Ele deitado no colo dela, o eterno do após.

“Meu nome de verdade não é Núbia, neném. Você zanga comigo?”

“É Núbia pra mim. Precisa contar mais nada, não. Me esquenta e me faz um cafuné, mãezinha.”

Terças-feiras são dias só de não saber. De seguir e ir.




Direto na têmpora: Collect Call - Metric

segunda-feira, janeiro 18, 2010

Musetti, Musete, Muzeti...

Sophia Comelli Musetti Silveira, esse é o seu nome, minha filha. Comelli é o sobrenome da sua mãe, Silveira é o meu e Sophia foi o nome que nós escolhemos para você. Só que no meio disso tudo tem um Musetti que só entrou na hora em que eu fui te registrar. É o sobrenome da sua bisavó Geralda, mãe do vovô Nilo e minha avó. Aliás, pouca gente sabe, mas o nome de verdade da sua bisa é Geraldina, mas ninguém chama ela assim.

Pois bem, eu como não tenho esse sobrenome queria muito que você o tivesse. Pensei até em tirar o “meu” Silveira, mas no cartório não deixaram e eu tive que encaixar o Musetti no meio do nome. Ficou bonito e sua mãe me deixou muito feliz por aprovar a idéia.

Uma das coisas que eu gosto desse nome é que nem na nossa família ele é escrito do mesmo jeito. Tem tios que são Muzetti, outros que são Muzeti e tem o seu avô que é Musetti. Pelo resto do Brasil a confusão é maior ainda, com Muzete, Museti e por aí vai.

Mas sabe porque eu queria tanto colocar esse sobrenome em você? Por causa da história da sua bisavó Geralda e do seu bisavô Maurilo. É, eu sei, meu nome é igual ao dele, né? Foi uma homenagem que o vovô Nilo fez. Ah, e não foi erro de cartório não. A mãe do vovô Maurilo, minha bisa Adelaide, deixou bem claro pro meu “biso” Saturnino: é Maurilo e não Maurílio, viu?” Mas voltando à história, tudo começou em Passos, no interior de Minas Gerais.

Sua bisa Geralda era filha de Augusta Posanzini e Luigi Musetti, ela de Ancona, ele de Carrara. Dona Augusta era uma italiana brava, severa, que vivia de costurar para clientes da cidade. Vovó Geralda era a segunda de seis filhos, sendo que a irmã mais velha havia morrido aos 19 anos durante o parto. Trabalhava como telefonista de dia e, à noite, costurava e dava aula de bordados à máquina.

Dizem que Vovó geralda era linda, linda. Ainda bem novinha ela namorou Messias Maia, filho do “Rei do Gado” Sebastião Maia. Um dia, Messias trouxe para ela bombons vindos de São Paulo, uma delícia rara e caríssima. Dona Augusta não gostou nada daquilo e mandou devolver. Sua bisa então, disse que de jeito nenhum, que devolver seria falta de educação. O resultado foi que ela levou uma surra, os bombons foram devolvidos e o namoro terminou por ali mesmo.

Namorou também o Saul, dono de uma farmácia, mas a mãe dele era contra só porque vovó era pobre. Depois veio o Cunha, e é aí que começa a história da vovó Geralda e do vovô Maurilo.

Celestino Cunha era de uma família riquíssima, envolvida com a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro. Apaixonou-se por vovó, ficaram noivos e ele comprou tudo para a nova residência do casal: geladeira, cama, móveis, só produtos da melhor qualidade. Dona Leocádia Cunha, mãe de Celestino, correspondia-se com vovó Geralda freqüentemente e era absolutamente encantada por ela. Enfim, tudo parecia encaminhar-se para um casamento feliz.

Certo dia, numa exposição de seus bordados, vovó Geralda encontrou vovô Maurilo pela primeira vez. Ele era 13 anos mais velho que ela, professor de matemática, muito inteligente. Cursou Engenharia no Rio de Janeiro, viajando a cavalo muitos dias junto com seu amigo e namorado de sua prima, Juscelino Kubitscheck, mas nunca terminou a faculdade.

Apaixonaram-se ali mesmo na exposição. Ele perguntou onde ela morava, ela contou e ele, curioso, disse que conhecia a casa. “Não é aquela casa onde tem sempre um lumezinho na porta?”. Vovó disse que sim e explicou que era o ferro em brasa que sua mãe, Dona Augusta, deixava na porta enquanto trabalhava.

Vovó terminou tudo com o Cunha dias depois. Já pensava nisso pelo fato dele ser espírita, o que incomodava muito uma pessoa católica como ela, mas o fator decisivo foi mesmo a paixão pelo vovô Maurilo.

Sempre muito correto, vovô Maurilo procurou o Cunha oferecendo-se para reembolsar todas as despesas que ele havia tido com a casa. Cunha recusou-se terminantemente a aceitar um centavo sequer. Queria apenas que vovó fosse feliz. Por carta, Dona Leocádia também desejou felicidades.

Maurilo e Geralda casaram-se em 1932. Tiveram 12 filhos, sendo que quatro morreram ainda bebês. Os outros oito seguem vivos até hoje: Levi, Luís, Galba, Hugo, Otto, Iara, seu avô Nilo e Maria das Graças. Viveram uma vida feliz e abençoada.

Em 1974, fiquei com eles alguns meses no sítio do Arrozal. Vovô Nilo e vovó Wanda foram para o Japão e me deixaram ali, com os tios todos, a Dinha (que você ainda não conhece), o seu biso Maurilo e a sua bisa Geralda. Fazia tanto tempo que eu não via o vovô Nilo que comecei a chamar Tio Levi de pai.

Quando queria alguma coisa, eu dizia assim: “faz batata frita pra ele, faz Dinha.” E a Dinha fazia uma bacia de batatinhas fritas que eu levava para a janela e ficava sentado, de banho tomado, olhando as pessoas passarem. Oferecia batatinha frita para todo mundo, perguntava se já tinham tomado banho ou se queriam ser meu pai.

Brincava no quintal e quase sempre me tiravam de lugares onde havia cobras. Entrei no meio da boiada, brinquei com o Duque, ia no riachinho no fundo do lote e fiquei um tempão sem cortar o cabelo. Anos depois morei de novo com vovó Geralda, mas dessa vez eu tinha 16 anos e já estávamos em Belo Horizonte. Foram dois anos que passamos no velho apartamento do São Bento, quando a barragem do Santa Lúcia era só um monte de mato.

Como você vê, Sophia, vovó Geralda tem uma história linda e é muito importante na vida do papai. Por isso eu fiz tanta questão e fiquei tão feliz que você tivesse o sobrenome Musetti. Tenha muito orgulho dele, porque é uma homenagem a uma pessoa maravilhosa.

Só mais uma coisinha: ainda hoje, com 96 anos e já bastante debilitada, vovó pede a Deus paciência, coragem, saúde e que seus filhos continuem sendo o que sempre foram: bons filhos. E eu não consigo ver pedido melhor para fazer a Deus quando penso em você. Te amo, minha filha. Minha Sophia Comelli Musetti Silveira.




Direto na têmpora: You're so damn hot - OK Go

Calma, porra!

Eu usei aparelho móvel durante um ano. Sem problemas, sem stress.

Depois, com uns 15 anos, eu descobri que os dois últimos dentes do lado direito superior estavam encavalados e fui sentenciado ao aparelho fixo.

Durante três semanas ou mais, vivi com a parte interna da bochecha cortada, inchada e sangrando. Foi aí que, demonstrando toda a minha calma e resignação, eu arranquei o aparelho com um garfo e me dei alta do tratamento.

Anos depois isso me custou um dente e algumas boas centenas de reais, mas eu era jovem, inconsequente e achava que o futuro só me reservava o melhor independentemente das minhas escolhas e atitudes.

Não digo que tenha melhorado muito de lá pra cá no quesito paciência, mas aprendi que às vezes é preciso aturar os cortes na parte interna da bochecha.

Infelizmente parece que Sophia herdou de mim essa grande urgência injustificada diante de tudo e uma intolerância maior ainda à frustração. Vai passar muita raiva, mas se souber transformar isso em um rumo e não em uma reação, pode se dar muito bem.

Aliás, acho que é isso que eu desejo para 2010. Lidar de forma intempestiva contra as adversidades, mas não de forma reativa e sim de maneira a buscar uma solução.

É que na minha opinião o grande problema não é ser impaciente, intolerante com as próprias limitações ou radical em suas posturas. Mil vezes isso ao cordeirismo. O grande problema é pensar curto e não usar a energia que vem destas "imperfeições" para criar novos caminhos.

Se eu conseguir fazer isso, conto pra vocês em 2011. Quem sabe?




Direto na têmpora: Favorite thing - Replacements

sexta-feira, janeiro 15, 2010

Freak Children - menina que gira

A menina da cabeça que gira


Em voltas completas girando veloz

Num furor de trezentos e sessenta graus

A cabeça da menina de sina atroz

Parecia possuída por espíritos maus



Olhando de perto era como cinema

(uma cena de O Exorcista bem acelerada)

E a família teve um pequeno problema

Já no momento da primeira mamada



Ninguém esperava que a menina andasse

Mas ela deu os passinhos bem equilibrada

Só ficou um medinho que ela vomitasse

Porque a sala já tinha sido toda encerada



Ninguém compreendia como a menina enxergava

Com a cabeça rodando sem nunca parar

Mas mesmo correndo ela nunca trombava

E até mesmo basquete chegou a jogar



O único drama que houve de fato

Foi quando a menina resolveu namorar

Pois mesmo conseguindo o menino mais gato

A cabeça não parava pra ela beijar




Direto na têmpora: Pizza drive by - Whoremoans

Bichinhos de estimação

Nosso querido Pedro Sales (@pedrosales) encontrou no aconchego de seu lar um novo amiguinho: Esmegma, o escorpião.

Ontem ele veio brincar com a gente aqui na Tom, mas ficou ali, caladão. Só se estressou mesmo quando colocamos duas formigas e ele chegou a levantar as pinças pra mostrar o seu incômodo.

Diz o Pedro que em casa o Esmegma comeu um pernilongo, mas sei lá, ele tem jeito de quem prefere mesmo uma baratinha.

De qualquer forma, o Esmegma vai deixar saudades e só nos resta torcer para que o Pedro cuide bem do nosso amiguinho. Não se fazem mais escorpiões como aquele.








Direto na têmpora: Have you seen your mother, baby? - Rolling Stones

quinta-feira, janeiro 14, 2010

Sophia e uma pitada de Freak Children

Minha Sophia desenha um monte de pontinhos coloridos e me chama.

- Olha, papai, um monte de pontinhos.

- Que lindo, Sophia, são estrelinhas?


E ela, quase sem pensar:

- Não, eu ainda não decidi o que vai ser.


____//____

Sophia ganhou, no dia 5 de janeiro, um peixinho daqueles beta. A tia avisou logo que o peixinho era muito delicado e que poderia morrer rápido, para a minha Sophia não ficar triste se isso acontecesse.

Chegando em casa, eu e Fernanda reforçamos o conselho e avisamos que o bichinho poderia mesmo morrer de uma hora pra outra.

Hoje, o peixinho já estava mais pra lá do que pra cá, mas a baixinha não parecia muito preocupada. Aí a Lílian veio contar pra gente que, diariamente, desde que o peixe chegou lá em casa, Sophia chega perto do aquário e fica falando com o beta.

- Você ainda não morreu não, peixinho? Quando é que você vai morrer, hein?



____//____

Para fechar o post, mais um freak children ilustrado pelo Rogério Fernandes.






Direto na têmpora: Those to come - The Shins

Pro inferno

Pat Robertson é um imbecil. Ele também é advogado, pastor pentecostal e ex-candidato à presidência dos Estados Unidos, mas nada disso tem importância diante do fato de que ele é um gigantesco imbecil.

Para Pat Robertson, o Haiti fez um pacto com o diabo para escapar do jugo francês e é por isso que, há 200 anos, as pessoas daquele país estão condenadas a sofrer e a viver em meio à miséria.

Os 100 mil mortos do último terremoto, por exemplo, estão apenas pagando o preço por um pacto com o diabo feito por seus ancestrais. Se alguns voluntários morreram também, são apenas uma casualidade mínima, um bônus para o cramulhão.

Pat Robertson acredita ainda que a República Dominicana tem seus resorts e uma economia melhor do que o Haiti, mesmo as duas dividindo uma única ilha, porque não fez o tal pacto. Logicamente, o grande imbecil acha que o fato dos dois vizinhos terem sido colonizados por países diferentes não tem nada a ver com o peixe.

No discurso de Pat Robertson não há espaço para o respeito à dor, solidariedade ou mesmo perdão. Naquela mente mesquinha e limitada, cabe apenas a punição por uma suposta escolha de uma população inteira há mais de dois séculos.

Como eu disse, Pat Robertson é um imbecil dos grandes. E é bom saber que ele acredita no inferno, porque se tal lugar realmente existe, o lugarzinho dele está bem guardado por lá.




Pat Robertson mostrando a uma repórter porque faz parte da escória humana.




Direto na têmpora: You Mean Nothing To Me - Jay Reatard

quarta-feira, janeiro 13, 2010

Minha menina

Menina, para de pular.

Menina, chega de correr.

Menina, deixa de gritar e vem aqui.

Vê se sossega, menina, que o tempo do seu pai nessa vida é curto e ele precisa de você quieta, paradinha, assim, insuspeita de tanto beijo que ele quer te dar.

Agora vai e segue, menina. Pula, corre, grita e gira sem sossego, porque seu tempo é sem fim, e não há beijo nesse mundo, nem mesmo do seu pai, que te possa segurar.








Direto na têmpora: Library date - Purse Snatchers

Quer mais Freak Children? Não? Toma assim mesmo.

A garota vegetal


Não se sabe se foi agrotóxico ou fato normal

Que gerou uma menina de imagem tão torta

Talvez praga de gente com inveja mortal

Talvez por ter sido concebida na horta



Do lado esquerdo do peito nasceu um repolho

E atrás da orelha uma folha de couve

Brotou um morango em cada olho

Menina tão estranha aqui nunca houve



A mãe e o pai, vegans assumidos

Sentiam enorme orgulho por dentro

Chegaram mesmo a ficar convencidos

Porque o hálito dela cheirava a coentro



Mas o destino pode ser de uma maldade danada

(naquela família com certeza ele foi)

É que a garota vegetal detestava salada

E preferia um sangrento e bom bife de boi




Direto na têmpora: DD don't like ska - Voodoo Glow Skulls

terça-feira, janeiro 12, 2010

África do Sul

Acho que já mencionei antes no Pastelzinho que minha viagem de lua-de-mel começou pela África do Sul. Pois ontem, assistindo ao bom filme Invictus (sobre rugby e com Morgan Freeman no papel de Mandela), não pude deixar de lembrar da nossa visita e do absurdo que foi o Apartheid.

Mandela foi eleito presidente em 94 e eu e Fernanda estivemos lá em 2002, ou seja, a questão racial já havia avançado oito longos anos. Mesmo assim, contando com a boa vontade da minha memória (que anda piorando por causa da internet, segundo a Fernanda e a Veja), vou tentar lembrar algumas das impressões que tivemos.

Era interessante ver que todos falavam inglês, mas que a grande maioria dos brancos assumia não falar zulu, enquanto q quase totalidade dos negros falava afrikaans. Acho que ainda havia dois hinos na época, mas não tenho certeza.

Diziam também que os brancos que por algum motivo ficavam na miséria se recusavam a mudar para as favelas de Soweto (acho que era Soweto mesmo), mas os bairros "sofisticados" recebiam bem os negros.

Fora isso, a quantidade de imigrantes de outros países africanos atraídos pela melhor condição financeira dos vizinhos era assustadora. Inclusive não era raro ver pessoas falando em português devido à grande quantidade de moçambicanos e angolanos.

Só conhecemos Joanesburgo, Sun City e algumas atrações turísticas como safari fotográfico em parques de vida selvagem. Por estarmos em meio a uma viagem de turismo, não prestamos assim tanta atenção nas questões sociais, mas foi uma experiência memorável.

Não estarei na Copa, mas torço para que quem vá encontre um país igualmente lindo, igualmente rico culturalmente e cada vez mais bacana para os que vivem lá.




Direto na têmpora: Sleeping on the sidewalk - Queen

Promessas, promessas

Trabalhando com publicidade a gente sabe muito bem que certas promessas dos anunciantes não serão cumpridas.

Às vezes basta olhar o pedido para saber que, por mais que o cliente jure de pés juntos que aquilo é verdade, iremos anunciar algo que muito provavelmente não passa de balela. Eu mesmo já redigi uma carta assinada pelo presidente de uma empresa que prometia a seus principais clientes um determinado benefício e terminava com "pode acreditar". Um ano depois e, é claro, o prometido não chegou a 60% de ser cumprido.

Não discuto aqui se há má fé por parte do empresário ou se essas coisas não passam de erros de cálculo, mas na grande maioria das vezes o consumidor esquece o prometido e fica tudo por isso mesmo. O problema é quando a promessa é quebrada ao vivo e cai no youtube. Aí sim, o imbróglio fica bem mais complicado. Saca só.








Direto na têmpora: Sure shot - Beastie Boys

segunda-feira, janeiro 11, 2010

E segue a saga dos Freak Children

Mais duas ilustrações do Rogério Fernandes pros Freak Children.












Direto na têmpora: Dope Nose - Weezer

Sophia e Calvin

Eu fiz! Tá certo que como cada foto rolou em no máximo dois cliques e minha Sophia estava indo dormir, a coisa não ficou 100%, mas eu achei duca mesmo assim. Dois de meus ídolos juntos!



Faça o seu também. Eu e Sophia curtimos.




Direto na têmpora: Twenty Flight Rock - Eddie Cochran

sexta-feira, janeiro 08, 2010

Os próximos 10 anos

O jornal The Philadelphia Inquirer fez uma pesquisa com crianças abaixo de 13 anos para saber como seriam os próximos 10 anos.

Eu colei abaixo os meus favoritos, mas para ver a lista completa clique aqui.



I think there will be a robot who will be able to clean my room, brush my teeth, tuck me in at night, read me stories, and find a soft place for me to sit.
Sarah Carr, 4
Plymouth Meeting


People will be friendlier because they can talk to each other on more than one phone.
Morgen Zighelboim, 5
Huntingdon Valley


I think all of the animals will be dead in 10 years because America is polluting too much. People who aren't married won't have dogs, cats, fish, or any other type of house animal.
Lexi Schommer, 8
Penn Valley


I think in 10 years there will be a device that makes monkeys talk to you in English. It will be the next big hit in the U.S.
Justin Nachman, 8
Wynnewood


In 10 years you will see monkeys wearing dresses and being maids.

Jamila Rumph, 9
Ardmore


Robots will take over the world. They will have lasers.
Jacob Eiseman, 9
Penn Valley


We will have a trombone case that has wheels, so I don't have to carry it all the time.
Jonny Ford, 12
Malvern




Direto na têmpora: Velvet snow - Kings of Leon

A Teoria do Crepúsculo

Antes de mais nada, é bom esclarecer que não fui ver Crepúsculo e nem Lua Nova não por preconceito, mas apenas por falta de interesse.

Em segundo lugar, eu fui apresentado a esta teoria por Marcus Barão (@marcus_barao) um dia desses aqui na TOM.

Em terceiro lugar, foram o Raphael Crespo (@raphaelcrespo) e a Sabrina Crespo (@SabrinaCrespo) que pediram para que eu dividisse com vocês a teoria, ou seja, é praticamente uma ordem. Sendo assim, vamos a ela.

Pelo que me contaram, o amor entre Bella e Edward é 98% platônico. Ele é louco por ela, ela é louca por ele, mas as coisas têm que ser meio distantes pelo fato do caboclo ser um vampiro.

É só abracinho leve, porque qualquer beijo na boca mais animadinho, qualquer roça-roça, qualquer sem-vergonhice pode resultar num acesso de sanguinolência do mocinho e em uma consequente chupada assassina (no sentido nosferático).

Resumindo, a mensagem que o filme passa para as meninas é: sexo mata. Mão naquilo? Mata também. Aquilo na mão? Mata demais! Boca naquilo e aquilo na boca? Ô, se mata. E se bobear até boca na boca tá arriscado a terminar em óbito.

Ou seja, estou encomendando hoje (não via Submarino, obviamente), o filme Crepúsculo. E minha Sophia vai assistir diariamente até entender que o Convento das Carmelitas Descalças é um ótimo lugar para que ela possa viver segura e feliz até, digamos, seus 38 anos.

E viva os vampiros vegans!




Direto na têmpora: It's a crime - Casiotone for the Painfuly Alone

Maurilão, o juvenil

Eu acompanho o basquete da NBA pelo menos desde 1986. De lá pra cá eu já vi de tudo. Já vi Isiah Thomas marcar 16 pontos nos últimos 94 segundos de um jogo, já vi Reggie Miller virar um jogo marcando 8 pontos em 11 segundos, já vi Kobe Bryant marcar 81 pontos em uma única partida.

Mesmo já tendo visto tudo isso, na última quarta-feira eu fui dormir com 0,6 segundos no relógio em um jogo que os Celtics perdiam por dois pontos. Na verdade, com 5 segundos de jogo o Boston perdeu uma bola e a chance de vencer a partida, colocando a equipe dois pontos atrás com apenas 0,6 segundos no cronômetro.

Dormi com a certeza de que a partida havia sido perdida e ontem, quinta-feira, nem acessei o site da ESPN para não passar raiva.

Hoje, li as notícias e achei esse vídeo que serve para mostrar que na NBA a máxima "só acaba quando termina" é cada vez mais verdadeira. Enjoy!






PS - Pra piorar, os Celtics ainda venceram o jogo na prorrogação e eu lá, dormindo.




Direto na têmpora: The rising tide - Sunny Day Real Estate

quinta-feira, janeiro 07, 2010

Justiça

Luciano Farah está nas ruas. Para quem não se lembra, Luciano Farah foi aquele empresário dono da Rede West de postos de gasolina que adulterava combustíveis e, sentindo-se perseguido pelo promotor Francisco Lins do Rêgo, fez o que qualquer cidadão racional faria e mandou matar o cabra.

Além disso, Farah matou também, na mesma época, um rapaz que assaltou um de seus postos, o que não deveria surpreender ninguém. Para Farah, grana é um negócio muito mais importante do que a vida.

Fosse Farah um pé de chinelo e provavelmente a pena de 21 anos seria cumprida na íntegra, sendo ele quem é, está nas ruas beneficiado pela progressão de pena. As duas pessoas que Farah orientou a cometerem o homicídio, por exemplo, continuam cumprindo pena em regime fechado.

Nada contra o regime semi-aberto, que é um importante instrumento de reintegração do presidiário à sociedade. Também não acho que Farah represente risco ao cidadão comum, a não ser é claro que você tenha qualquer tipo de interferência sobre os negócios dele.

Ainda assim não estou convencido de que tenha sido uma decisão justa, até porque existe uma diferença enorme entre o que é legalmente correto e o que é justo. Luciano Farah se junta aos filhos de empresário que atropelam famílias de trabalhadores e vão estudar no exterior, aos playboys que queimam índios e tomam cerveja nos botecos durante o regime semi-aberto.

Em casos como estes, a "leveza" da justiça não educa, não é humana, não redime. O que ela faz é ensinar que o preço de uma vida varia e, se bem negociado, pode sair muito baratinho.

Como já disse, para Farah, grana é um negócio muito mais importante do que a vida. E a justiça brasileira vem dando pinta de que concorda com ele.




Direto na têmpora: Sex Bomb - Tom Jones

quarta-feira, janeiro 06, 2010

Submergir! Submergir!

No dia 20 de dezembro eu pedi um livro, dois joguinhos de Wii e um Pula Pirata para a Sophia através do Submarino.

De lá pra cá eles adiaram a entrega dos produtos, cancelaram a entrega dos joguinhos de Wii mesmo tendo autorizado a compra junto ao cartão de crédito, tentaram a primeira entrega em um domingo, ignoraram meu aviso de que não haveria ninguém em casa no dia da terceira tentativa de entrega, avisaram que o pedido voltaria ao estoque e disseram que eu precisaria esperar para cancelar a compra.

Quando eu achei que estava tudo resolvido e já havia desistido, até por recomendação do próprio Submarino, da compra, surpresa! Entregaram o livro e o Pula Pirata anteontem mesmo tendo avisado que não haveria mais tentativas.

Agora, para colocar a cereja no bolo da incompetência recebo, dois dias depois dos produtos terem chegado à minha casa, o seguinte email:

"Informamos que seu pedido 000000000 está em processo de devolução devido Ausência do destinatário no ato das três tentativas de entrega. Desta forma, retornará ao nosso Centro de Distribuição e após a confirmação de chegada em nosso estoque, providenciaremos o cancelamento e posteriormente o reembolso ou reenvio.

Pedimos gentilmente que aguarde a confirmação desta devolução através de seu e-mail.

Permanecemos a sua disposição para mais esclarecimentos.

Ter você a bordo será sempre um imenso prazer para nossa tripulação!

Atenciosamente,
Xxxxxxxxxxxx Xxxxxxxxx
BackOffice Delivery Submarino
www.submarino.com.br
"


Minha resposta não poderia ser outra:

"Xxxxxxxxxxxxx,

não me surpreende receber este email devido à desorganização que o Submarino vem mostrando ao longo deste pedido. Foram várias confusões de informação entre equipe de entrega e equipe de atendimento Submarino, além de atrasos e um total descaso dos atendentes via telefone.

O fato é que o pedido já foi entregue, o livro já foi lido e o brinquedo (que eu já havia comprado novamente em outro lugar) já foi até dado para outra criança.

Foi realmente um prazer encerrar minha última (definitivamente a última) compra com o Submarino com esse leve toque de humor por parte de vocês.

Grande abraço,



Maurilo
."




Direto na têmpora: Over it - Dinosaur Jr

terça-feira, janeiro 05, 2010

A menina de asas ilustrada

Mais uma ilustração do Rogério Fernandes para o projeto Freak Children. Eu achei que ficou duca.







Direto na têmpora: The first big weekend - Arab Strap

O fim da blogosfera

Eu queria ter um blog sobre marketing político, um blog sobre minhas opiniões políticas, um blog sobre meus projetos literários, um blog sobre meus projetos literários infantis, um blog sobre internet e redes sociais, um blog sobre a Sophia e a Fernanda, um blog sobre música, cinema e cultura em geral, um blog só de casos e memórias, um blog sobre basquete e um blog só com bobagens.

Infelizmente ia faltar leitor, tempo e assunto, por isso eu continuo só com o Pastelzinho.

A verdade é que embora eu ainda goste muito e tenha prazer em trabalhar com publicidade, meus interesses cada vez variam mais e o lugar que me permite lidar com todos eles e expressar o que penso sem precisar mudar radicalmente de vida é o blog.

E o pior é que já andam declarando o fim da blogosfera.

De qualquer forma, continuamos aqui, falando de tudo um pouco e usando como arquivo de um monte de coisas que antes se perderiam em alguma pilha de papel ou hd velho. Sendo assim, vai aí mais um repost de algo que tive que tirar do ar por causa do concurso literário.


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O menino que não acreditava no ar


"Se eu não pego, não mordo, não vejo e não cheiro, é porque ele não existe". Era assim que o menino dizia e ninguém o convencia de que o ar realmente existia.

"Mas e o vento, menino? O que você me diz dele? O que você acha que é o vento?"

"O vento é o vento, são as árvores espirrando, não é ar, mas não é mesmo."

"E o pum? O pum tem cheiro."

E o menino retrucava:

"Tem cheiro porque é pum, se não tivesse era outra coisa. Mas ar não é."

"Mas você não respira, menino? A gente respira é ar."

"É nada, papo furado, conversa mole. A gente enche e esvazia o peito é por causa do pulmão, não tem nada a ver com o ar, não."

E não havia fato que houvesse, professor que ensinasse e mãe que jurasse que convencesse o menino.

Um dia entrou na escola, bem na sala do menino, a menina mais bonita do mundo (ou pelo menos do bairro).

Tinha um olhar tão doce, um sorriso tão gostoso, que nem tinha passado um minuto e o menino não via mais nada. Ficou ali olhando pra ela, cara de bobo, coração disparado e ficou tão apaixonado que esqueceu de respirar.

De repente levou um susto, estava roxo, engasgado, sentindo falta de ar. A menina preocupada o socorreu, abanou, pegou no braço, deu até beijo na boca pra ajudar a reanimar. Ficaram se olhando um tempinho, ele quase desmaiando por causa daqueles olhos (ou do oxigênio, sei lá) e passados poucos dias resolveram namorar.

E depois daquele dia, o menino acreditou nessa história de ar, sem nunca duvidar de nada. O ar era fato de fato, disso não duvidava, mas preferia ficar sem ele, ficar roxo, bambo, abobado, preferia cair desairado, do que perder a namorada.




Direto na têmpora: Leavin' - Mad Caddies

segunda-feira, janeiro 04, 2010

Pequenas Tragédias Cotidianas está de volta

O regime estava funcionando. Já havia perdido sete quilos e agora faltavam apenas quatro para atingir o seu objetivo. Estava mais confiante, os homens a olhavam de outra forma e mesmo no trabalho seu desempenho parecia melhorar com o ganho de auto-estima.

O segredo, acreditava ela, era uma combinação de força de vontade e da granola da dona Neide. Comia a granola misturada com o iogurte natural pelo menos quatro vezes ao dia. O produto vinha em um saquinho azul escuro que ela despejava diretamente no iogurte e mexia vigorosamente, acreditando piamente em seus efeitos milagrosos.

Certa manhã, logo antes de sair de casa, sentiu algo extra-crocante na colherada. Olhando para o potinho de iogurte, percebeu um objeto imóvel que parecia levemente com algum inseto.

Guardou o conteúdo na bocheca, sem engolir, enquanto retirava a evidência com a colher e examinava cuidadosamente. A conclusão era inequívoca: uma pequena barata. Ou melhor, metade de uma pequena barata.

O impulso imediato foi cuspir o que estava em sua boca e ligar para dona Neide dizendo poucas e boas. Correu para pia, mas no último instante reparou na calça 40 que a aguardava sobre a cadeira. Ficava sempre ali para lembrá-la de que o sacrifício logo, logo traria frutos. Sua meta a olhava desafiadora como se dissesse "uma baratinha? Vai desistir de mim por causa de uma baratinha?".

Seu coração acelerou. Pensou no número de telefone que havia passado para o mocinho da boate, lembrou-se da cara de inveja da chefe e, encarando a calça tão sonhada, engoliu a colherada que ainda retinha na boca.

Com os olhos fechados, continuo comendo como quem medita. Ia valer a pena. Um dia, tudo aquilo ia valer muito a pena.




Direto na têmpora: Champagne Supernova - Oasis

Rimarinhas na íntegra

Bom, seguem aí todas (ou quase todas) as Rimarinhas enquanto não tenho novidades sobre o assunto. Algumas já estiveram por aqui, mas fui forçado a tirar por causa do malfadado concurso literário da prefeitura.



Água viva

Água viva ficou noiva de um peixinho colorido
Deu um beijo, deu um choque, lá se foi o seu marido



A curiosidade matou o peixe

Esse peixinho no seu prato era muito curioso
Foi atrás de uma minhoca sem saber se era gostoso



Comilança

A foca não é peixe, nem o pingüim ou a baleia
Mas o tubarão nem liga: entrou na água vira ceia



Camarão

Nenhum peixe lá do mar acha o camarão bonito
Eles nem sonham o sucesso que ele faz quando está frito



Leão

Se o tubarão fosse da terra, seria um leão perfeitinho
Por que será que não é ele que se chama leão marinho?



Polvo

O polvo tem oito braços, mas eu nem sei se ele tem boca
Bicho bacana é assim: muita ação, conversa pouca.



Prateado

Dos peixinhos prateados eu nunca soube o nome
Quando eu começo a aprender, vem um peixe grande e come



Apelidos

O hipocampo, veja só, agora é cavalo-marinho
Se o nome dele fosse Antônio, ia acabar virando Toninho



Enguia

O nome enguia,
Quem diria,
Não vem de esguia
Mas devia



Arraia

Sempre que olho a arraia tenho uma duvidazinha à toa
Quando bate asas na água ela nada ou ela voa?



O homem

O homem quando se mete, confunde a cabeça do bicho
Eu já vi uma água viva amando um saco de lixo



Sereia

Meio peixe e meio gente, a sereia é coisa rara
No mar acham lindo o rabo, na terra preferem a cara



Bacalhau

Não cumprimentei o peixe, mas juro, não foi por mal
É que eu nunca tinha visto a cara do bacalhau



Golfinhos

Golfinhos nadam depressa, velozes como o quê
Acho que eles vão correndo ver o Flipper na TV



Tartaruga-marinha


Tem casco igual a cavalo, tem bico que nem galinha
Mas não é bicho de fazenda, é tartaruga-marinha



Aquário

O aquário da minha casa é um mar pequenininho
Tem peixe, tem caranguejo, só não tem pescadorzinho



Pelicano

O pelicano abre o bico e engole água com peixe e tudo
O albatroz com seu biquinho, diz: "que bicho mais sortudo"



Peixe-espada

No aniversário da peixe-espada foram todos os peixinhos
Baiacu saiu furado quando foi dar os três beijinhos



Peixe-voador

A turma dos peixes-voadores é uma bagunça danada
Na água eles são cardume, no ar são revoada



Caranguejo

Uma pergunta sobre o caranguejo pra quem é muito inteligente
Se pra ir em frente ele anda de lado, pra ir de lado ele anda pra frente?



Linguado


O linguado
todo achatado
no mar vive deitado
na mesa, morre assado



Papagaio-marinho

O papagaio-marinho nunca, nunca dá o pé
Deve ser medo de cair, por causa da maré



Rêmora

A rêmora sempre anda pertinho do tubarão
Se alguém procura briga, ela tem um amigão



Baleia

A ópera do mar está sempre de casa cheia
Todo mundo quer ouvir o lindo canto da baleia



Alga

Quando as algas dão na praia a gente diz "que sujeirada"
Mas se pros homens é sujeira, pros peixes é salada



Ouriço

Bom amigo, educado, pronto pra qualquer serviço
Mesmo assim, pobrezinho, ninguém abraça o ouriço



Sardinha

Esse mar é muito grande, reclamava Dona Sardinha
Hoje ela anda bem calada, apertada na latinha



Cril

O cril é pequenino, curtinho até no nome
Mas sem esse miudinho, a baleiona passa fome



Onda

Já viu onda debaixo d'água? Pois vou te dar uma pista.
Tem tubo, tem marola, tem até peixe surfista.




Direto na têmpora: Gloria - Them

É nóis de novo

Ontem assisti um dos filmes pelos quais esperei mais ansiosamente: "Onde vivem os monstros". Eu já tinha duas cópias do livro, uma em inglês pra mim e uma em português para a Sophia, mas o filme prometia. E cumpriu.

O menino ator Max Records é um show, os monstros são excelentes e Spike Jonze conseguiu adicionar profundidade e emoção a uma história curtíssima. O filme consegue ser ao mesmo tempo grandioso e singelo, deixando a gente com a certeza de que ainda existe um jeito de viver sendo criança, não importa a vida que tenhamos.

O único porém é não poder levar a minha Sophia, porque a história do filme é bem mais densa em certos pontos. Acho que acima de 8 já rola numa boa, mas com 4 anos ela não ia curtir. Tirando isso, perfeito.

E já que mencionei a minha Sophia, seguem algumas pérolas dela nesse 2010 que mal começou.


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Sophia mostra um casalzinho de bonecas para a mãe.

- Olha, mamãe, eles são namorados.

- Namorados? Mas eles não são muito novos para namorar?

- Papai, com quantos anos menino pode namorar?

- Com 38, filhinha.

- E menina?

- Ah, menina é com 39.


Tomara que ela tenha acreditado.


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- Sophia, papai vai colocar algumas moedas no cofrinho para você, tá?


Decepcionada com o reduzido volume monetário depositado, Sophia pede:

- Papai, depois você compra mais moedas pra colocar no cofrinho?


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E essa última foi anteontem de madrugada e me cortou o coração. Minha Sophia acorda chorando e pede pra dormir na nossa cama pela primeira vez em sua vida. Deve ter sido um puta pesadelo e eu fui tentar acalmá-la.

- Você tá com medo, Sophia?

- Tô.

- Mas você tá no seu quartinho, papai e mamãe estão aqui do lado, não precisa ter medo.

- Mas eu tô com medo.

- Mas medo por que, bonequinha?

- Porque eu não tenho muita coragem.


Pronto, já fez o pai desabar.




Direto na têmpora: Dull Life - Yeah Yeah Yeahs

sexta-feira, janeiro 01, 2010

O primeiro presente de 2010

Estava na cozinha com Fernanda quando Sophia chamou.

- Papai, mamãe, eu escrevi meu nome sozinha!

E assim eu ganhei o meu primeiro e emocionante presente de 2010.



E na minha cabeça ela já vai ser uma grande escritora ;)




Direto na têmpora: Fake Empire - The National