terça-feira, novembro 30, 2010

João Ganhão

João Ganhão era um menino que não sabia perder.

No futebol, na bolinha de gude, no par ou ímpar, até mesmo na sala de aula, bastava alguém fazer alguma coisa melhor do que ele que o João Ganhão ficava louco e saía gritando, brigando, com raiva de todo mundo.

Por conta desse jeito esquisito, ele ficava cada vez mais sozinho. Também, quem ia querer brincar com um menino que não aceitava perder?

Pensando bem, era mesmo muito triste: ele que só queria ganhar acabava perdendo amigos, perdendo a diversão, perdendo a cabeça, perdendo a razão.

Mas tinha jeito de explicar isso pro João Ganhão? Não tinha. Era só alguém começar a falar que ele explodia:

- Vocês falam isso só pra ganharem de mim, mas eu sou o melhor em tudo, viu? EU SOU O MELHOR EM TUDO!!!

E a pessoa, pra ñao acabar brigando, ficava quieta e se afastava.

Só que um dia aconteceu uma coisa (e como acontece coisa nessa vida) que pegou o João Ganhão de surpresa. Apareceu na sala a menina mais linda que ele já tinha visto. Era uma menina moreninha, bem sorridente, dos cabelos cacheados e do narizinho bonitinho.

Assim que ele olhou pra ela, teve um frio na barriga e ficou vermelho, vermelho. Daquele dia em diante, tudo o que ele queria fazer era impressionar a garota.

Só que o único jeito que o João Ganhão conhecia para impressionar os outros era ganhando.

Por isso, se ela começava a caminhar para a fila da lanchonete, ele corria e entrava na frente. Se ela ia responder a uma pergunta na aula, ele levantava e respondia antes. Se ela estava jogando queimada ou vôlei ou brincando de pique-pega o João Ganhão entrava no meio e saía avacalhando tudo, tentando vencer de qualquer jeito.

E quanto mais ele se esforçava, mais distante dele a menina ficava.

Um dia o jardineiro da escola, que vinha reparando o João Ganhnao e a menina há muito tempo, chamou ele pra conversar.

- Tá triste, João?

- É... um pouquinho.

- Mas por quê? Eu tenho olhado você e nunca vi você ganhar tanto aqui na escola. Todo jogo que começa você vai lá e ganha. Não é disso que você gosta?


O João Ganhão, que não sabia o que responder ficou calado e olhando pro nada. Até que de repente apareceu lá longe a menininha linda e ele ficou vermelho na hora.

O jardineiro percebeu e então falou:

- Olha, João, eu vou te dar uma dica. Sabia que às vezes a gente acha que está ganhando, mas na verdade está é perdendo feio?


O menino olhou pra ele sem entender.

- Ó, por exemplo, tá vendo aquela menininha ali?


João abaixou os olhos sem graça.

- Pois é, quando ela chegou na escola, ela era louca por você, sabia? Todo mundo notava como ela olhava pra você. Pra falar a verdade, eu nunca vi ninguem tão apaixonado assim, sabia? Mas aí, o tempo foi passando e ela mudou, não mudou?

João abaixou a cabeça ainda mais.

- Pois é, será que pra ela nem tudo precisa ser uma briga, uma competição, uma disputa?

João Ganhão olhou pro jardineiro e saiu sem falar nada. Trancou-se no banheiro e alguns colegas juram que ouviram ele chorar até cansar.

No dia seguinte, a menininha estava chegando na fila do lanche e lá veio o João Ganhão correndo. Ela se encolheu toda e já estava pensando como aquele menino era mal educado quando ele parou, fez um sinal com o braço e deixou ela passar na frente dele.

- Tem certeza? - perguntou a menininha linda.

- Tenho - respondeu João - pode ficar na minha frente. Eu nem ligo de ficar em segundo...
Foi uma surpresa para todos. O João Ganhão mudou! Continuava disputando jogos, brincando, mas nem se importava mais com o resultado. Agora ele se divertia muito mais e a turma toda gostava dele outra vez. Até namorada (você sabem quem, né?) o João Ganhão arranjou.

E a partir daquele dia, o João Ganhão passou a ser só João. Um menino bacana, feliz, cheio de amigos que descobriu que quando a gente aprende a perder, a gente só tem a ganhar.




Direto na têmpora: Mimizan - Beirut

segunda-feira, novembro 29, 2010

Doce de figo

Você sabe que um doce é bom quando ele desperta a cobiça e leva ao crime. Minha bisavó Maria Neves foi uma das maiores doceiras de Ouro Preto, além de ser minha madrinha e fazer os famosos (na família) "biscoitos de Maurilo".

Mas o que fazia a fama da minha bisavó mesmo era o doce de figo. Sequinhos por fora e molhadinhos por dentro os doces de figo da vovó Maria eram realmente um caso de polícia.

A coisa era tão séria que quando ela colocava os doces para secar na janela estudantes, vizinhos e até mesmo um carteiro chamado Sr. Jardim não resistiam e roubavam alguns.

Falei isso tudo porque hoje já me aconteceram duas ou três coisas que me encheram bastante o saco e eu daria tudo - ou quase tudo - por uma caixa de doces de figo feitos por Dona Maria Neves para me ajudar a passar a tarde.

Se eu tento resolver minha ansiedade com doces? Hell yeah!




Direto na têmpora: Costume party - Two Door Cinema Club

sexta-feira, novembro 26, 2010

Mais uma leva

Olha só, a minha parte havia se esgotado, mas consegui com a editora mais uma leva dos meus livros (ilustrados pelo Rogério Fernandes) Estranhas Histórias e Todas as Estrelas do Mundo.

Para quem não conhece, são livros infantis que você encontra em Belo Horizonte na livraria Corre Cutia, na Mineiriana, Quixote, Scriptum e Leitura e no Brasil todo pelos sites da Livraria Cultura, Livraria da Travessa e Argvmentvm.

Pois bem, tenho alguns exemplares comigo e vendendo pelo preço promocional de R$ 20,00 (vinte reais), além da dedicatória, é claro.

Se quiserem comprar os livros, comentem aqui ou mandem email para mauriloandreas@gmail.com.




Direto na têmpora: Come out to play - UB40

Cartões de natal

A primeira peça publicitária que eu fiz foi um catálogo para leilão de gado pardo-suíço. O cliente era o pai de um colega de turma na faculdade que, obviamente, era também o meu dupla na empreitada.

Como profissional (não vale estagiário), meu primeiro trabalho foi um cartão de natal para uma construtora. E depois dele, vieram centenas de outros cartões para dezenas de outras empresas.

A verdade é que cartões de natal sempre vão fazer parte da vida de um redator e de um diretor de arte. Vai chegando novembro e eles começam a aparecer. Briefings semelhantes, prazos reduzidos e você louco pra poder se dedicar ao megajob com mídia nacional em tv, mas preso por aquela pecinha que normalmente vai pro lixo assim que é recebida.

Por isso, se você está começando em publicidade, fica a dica: prepare-se. Principalmente nos primeiros anos, para cada campanha legal na sua pauta vão existir 10 cartões de natal e mais 10 folhetinhos.

Parece ruim, mas a verdade é que fazer cada um deles bem feito é o que vai trazer mais campanhas legais para você. Um dos maiores elogios que recebi foi de uma Diretora de Criação (grande agência de BH) que disse "o bacana é que você sempre tira alguma coisa legal para um pit que ninguém dava nada por ele".

E a partir daí eu ganhei confiança para fazer coisas cada vez maiores e melhores.




Direto na têmpora: Bye Bye Bayou - LCD Soundsystem

quinta-feira, novembro 25, 2010

Repost

Meu pai achou esse textinho que fiz há muito tempo e resolvi repostar pra quem não conhece.


Aos pais.

O milagre se fez carne em tua barriga.
Em breve irá chorar.
Trará consigo fezes, urina e a imensa esperança de que sejamos melhores do que até hoje ousamos ser.
Nos provará frágeis e assim nos tornará gigantes.
De fruto far-se-á árvore.
E desse milagre brotaremos.
Novos, outros, nós.





Direto na têmpora: Nine in the afternoon - Panic! At The Disco

Mostre sua paixão

A vantagem de ter um blog é poder se vender como alguém melhor do que se é.

Eu não falo aqui que às vezes perco a paciência com a Sophia, que de vez em quando sou uma besta no trânsito, que já fiz muita cagada, que trato algumas pessoas pior do que elas merecem.

Ainda assim, o blog também é uma forma de falar sobre as coisas que me apaixonam. Eu adoro poder escrever sobre as coisas que me fazem feliz e fico extremamente satisfeito quando percebo que isso toca outras pessoas também, mesmo que elas discordem. A discordância não me incomoda, eu acho o debate uma das melhores coisas já adotadas pelo ser humano, já a indiferença me preocupa.

É lógico que todo mundo é indiferente a algo, mas eu desconfio muito de quem vive sem uma grande paixão, seja ela qual for. Quem não se move, quem não se envolve, quem não se expressa não impacta, não transforma, não se relaciona de verdade.

Prefiro mil vezes o lobo ao cordeiro. Mesmo a pior ação traz em si o benefício de gerar uma reação positiva em sentido oposto.

Talvez sua paixão não tenha nada a ver com a minha, talvez ela inclusive me irrite, mas pode estar certo de uma coisa: eu respeito muito mais você por acreditar firmemente em algo do que eu faria se você fosse um mosca-morta.

Pra fechar, se eu posso dar um conselho, não tenha medo de falar, de demonstrar, de investir nas coisas que realmente importam para você. Foda-se se perder amigos no Facebook, seguidores no Twitter, leitores no blog.

Viva o que você curte e, de um jeito ou de outro, você vai acabar encontrando gente que se interessa pelas mesmas coisas que você. Essa é a experiência, isso é o que vale a pena.




Direto na têmpora: St. Petersburg - Supergrass

quarta-feira, novembro 24, 2010

Fessô

Estou dando aulas de redação publicitária e redação em meios digitais na Faculdade Promove de Sete Lagoas para o quinto e sexto períodos. É minha segunda experiência como professor e curto demais a atividade, mesmo não sabendo se poderei continuar no próximo semestre.

E o mais engraçado de ser professor é como a gente a gente já percebe se está impactando aquelas pessoas ou não e consegue sacar que tipo de profissional eles tendem a ser.

Sempre tem aquele que acha que sabe tudo e que se imagina melhor do que o curso, os professores, os colegas, enfim, o universo em geral. Esse vai sofrer muito.

Sempre tem os esforçados que ralam o dia inteiro e ainda quererm fazer o seu melhor e não apenas pegar o diploma. Esse também vai sofrer muito, mas tem mais chance de se dar bem.

O fato é que independente do perfil, é legal ver gente investindo na formação, às vezes com dificuldade, para atuar bem em uma área que está vivendo uma mudança profunda e onde o diploma e a experiência do profissional são cada vez menos valorizados.

É bom também saber que, dentro das minhas limitações, essa é uma forma de contribuir para que esses caras tenham uma vida mais bacana e para que nossa profissão ganhe publicitários melhores.

Tomara que eu esteja ajudando mais do que atrapalhando.




Direto na têmpora: Your song - Ellie Goulding

terça-feira, novembro 23, 2010

Cócegas e passáros

Morro de cócegas no pescoço. Ontem, Sophia estava me atacando e ficamos os dois rindo um bom tempo até que ela falou:

- Ai, papai, você sente muita cosquinha...

- Sinto mesmo, Sosô.

- Ai, ai... e tem aquele país que chama Escócegas, né?

Juro que é verdade e demorei pelo menos uns dez minutos pra parar de rir.


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Sophia ama a música Passaredo do Chico Buarque. Ela presta muita atenção à letra e hoje veio me explicar.

- No começo o cantor tá alegre e falando com os passarinhos, mas aí o homem chega e ele fica sério falando pra eles fugirem... mas por que é pra fugir do homem?

- Ah, filha, o homem corta as árvores onde eles moram, prende na gaiola, atira com espingardinha de chumbinho...

- Mas os passarinhos não deviam fugir. Eles deviam gritar bem alto e ficarem juntos pra bicar o peito dos homens... e o bililiu também. 

Ela então para pra pensar um pouco e me pergunta:

- Bicada no bililiu dói muito?



Pra quem não conhece a música, tá aí.




Direto na têmpora: Do your thing - Basement Jaxx

Novos projetos

Projetinho novo que vem por aí com a fotógrafa Kika Antunes. Aguardem.






Direto na têmpora: The sun was high (so was I) - Best Coast

segunda-feira, novembro 22, 2010

Briga feia e reconciliação

Ontem eu e Sophia tivemos uma briga feia e que rendeu a ela bons momentyos no castigo. Só sei que foi durante o jogo Palmeiras e Atlético e ela, no meio de um acesso de raiva despejou uma chuva de impropérios sobre mim.

- Você é o pai mais chato do mundo! E quer saber? Você nem torce pro Galo... você torce pro Cruzeiro! Cruzeirense! Aaaaarrrrrrrggghhhhh!

Óbvio que ela foi pro quarto pensar muito depois dessa (não por causa do "cruzeirense", mas da cena em geral).

Só que Sophia é como eu e nela o ódio mortal nunca dura mais do que meia hora. Fizemos as pazes, ela chegou à janela e conversou comigo.

- Papai, aqui na cidade nem tem estrela cadente, né? Só na fazenda.

- Aqui tem também, Sophia, mas como tem muita luz na cidade e o céu tá cheio de nuvens, fica difícil de ver. Mas lá em cima elas continuam passando.

- Então você me ajuda a fazer um pedido?

- Ajudo. 
 
Ela fez o pedido dela em silêncio e depois falou:

- Você quer fazer um pedido também, papai?

- Quero.

- Então tampa bem a boquinha e fala baixinho pra eu não ouvir, tá?

Pedidos feitos, lá vamos nós.

- Papai, quer saber o que eu pedi?

- Quero.

- Eu pedi pra ser a menina mais boazinha do mundo pra gente não brigar mais...

Corta para pai abraçando a filha e afundando o rosto nos cachinhos dela para esconder as lágrimas.




 Direto na têmpora: Without your love - Roger Daltrey

sexta-feira, novembro 19, 2010

Serra dourada

O cara tem uma empreiteira e resolve dar o nome de Serra Dourada. Legal, idílico, ecológico, superbacana.

Aí ele resolve fazer a marca e escolhe como símbolo sabe o quê? Uma serra, mas não a que você está pensando.






Direto na têmpora: Barcelona loves you - I'm From Barcelona

quinta-feira, novembro 18, 2010

Vergonha zero

- Papai, você tá na agência?


- Não, filhinha, tô dando aula.


- A meninada tá fazendo muita bagunça aí?


- Tá. Mas não é meninada, não, Sophia, eles são maiores do que você.


- Eles são adultos?


- São quase.


- Papai, sabia que eu dormi hoje depois da Yoga?


- Foi, Sophie? E você dormiu muito?


- Dormi e acrescenta com voz de sapeca a mamãe tá perdida.




Direto na têmpora: Caring is creepy - The Shins

quarta-feira, novembro 17, 2010

Monteiro Lobato e os cegos que não querem ver

O aceitável é algo cultural. Há bem pouco tempo era aceitável segregar pessoas pela sua cor. Ainda hoje, excluímos pessoas por sua opção sexual. O tempo muda esses conceitos, ainda bem, mas o que é produzido em determinada época reflete a realidade daquela fatia da história. Não há como aplicar a uma obra do século XII um julgamento de valor baseado em conceito morais atuais. É ridículo, é prepotente, é falso.

Monteiro Lobato é o maior escritor infantil da história do Brasil. Suas obras refletem uma época em que a vida de uma criança ganhava sabor não graças a traquitanas eletrônicas, mas à imaginação, à criatividade, à capacidade de se transportar para mundos e aventuras impossíveis.

Querer proibir Caçadas de Pedrinho nas escolas públicas por causa do caráter racista com que Tia Nastácia é descrita pelo autor e tratada pelos outros personagens é querer negar um momento de nossa história, é revisionismo do pior gosto e é negar aos alunos a possibilidade de discutir a evolução das relações humanas a partir de uma belíssima obra literária.

Se não é função do livro proporcionar questionamento e função do professor intermediar essa percepção do aluno, então já não sei mais para que serve a leitura na escola. Se assim fosse, nunca teria lido Capitães da Areia, afinal, os meninos tentaram estuprar Dora (era Dora mesmo?) e isso não é coisa que se exponha aos alunos, não é verdade? Também nunca teria lido As aventuras de Huckleberry Finn, já que Huck fumava com apenas 13 anos.

É um absurdo questionar, proibir ou demonizar obras literárias em perfeito acordo com sua época simplesmente porque os tempos evoluíram. Não seria melhor propor uma leitura crítica do livro e preparar o professor para estimular o debate e ajudar os alunos a chegarem às suas próprias conclusões?

Enfim, é esse tipo de babaquice que me mata de vergonha e que me dá cada vez mais ódio desse mundinho politicamente correto e sem culhões no qual vivemos.




Direto na têmpora: Numb - U2

terça-feira, novembro 16, 2010

Poemete para os casais

E viver consiste, enfim,

Em cuidar segundo a segundo

E amar para que a morna rotina

Não leve você de mim




Direto na têmpora: Minha mãe me disse - Catapulta

sexta-feira, novembro 12, 2010

Só mesmo pra agradecer

A quem comprou cds, a quem torceu, a quem indicou, a quem vai participar da próxima, o meu muito obrigado. Foram 120 panetones entregues na creche Morada Nova e que irão ajudar a fazer o Natal de 120 famílias um pouquinho melhor.

Dos mais de 230 cds, restaram apenas 11 (que você ainda pode comprar a dois reais escolhendo nessa lista aqui). Além das pessoas que compraram, o Super Nosso deu um desconto para que fosse possível atingir esse total.

Hoje eu fui entregar e, de verdade, tem muito pouca coisa melhor que isso.

Obrigado de novo.


 Empacotando no Super Nosso.



 4 caixas no porta-malas...



 ...e mais 3 no banco de trás do carro.



As caixas já na creche.



E nas mãos de quem faz a diferença de verdade. Ah, o sonzinho portátil também foi doado por nós.




Direto na têmpora: Flakes - The Mystery Jets

Yoga

Há cerca de dois anos a Sophia parou de cochilar à tarde. De lá pra cá ela só dorme à noite e muitíssimo raramente sente falta do repouso vespertino.

Mas agora surgiu uma exceção. Nos dias em que ela faz yoga no Clic, a baixinha fica tão relaxada, tão tranquila, que dorme umas duas horas no meio da tarde.

E mesmo sabendo que isso significa que ela vai estar um furacão à noite, eu acho a coisa mais fofa do mundo.




Direto na têmpora: I'm gonna get stabbed - Glasvegas

quinta-feira, novembro 11, 2010

Forum das Letrinhas

Eu ontem participei do Fórum das Letrinhas em Ouro Preto. O evento foi na Tenda Cultural do Trem da Vale e contou com a presença de quase 100 crianças de quatro escolas.






Estávamos lá eu e Rogério Fernandes para falar sobre o nosso livro Estranhas Histórias quando, antes do bate-papo em si, fomos surpreendidos por uma apresentação dos alunos de artes cências da UFOP que fizeram um sketch com algumas das histórias.






Havíamos preparado uma atividade para as crianças, mas as perguntas foram tantas e a conversa tão boa que não deu tempo. Pela alegria e pela participação da molecada (que já havia recebido, lido e discutido o livro com antecedência em sala de aula) ficou a certeza de que o Fórum das Letrinhas é uma iniciativa maravilhosa, que merece mais apoio por parte dos órgãos públicos e que deveria ser replicado em diversas cidades.

E aproveitando que o assunto é esse, queria aproveitar para agradecer ao pessoal do Fórum e também às meninas da Livraria Corre Cutia que, no último sábado, me proporcionaram uma enorme alegria com o espaço aberto para a minha contação de histórias. Olha aí as fotos.










Direto na têmpora: Young americans - David Bowie

Tati em Belleville

Você assistiu "As bicicletas de Belleville"? Eu assisti e adorei.

Pois agora o Marcus Barão me deu uma dica muito bacana e indicou o trailer do novo filme do diretor Sylvain Chomet e eu vou dividir com vocês.

O filme chama-se L'illusionniste e é baseado em um roteiro do genial Jacques Tati. Quando entrar em cartaz, leve as crianças, vá, aproveite. Sylvain Chomet e Jacques Tati não deve ser nada menos que genial.







Direto na têmpora: I can't find my friends - Missing Children Gang

quarta-feira, novembro 10, 2010

Curto e rápido

Não ia dar pra postar hoje, mas deixo a frase que coloquei nas redes sociais ontem só pra marcar presença.

Pra tudo na minha vida: nao quero ser especialista, quero ser entusiasta.




Direto na têmpora: Forever young - Alphaville

terça-feira, novembro 09, 2010

Ah, os clipes do OK Go

O OK Go é uma banda que tem músicas bem legais na minha opinião. Ainda assim, é indiscutível que os clipes da banda são o verdadeiro lado foda dos caras.

Agora, eles lançaram mais um vídeo simplesmente sensacional e o tio Maurilo divide com vocês. Enjoy!



Last Leaf

OK Go | Myspace Music Videos





Direto na Têmpora: Last leaf - OK Go

Hierarquia

Eu entendo a importância da hierarquia para a sociedade e qualquer instituição funcionarem.

Eu entendo a importância de uma instância superior à qual possamos recorrer no caso de nos sentirmos prejudicados ou injustiçados de alguma forma.

Mas eu ainda acho que quem recorre ao mais alto nível hierárquico antes de tentar resolver algum problema com os seus iguais é mimado. Mimado e incapaz de dialogar, solucinar problemas frente a frente e dar ao outro o direito de argumentação.

A hierarquia é muito importante, mas não deveria nunca virar muleta de covardes.

Ah, e antes que alguém me pergunte, não aconteceu nada comigo que pudsse motivar esse post, foi só mesmo uma reflexão simplória sobre o tema, belê?




Direto na têmpora: All her favorite fruit - Camper Van Beethoven

segunda-feira, novembro 08, 2010

Bruxinha

Eu vi a bruxa na lua cheia
Vassoura torta e verruga feia

Eu vi a bruxa com um único dente
Fazendo feitiços e assustando a gente

Eu vi a bruxa e seu narigão
Mexendo e rindo no seu caldeirão

Eu vi a bruxa no haloween
Olho de sapo e raiz de alecrim

Eu vi a bruxa pedindo doce
Ah, quem me dera uma bruxa eu fosse







Direto na têmpora: I get along - The Libertines

sexta-feira, novembro 05, 2010

Argumento

Faltando menos de uma semana para as eleições recebi um email de um amigo (junto com uma lista enorme de pessoas) em que ele se referia a um instituto de pesquisa que daria empate técnico com Serra ligeiramente à frente.

Achei aquilo estranho, afinal, naquele mesmo dia todos os instituso apontavam uma vitória de Dilma por 10 ou 12 pontos. Vi que o email citava a pesquisa como registrada no TRE e, por falta de detalhes, fui conferir no TRE-MG.

Na verdade, meu objetivo era verificar a veracidade da notícia e ter informações para depois fazer minhas considerações sobre a competência de um instituto que apontava um resultado tão distante do que se configurava e acabou se concretizando como resultado do pleito.

Entrei no TRE-MG e vi que não havia registro. Respondi então ao email do meu amigo dizendo que a pesquisa não estava registrada no TRE-MG e perguntando se não seria no TSE ou outro regional. A réplica do moço foi de "vai tomar no cu" pra baixo.

Não sei se ele repassou a notícia sabendo que era mentira, se achou que o meu questionamento estaria ligado a alguma posição política ou se ele simplesmente não gosta de pensar.

Só sei que essa tem sido uma postura muito comum em quem defende algum tipo de administração. Sabe uma coisa meio "Brasil, ame-o ou deixe-o"? Pois é.

Hoje mesmo recebi um twitter do perfil @TudoporBH que reforça essa postura. Quando se deparam com alguma crítica à administração, não respondem com alguma solução ou admissão de culpa, mas apenas com argumentos como "é maravilhoso servir à nossa capital" e outras baboseiras do gênero.

É impressionante que ainda existam pessoas assim, incapazes de entender que o questionamento e a crítica não significam ódio ou vontade de destruir algo. Às vezes o que se quer com isso é justamente melhorar as coisas ou conhecer o que há por trás do boato.

E assim, vamos fugindo ao debate e nos recolhendo às nossas pequenas e inquestionáveis verdadezinhas pessoais.




Direto na têmpora: She makes me - Queen

quinta-feira, novembro 04, 2010

Animações

Hoje eu vasculhei o Vimeo (que até outro dia eu odiava) atrás de referências de animação e achei duas pérolas. Quem tiver saco pra ver não vai se decepcionar. Enjoy!



A SHORT LOVE STORY IN STOP MOTION from Carlos Lascano on Vimeo.




TODOR & PETRU from CRCR on Vimeo.





Direto na têmpora: Supernothing - Gimp

Médicos, planos de saúde e o meu saco.

Há dois meses agendei uma pequena cirurgia com o dermatologista. Seria para retirar algumas pintas problemáticas na região do pescoço com anestesia local, nada demais.

O procedimento seria amanhã às 16h30 e hoje ao meio-dia a secretária do médico ligou me avisando que ele havia cancelado o contrato com o Bradesco e perguntando se eu gostaria de manter a cirurgia assim mesmo.

Já sabendo da resposta perguntei:

- Sem problema, vai ser de graça, né?

- Não, o convênio não atende mais.

- Isso eu entendi, mas como o procedimento foi marcado há dois meses e só hoje vocês me informaram que não poderia ser feito através do Bradesco, imaginei que até por uma questão ética vocês fariam o procedimento pelo menos com o custo mínimo.

- É... infelizmente, não.


Encerrei com algum tipo de lição de moral em que chamava o médico de antiético, pouco profissional e mercenário, mas tudo com muito bom gosto, é claro.

O fato é que os profissionais de saúde fazem o que bem querem com os pacientes no Brasil. Tempos de espera absurdo nas consultas, exames com hora marcada que atrasam mais de uma hora, cirurgias canceladas sem consulta ou aviso ao cliente, enfim, uma pouca vergonha.

E se você é segurado, pior ainda, porque secretamente o profissional tem ódio de arranjar horário para um pobre coitado como você, sendo que poderia ganhar muito mais recebendo um ricaço que faz no particular.

Mas mesmo passando muita raiva, mesmo querendo dizer o nome do médico aqui e processar o filho de uma gansa até os ovos, ainda me tranquilizo quando penso que poderia ser muito pior. Eu poderia ter que usar o SUS.




Direto na têmpora: You're so dear to me - Breathe Owl Breathe

quarta-feira, novembro 03, 2010

Roupas que vestem a gente por dentro

Eu escrevi, em um dos textos que fiz para o site da bacaníssima loja Gatos Pingados, que "os livros são roupas que vestem a gente por dentro". É o que eu sinto de verdade e, provavelmente por isso, fiquei encantado com a iniciativa da Fundação Itaú Social que está distribuindo 8 milhões de livros.

O processo é genialmente simples. Você acessa este endereço aqui, pede os 4 livros da Coleção Itaú de Livros Infantis e recebe em casa com o compromisso de passar para outras crianças após ler e reler a obra.

Os meus chegaram hoje e estou louco para ler para a Sophia. Como estamos acabando O Pequeno Príncipe (em uma belíssima edição pop-up e com texto integral, da editora Agir), devo demorar ainda um pouquinho para ler os outros, mas a iniciativa do Itaú é de se aplaudir, recomendar e imitar.

Se você ainda não pediu os seus livros, faça-o. Vale muito a pena incentivar o hábito de leitura e ajudar a vestir cada vez mais crianças com roupas bem alegres por dentro.




Direto na têmpora: Ring ring - Sleigh Bells

Cedezêra solidária do Pastelzinho

Lembram que outro dia falei que ia vender alguns cds? Pois é, muitos já foram, mas vou colocar aqui no Pastelzinho uma lista dos que ainda estão disponíveis.

Eu e Fernanda fizemos uma seleção e cada cd está sendo vendido a dois reais. O dinheiro arrecadado será usado para comprar panetones que serão distribuídos antes do Natal para as crianças da creche Morada Nova, no Morro do Papagaio (favela do Santa Lúcia).

Os comentários podem ser feitos aqui no blog, mas quem tiver interesse em algum cd, por favor, mande a sua escolha para mauriloandreas@gmail.com para que eu consiga saber quem pediu antes em caso de coincidências.

Segue abaixo a lista e muito obrigado.



Belly – King

Bettie Serveert – Dust bunnies

The Drovers – World of monsters

ELO - Time

Fourplay – The best of

Great expectations – trilha Sonora

Heavy – trilha sonora

Kirk Whalum – Colors

Noise Addict – Meet the real you

She’s having a baby – trilha sonora

Tori Amos – Scarlet’s walk




Direto na têmpora: James - Camera Obscura

Meu Mozart

Quando Sophia ainda era um bebê, dei pra ela um Mozart de pelúcia que tocava Eine Kleine Nachtmusik quando dávamos corda. Uma dessas coisinhas incríveis que a The Unemployed Philosophers Guild faz e que todo mundo deveria conhecer.

A baixinha adorava. Curtia a música, mordia o nariz e os rolinhos de cabelo do pobre Amadeus, enfim, vivia com ele pela casa.

Pois ontem eu mostrei a Marcha Turca pra Sophia e perguntei:

- Gostou dessa música, Sosophie?


- Gostei.


- Ela é bem legal, né?


- É.


- Sabe quem fez essa música? Um moço chamado Mozart.


E ela, com o maior brilho de orgulho nos olhos.


- É mesmo? O MEU Mozart?



O Mozart da Sophia é igual a esse aí, ó.




Direto na têmpora: Swallow my pride - Ramones

segunda-feira, novembro 01, 2010

Poeminhas monstruosos

O monstro com doze olhos espetaculares

Era entre os monstros o que mais sofria

Tinha astigmatismo em cinco globos oculares

E nos outros sete tinha hipermetropia


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Com mais de dez garras bem afiadinhas

O monstro azul era um pavor de criatura

Mas nunca assustou nem as criancinhas

Pois não tinha sequer um centímetro de altura


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Mesmo temido em qualquer lugar que surgia

O gigantesco dragão tinha o olhar preocupado

Em nenhuma caverna o bicharoco cabia

E de tomar tanto sereno, acabou resfriado




Direto na têmpora: Skull - Sebadoh