terça-feira, dezembro 29, 2009

4 anos da minha Sophia

2009 foi um ano confuso, atribulado, mas que, ainda bem, está terminando muito melhor do que eu e Fernanda chegamos a imaginar.

Estamos todos com saúde, Sophia continua linda e inteligente e ambos, após momentos de incerteza, estamos bem empregados. Eu ainda tive o estranho prazer de passar por 4 agências em um único ano e conhecer profissionais e pessoas do melhor nível. O natal foi excelente, em família e com muitos motivos para ter esperança em um 2010 ainda melhor.

O único grande porém foi que terminamos o ano com as finanças ainda em reabilitação, não sendo possível fazer a festa de 4 anos que gostaríamos para a minha Sophia. Aproveitamos os 44 anos de casados do vovô Sevi e vovó Yole e fizemos uma festinha íntima, só para avós, tios e primos.

A minha querida Mari, da Tom e do delicioso (literalmente) blog Na Batedeira, fez cupcakes sensacionais e com massa cor-de-rosa para delírio da Sophia. Festejamos de um jeito simples, mas bacana e posso dizer que a cada dia tenho mais alegria em celebrar a vida da minha filha.

Na verdade, a cada ano que passa tenho a sensação nítida de que ando enganando a Deus, que com certeza anda enviando bênçãos extraviadas para mim. Cá entre nós, eu me espanto, mas não reclamo de jeito nenhum.




A aniversariante.




Os cupcakes da Mari.




Sophia e o primo Samuel em estado de euforia.




Família Shuêra.




Direto na têmpora: Sophia e o vento - Maurilo Andreas (participação especial, Sophia)

segunda-feira, dezembro 28, 2009

O novo nome do menino-camelo

Imensa era a corcova que tinha nas costas

Peluda, marrom e muito feia de perto

E já corria a disputa nas rodas de apostas

Que o menino-camelo vinha lá do deserto



Ir de mochila para a escola era uma provação

(sem falar no riso das crianças malvadas)

E até mesmo seus pais sentiam a tentação

De usar a corcova para fazer piadas



Vivia calado, esperando solução

Que pudesse aliviar seu sofrimento profundo

E ficou bem feliz quando, aceitando a missão,

Um bom professor resolveu viajar pelo mundo



Do Japão à Alemanha, da Austrália ao Uruguai

O bom professor Mario buscou sem parar

Com dedicação tamanha, igual à de um pai,

Uma resposta para o menino-camelo ajudar



Descobriu algo novo e pôs-se a correr

Para levar a notícia ao pobre infante

Queria que ele fosse o primeiro saber

O que iria mudar sua vida em um instante



"Trago comigo ótimas novas",

disse sorrindo o Professor Mario

"Por ter uma e não duas corcovas

Não és menino-camelo, mas podes ser boy-dromedário"






Direto na têmpora: All my colours - Nouvelle Vague

quinta-feira, dezembro 24, 2009

Momento surreal na véspera de natal

Eu já postei aqui que até já fui confundido com um tocador de banjo, por isso não foi surpresa o diálogo que tive hoje de manhã.

Chegando ao estacionamento do Super Nosso, uma mulher de seus 50 anos me pergunta:

- A entrada é por aqui?

- É sim, logo ali na frente.

- Ah, tá. Você é árabe também?

- Árabe? Não.

- Parece.

- Eu sou descendente de italianos...

- Ah, então é isso, é tudo vizinho.





Direto na têmpora: It's Thunder And It's Lightning - We Were Promised Jetpacks

quarta-feira, dezembro 23, 2009

Freak Children - o bebê cheiroso

O cheiro do bebê


Um caso bem raro, como nunca se vê

Aconteceu em um quarto da maternidade

Com cheiro de ovo nasceu um bebê

E virou notícia por toda a cidade



Amoníaco, enxofre, rosas, lavanda

Terra molhada, fumaça e tinta

Do cheiro mais forte à fragrância mais branda

Perto da criança não há quem não sinta



A cada instante um aroma excepcional

Alguns deles tão bons que até davam fome

E o pobre bebê, em pleno Natal,

Foi comido na ceia ao cheirar panetone



PS curtíssimo: "fome" não rima com "panetone", mas vá lá.


PS curto: hoje é o último dia na agência em 2009, sendo assim, dia 4 eu volto. Claro que há possibildiade de posts esparsos, mas não conte com isso.


PS longo: durante algum tempo eu escrevi crônicas para duas revistas: a do Banco Mercantil do Brasil e a do Shopping Cidade.

No começo do ano, por questões de processos e métodos, decidi encerrar minha colaboração com a publicação do Mercantil e hoje recebi a triste notícia de que a Nube não mais será a responsável pela Felizcidade, do Shopping Cidade.

Não sei se a nova empresa irá me manter como cronista da Felizcidade e nem se há interesse do shopping nisso, mas coloco-me desde já à disposição para novas (ou velhas) publicações que necessitem de um colaborador.





Direto na têmpora: Hurricane Drunk - Florence and the Machine

terça-feira, dezembro 22, 2009

Animação fodíssima

Uma animação muito bacana e ainda com um um elemento de terror. Perfeita e imperdível.


Alma from Rodrigo Blaas on Vimeo.






Direto na têmpora: Mistress Mabel - The Fratellis

segunda-feira, dezembro 21, 2009

Origem

Na última sexta reencontrei grandes amigos de Ipatinga: Marcinho e Toyana, Paulomar e Adriana, Xandinha e Rodrigo, Magno e Fernanda, Nanai, Sandra, Digão, Gustavo e Cão.

Muito papo furado, muitas sudades até que Paulomar lembrou de um caso que preciso contar aqui.

Sempre que vai se apresentar a alguém, o interlocutor sempre tem dificuldades para compreender o nome do Paulomar, sendo assim ele já explica "meu pai se chama Paulo, minha mãe se chama Marli, pronto: meu nome é Paulomar."

Nosso amigo Cão já tentou consolar o Paulomar lembrando que se a mãe dele tivesse o nome de Carla, ele provavelmente seria o Pauloca.

Mas melhor mesmo foi de um outro amigo nosso que, presenciando as dificuldades que o nome híbrido oferecia ao Pauloca, digo, ao Paulomar, resolveu usar o próprio exemplo como consolo.

- Poxa, Paulomar, não fica assim, não. O meu nome também é mistura, cara. Meu pais se chama Marcus e minha mãe Ione. Pronto, deu Marcio.

E o pior é que é verdade.



Direto na têmpora: Have Love, Will Travel - The Sonics

Porra, cê lembra disso?

Três coisas das quais eu me lembrei esses dias sabe-se lá por que.


1) Tonoklen - falta o começo do filme e o áudio tá péssimo, mas vale assim mesmo para vocês conhecerem o Viagra dos anos 70/80.





2) Milton, o monstro - não, na minha época não havia Ben 10.





3) Quando a tv tinha fim - na minha adolescência chegava uma hora em que a programação da tv acabava. No começo dos anos 80, tinha a Sessão Coruja e depois a Globo saía do ar. Como naquela época não havia computador ou tv a cabo, as noites eram um tédio para quem tinha insônia (o que graças a Deus não era o meu caso).




Direto na têmpora: Altar of sacrifice - Slayer

sexta-feira, dezembro 18, 2009

Comprando na mão do carrasco

A derrota do Brasil para a Itália em 82 iniciou a derrocada do futebol arte. Obviamente esta é uma opinião minha que pode ou não refletir os fatos, mas tenho a visão clara de que quem abriu campo para toda uma geração de técnicos esquemistas e retranqueiros foi Paolo Rossi com seus três gols.

Sim, como você percebeu eu também fiquei recalcado com a derrota em 82 e, talvez por isso, tenha comemorado o título de 94 com uma ponta de tristeza por ver Dunga como capitão e o futebol burocrático que apresentamos.

Até aí tudo bem, recalque meu, problema meu. Mas ontem, ao fazer compras na Araujo, recebo o cartão do vendedor e me deparo com o nome Paulo Rossi.

- Paulo Rossi? Seu nome é Paulo Rossi, cara? Que coincidência desgraçada, hein? É o mesmo nome do cara que fodeu o Brasil em 82.

- Ah, eu sei, meu nome é por causa dele.

- E seu pai é italiano?

- Não.




Olha aí a prova.


Ok, um pai que não é italiano e coloca o nome do filho brasileiro de Paulo Rossi em homenagem ao artilheiro da Azzurra em 82 é, antes de tudo, um sádico.

É como se eu, atleticano que penou com o Flamengo na década de 80, chama-se um filho de Zico ou um cruzeirense que ao ter um filho por esses dias desse o nome de Verón. Impensável.

Confesso que se eu fosse o velho ainda mais resmungão de alguns anos atrás e os remédios não fossem para a Sophia era até capaz do assunto ter rendido mais, inclusive com ofensas ao progenitor do atendente.

Mas é fim de ano e, amiguinhos, eu ando um doce.




Direto na têmpora: High Lonesome Sound - The Gaslight Anthem

quinta-feira, dezembro 17, 2009

É, tá no fim mesmo

Faltam sete dias pra o recesso da Tom. Tá cedo, mas aproveito para já enviar para vocês a mensagem de fim de ano da Sophia, Fernanda e eu. Feliz 2010.

Ah, esse não é o último post de 2009, pelo menos até dia 23 eu ainda mantenho o ritmo.







Direto na têmpora: C'mon Everybody - Sid Vicious

quarta-feira, dezembro 16, 2009

O horrendo Menino Uva e as primeiras peças dos Freak Children

Triste é a história do horrendo menino-uva

Que redondo e roxo assustava os vizinhos

Como não tinha mãos, nunca usou uma luva

Nem sapatos calçou por não ter dois pezinhos



Ainda bebê, o fim chegou num instante

Por descuido dos pais aconteceu a desgraça

Esqueceram o petiz sob o sol escaldante

E o pobre menino-uva morreu uva passa.




Olha aí o que o Rogério Fernandes já fez pros Freak Children. Eu gostei.











Direto na têmpora: Let's get even - Royal Bangs

Roberto Carlos, o súbito

Uma matéria de capa do jornal O Tempo traz Cauby Peixoto relembrando os anos 50, quando Roberto Carlos era o seu "súbito".

Claro que trocar a grafia de "súbito" e "súdito" não é algo tão horrorizante, mas isso me faz pensar em como veicular um trabalho nacionalmente coloca a gente diante da possibilidade do ridículo sempre.

Eu, que sou uma mula quando o assunto é a flor do inácio inculta e bela, agradeço sempre por ter meu trabalho revisado por profissionais. Aliás, até já falei disso aqui antes.

É que quando alguém se mete a escrever pros outros como eu, mesmo que seja em uma humilde pastelaria, revisão faz falta. Tá certo que aqui, por bondade dos leitores, ninguém reclama.

Mas, em um anúncio, o bicho pega. Imagina se um revisor desses daqui tem um mal "súdito" e a responsabilidade cai pra mim?




Direto na têmpora: Hound Dog - Elvis Presley

terça-feira, dezembro 15, 2009

Na horta, na fazenda, no jardim

Segue aí uma coletânea de textos infantis que eu tinha tirado do blog por causa do concurso João-de-Barro. Pra quem ainda não leu, pode ser uma boa. Ah, e se você tiver crianças em casa, ou próximas, teste com elas e me diga se gostaram, beleza?


Rei Tomate

Vermelho e roliço
De verde coroa
Suspenso no ar
O rei fica na boa

Rotundo e rubro
De pele brilhante
Reflete o sol
Como um diamante

Cercado de verde
Ele reina vermelho
E daria o seu reino
Pra se olhar no espelho

No entanto nem nota
O monarca vaidoso
Lá fora do reino
O inimigo guloso

E qualquer dia desses
Sem ser avisado
O tomate orgulhoso
Vai ser fatiado.



O ovo

O que é que tem do lado de dentro do ovo?
Um pato, uma cobra ou algum bicho novo?

Guardado da casca, no escuro quentinho
tem alguém encolhido que já sonha um pouquinho

Tem pena ou escama, tem bico ou tem dente
Não sei o que é, mas não deve ser gente

Devia estar em seu ninho ou talvez enterrado
Mas veio rolando chegar do meu lado

O ovo ia rachar, eu podia sentir
E de pensar no filhote, começava a sorrir

Eu já queria dar no bichinho um beijo
Mas meu pai preferiu omelete de queijo



Mariquita 1


Fofoca no jardim
Ainda vai dar confusão
Ouviram o grilo dizer
Que a joaninha é pintada a mão




Mariquita 2


O projeto da joaninha
É muito bem acabado
Ao invés de fazer um inseto
Criaram um moranguinho alado




Mariquita 3


O macho da joaninha
Anda sempre triste e sozinho
Se ele pudesse escolher
Ia se chamar joaninho



Abelha

Na ponta do meu nariz apareceu uma abelha.
Era linda, amarela e preta, da bundinha redonda, do jeitinho irrequieto.
Parecia um desenho muitíssimo animado.
Mas era de verdade.
E foi aí que eu perguntei "tem mel abelhinha?"
E ela, ranzinza, zuniu agitada e, zanzando zangada, zunou pro nariz.
Picada certeira, doída, ardida.
"Não quero mais mel, agora vai-te daqui."



Bees

Zumzumzum a zanzar no zênite
Aurinegra seta
Zumbindo um poema
Setando uma meta

Ruma na flor
Paira perfeita
Se cobre de pólen
Razão da receita

Seu trabalho melado roubei com a mão
Me pousou no nariz
Ajeitou o ferrão
Ai, que final infeliz



A ervilha Elvira

A ervilha nunca é filha única. Vem da vagem cheinha, com muitas irmãs gêmeas verdinhas, redondas, pequenas.

Mas com a Elvira foi diferente. Na vagem que nasceu Elvira, nenhuma outra ervilha vingou. E ela cresceu ali sozinha, sem as risadas sapecas das ervilhazinhas irmãs.
Era tristezinha a Elvira, tadinha.

Um dia, a vagem de Elvira saiu do pé e ela foi junto, quietinha, assustada, sem saber onde ia parar. Quando abriram a casca ela tomou um susto com a luz e se preparou para o pior.

Tiraram Elvira de lá e a jogaram em um monte de arroz. Depois, foi chegando uma ervilha e outra e outra e mais outra.

Naquele domingo, o almoço foi de família para a Elvira também. Pela primeira, última e deliciosa vez.



A berinjela

O que é o que é
que é verde e roxa
que é igual só a ela
que dá agua na boca
se vai pra panela?

O que é o que é
que faz sucesso no prato
e também na baixela
que só não come todinha
quem é matusquela?

Quer saber de verdade o que é o que é?
Que a Maria adora e também o José?

Então vai a dica para adivinhar
Ela é boa no almoço e também no jantar

Ela é um show na lasanha e também empanada
Uma delícia em pasta e também na salada

Ela é das leguminosas talvez a mais bela
Isso aí, muito bem, é a berinjela.



O Batata Tatão

O Batata Tatão vivia emburrado, de cara fechada, sempre reclamando de tudo. Todo mundo tinha medo dele, até as batatinhas que mal nasciam e já ouviam as mamães batata falarem: "Fiquem bem quietinhas, viu, porque batatinha que faz bagunça, o Batata Tatão vem e pega."

Mas o Batata Tatão até que tinha motivos pra ser assim, irritado. É que enquanto as outras plantinhas da horta aproveitavam o sol e ficavam por ali, ao ar livre, curtindo as cores, o calor e o ventinho, o Batata Tatão vivia enterrado, preso debaixo da terra.

Pois foi durante uma tarde em que o Batata Tatão andava nervoso como sempre que ele sentiu uma raiz encostar nele e não gostou nada, nada.

- Quem é que está aí? Vamos, fale, quem é que vem me incomodar aqui no meu canto?

Na hora ninguém respondeu, mas um pouquinho depois uma vozinha assustada disse:

- Sou eu, "seu" Batata Tatão, só uma cenourinha. Me desculpe, eu não queria incomodar.

O Batata Tatão então ouviu que ela começou a chorar baixinho e alguma coisa se mexeu dentro dele.

- O que foi, menina, tá chorando por quê?

- É que aqui é muito escuro e não tem nenhum amigo por perto. Estou com medo, sozinha e não tem ninguém pra me ajudar.

O Batata Tatão ficou pensando naquilo e resolveu ajudar a cenourinha. Conversou com ela, explicou que ali era muito mais frequinho do que lá em cima, que o sol não secava, que a chuva não esfriava, que era bem confortável, cercado de terra, tranquilo.

A cenourinha então foi se animando, começou até a crescer, ficou com um laranja bem vivo e as folhinhas da sua cabeça cresceram fortes e verdinhas.

Quando a cenourinha saiu dali e foi para a cozinha com as outras plantas, só teve elogios para o Batata Tatão. Falou como ele tinha ajudado, como era educado e tinha bom coração.

Todo mundo ficou muito espantado e a fama de bonzinho do Batata Tatão se espalhou. Daquele dia em diante, toda batatinha que nascia, já recebia da mãe o conselho:

- Olha filhinha, fique bem quietinha, mas se você sentir medo, não se preocupe, porque o Batata Tatão está bem ali, pertinho da gente para ajudar quando a gente precisar.



Julieta, a rabaneta

Não havia na hortinha legume, verdura ou fruta mais bonita que a Julieta. Redondinha, vermelhinha, com longas folhas verdes, Julieta era um rabanete perfeito.

“Rabanete, não” – dizia ela ofendida – “eu sou uma rabaneta!”

“Rabanete é rabanete! Não existe rabaneta.” - gritava nervoso o pardal.

Julieta fazia que nem era com ela e continuava conversando com duas caracóis muito distintas que passavam por ali.

“Sabem, meninas, eu sempre fui a rabaneta mais bonita aqui da horta. Podem perguntar por aí. Até as cenouras morrem de inveja de mim.”

O pardal, ouvindo aquilo, irritou-se e saiu voando. As duas caracóis continuavam lá, ouvindo interessadas.

“É mesmo, Julieta? E você tem muitos pretendentes?”

“É claro, vocês acham que eu sou vermelha assim, por quê? É de tantos elogios que vivo ouvindo.”

E era verdade. O repolho vivia de olho. O almeirão quase morria do coração. O chuchu sussurrava “ailoviú”.

E os rabanetes? Ah, os rabanetes eram loucos pela Julieta. Ficavam todos ali, felizes só de olhar pra ela.

Um dia, a dona da horta chegou por ali e, vendo a Julieta toda faceira, não teve dúvidas, tirou da terra e levou para a salada.

Os outros legumes ficaram chocados. As verduras não podiam acreditar naquilo. E até mesmo o pardal resmungão, lá do alto das árvores, se emocionou com o fato.

A horta ficou triste por um tempo, mas logo, logo, nasceram novas cenourinhas de um laranja vivo, um tomate bem redondo e corado, uma beterraba roxa como nunca se viu e a alegria foi voltando.

E na casa, Julieta foi a estrela da salada mais bonita e mais gostosa que já se comeu por ali.




Direto na têmpora: Paper Doll - Rachael Yamagata

segunda-feira, dezembro 14, 2009

Biblioteca solidária e mais livros

Mal acabei de ler Celular, de Ingo Schulze (um belo livro) e me atraquei com as Mil e Uma Noites. Aliás, tô adorando isso de ler livros que eu "conhecia", mas ainda não tinha lido.

Foi assim com O Livro da Selva (Mogli); foi assim com No Coração das Trevas (Apocalypse Now); está sendo assim com As Mil e Uma Noites, que pelo menos até a noite 43 está excelente, e será assim com Alice no País das Maravilhas, que ganhei em uma edição primorosa da Cosac Naify.

Recomendo essa onda de ler os livros que a gente conhece mas nunca leu. Tem me rendido coisas muito bacanas.

Fora isso, gostaria de agradecer a todos que participaram, quiseram participar ou simplesmente torceram pela Biblioteca Solidária do Maurilão. Foram 85 quilos de arroz e feijão que eu e Sophia fomos entregar na creche Morada Nova, bem no meio do Morro do Papagaio (favela do Santa Lúcia).

Quando chegamos, a meninada estava fazendo a sesta, mas ficamos muito felizes em ver a satisfação dos responsáveis. Mais uma vez, obrigado a todos vocês e ano que vem tem mais.




Direto na têmpora: I'm alright - Stereophonics

Mais duas da minha Sophia

Ainda no clube ontem, eu e a minha Sophia resolvemos nadar na piscina grande. Assim que ela pulou na água e eu a segurei ela começou a dizer, bastante ansiosa:

- Vamos pra beirada, papai, vamos pra beirada!

- Não, Sophia, vamos nadar um pouquinho.

- Não, papai, eu quero ir pra beirada!

- Tá bom, mas por que você quer sair?

- Essa água tá assombrada!


Ou ela quis dizer água gelada ou eu nunca mais entro na piscina do Ginástico.


-//-


Hoje Sophia madrugou e Fernanda foi tentar convencê-la a dormir mais um pouco.

- Sophia, você vai ficar cansada, ontem você dormiu tarde, vamos dormir mais um pouquinho?

E ela, muito séria:

- Mamãe, eu não quero resolver isso agora.




Direto na têmpora: A Christmas Duel - The Hives & Cindy Lauper

domingo, dezembro 13, 2009

Urgente do clube

Uma água para a minha Sophia, uma cerveja para mim e uma porção de fritas para ambos. De repente, a carinha intrigada e a pergunta:

- Papai, por que essa garrafa tá com uma carinha esquisita?

Resposta:






Direto na têmpora: A cobra - Fernanda Takai

sexta-feira, dezembro 11, 2009

Pernas pra que te quero

As seis pernas da menina Isabela

eram muito diferentes entre si

tinha perna grossa e perna magrela

tinha perna peluda como eu nunca vi


E com tantas pernas era muito comum

Que um tombo ocorresse em plena corrida

Eram 3, 4 passos e pruncatabum!

Já ia pro chão a menina querida


Se ralava um joelho a dúvida surgia

E cuidar do dodói era mesmo uma arte

Não foram raras as vezes que a sua tia

Confundiu-se de perna ao passar mertiolate


A única vantagem de pernas em dúzia

Era andar bastante e nunca cansar

Por isso se algum dia estava macambúzia

Ela ia bem longe sem nunca parar


Foi num passeio pra lá de Lisboa

Que ela encontrou o menino aranha

Ele tinha 8 pernas, uma carinha boa

E usava uma boina pra lá de estranha


Juntaram as pernas com muita alegria

(sempre se encontra alguém para amar)

E depois que ganharam na loteria

Passaram a vida de pernas pro ar




Direto na têmpora: Madman Across The Water - Elton John

quinta-feira, dezembro 10, 2009

Fabuleta

Em toda e qualquer floresta existe sempre um bicho sinistro, daqueles que observa tudo sem dizer nada, com cara estranha, ar soturno e só esperando a chance de piar seu agouro.

Naquela floresta era o urubu. Um dia, dois bichos tiveram uma idéia e resolveram fazer um lago artificial para todos.

Fizeram o projeto e o urubu ali, só olhando. Chamaram uma equipe animal pra ajudar e o urubu ali, só olhando. Juntaram todo o material e o urubu ali, só olhando. Analisaram o trabalho passo a passo e o urubu ali, só olhando. Andaram quilômetros para buscar água e o urubu ali, só olhando. Encheram o lago todinho e o urubu ali, só olhando.

De repente, quando todos os bichos estavam na água se refrescando do calor o urubu, de cima do galho de uma árvore, falou:

- É, não vai funcionar. Aqui quase não chove, esse lago vai secar rapidinho.

E bateu asas para observar o trabalho de outros bichos.



PS - Pode até parecer, mas essa fabuleta não é inspirada no seu trabalho.




Direto na têmpora: How kind of you - Paul McCartney

Saiu o Experimento Pastelzinho

Depois de muita enrolação da minha parte, enfim consegui disponibilizar as 6 histórias criadas por Ivan Curi, Cristiano D'Alcântara, Ewerton Veloso, Andre Schneider, Clarissa Carvalho e José Celso Oliveira.

Para quem não se lembra, o experimento consistia em que cada um iniciasse uma história e o outro desse sequência, formando 6 histórias criadas, cada uma, por 6 autores. O resultado final está aqui, pela primeira vez para autores e para os demais leitores do Pastelzinho.

A dificuldade mesmo era arranjar uma forma de colocr os textos, com cerca de 7 páginas, sem inviabilizar a leitura do blog. Com a ajuda do Rapha Garcia eu acho que arranjei uma solução bacana.

Tá tudo sem revisão e sem nenhuma mudança minha para que a gente observe o resultado realmente como ele aconteceu. Tem coisa bem legal. Confiram.



























Direto na têmpora: Hospital - Modern Lovers

quarta-feira, dezembro 09, 2009

Questão de carma, digo, do Carmo

Chove pra cacete em BH. Em frente à agência, na Av. Afonso Pena, uma árvore caiu agora na hora do almoço. Na frente da escola da Sophia, rua Campanha, rolou outra queda de árvore (e dessa eu tenho foto).





Mas o que mais me impressionou foi a cratera da Senhora do Carmo, que ocupa duas faixas de trânsito na pista mais à direita de quem sobe. O trânsito que já era horroroso depois do servicinho da BHTrans está inconcebível agora. E, se me permitem a ousadia, eu acho que sei a causa. É a maldição por causa do nome.

Lembram quando o Galo pintou o manto da santa de preto e ficou (continua) numa maré de azar horrorosa? Pois suspeito que BH acaba de cair na mesma esparrela.

Foi só transformar o nome da avenida de Nossa Senhora do Carmo para Senhora do Carmo que já rolaram árvore caída fechando duas pistas (tecnicamente é BR, mas na prática ainda é a avenida); um acidente horroroso que envolveu caminhões, ônibus e mortes; a supracitada cratera que é um negócio simplesmente impressionante e engarrafamentos paulistanos.

Eu não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem. Por isso, fica aqui a minha dica para o Lacerdinha e para a BHTrans, o braço mais incompetente da PBH: voltem o nome para "Nossa Senhora do Carmo" enquanto podem, porque depois que bolas de fogo destruírem a avenida por causa da ira divina não vai adiantar mais.




Direto na têmpora: The Spirit Of Giving - The New Pornographers

terça-feira, dezembro 08, 2009

Menina de asas

Na grande jaqueira atrás da igreja

Caiu uma menina, talvez do infinito

Fez Chico Batuta derrubar a cerveja

Fez Zé Carrapato dar um faniquito


Com asas compridas, assustou o arraial

Atraiu todo o povo e virou discussão

Se era gente ou ave ou algum animal

Se era anjo ou filhote de algum avião


De repente uma pedra zuniu no ouvido

E quase acertou a menina de asas

Com o bodoque na mão e sempre temido

Joãozinho Capeta surgiu entre as casas


Alguém logo gritou em tom preocupado

"Tenha calma Joãozinho, isso aí é menina"

E o moleque então retrucou irritado

"Pois pra mim, se tem asa leva fogo em cima"


Uns dizem que correu, outros dizem que voou

Mas a verdade é que logo a menina sumiu

Se era anjo, na terra nunca mais voltou

Se era sonho, ali ninguém nunca mais viu




Direto na têmpora: Working Class Hero - John Lennon

She's back

Minha Sophia vive perguntando com que letra começam as palavras. Aí eu sempre faço o som da primeira letra e ela completa. A maioria ela já sabe, mas hoje ela perguntou:

- Papai,cobra começa com "S"?

- Não, filhinha, olha só, cobra, co, co, ca, co... então, cobra começa com que letra?


- Com "S" - e ela começa a imitar o sibilar de uma serpente - sssssssssssssssssssssssssss, igual a cobra.


-//-


Ontem fizemos uma reunião no Clic para saber como andava a minha Sophia. Em determinado ponto da reunião, perguntamos se ela estava sabendo dividir as coisas. É que toda sexta-feira os meninos levam livros e trocam entre si e Sophia sempre participou numa boa, mas outro dia "não deu conta" e trouxe o próprio livrinho de volta.

Uma das sócias então disse que era normal, que Sophia sempre dividia e tal. Aí a educadora dela complementou.

- É, mas a Sophia sempre gostou mais de livros. Antes, sempre que ela emprestava para um colega ela pedia "posso dar um beijinho nele antes de você levar"?




Direto na têmpora: Altar boy - Tom Waits

segunda-feira, dezembro 07, 2009

WTF na cueca

Eu não gosto de falar mal de peças dos outros porque eu não sei que tipo de censura, influência ou distorção os criativos sofreram até liberar o produto final, mas não me contive.

Meu Deus do céu, o que esse cara de cueca está fazendo espreitando o molequinho perto da árvore? Será que não tinha ninguém pra levantar a bandeirinha da pedofilia antes do ad sair na mídia?








Direto na têmpora: Glass ceiling - Metric

Violência e paixão

Acabou o Brasileirão. Parabéns ao Flamengo, que aproveitou as falhas de Palmeiras e São Paulo, jogou muito bem na reta final e chegou ao título com méritos. Gosto do Andrade e ele merece.

Parabéns ao Botafogo, que escapou, e principalmente ao Fluminense, que de "rebaixado com certeza" em todas conversas, se transformou no terror das 9 últimas rodadas.

Parabéns a Inter, São Paulo e Cruzeiro que garantiram vaga na Libertadores e meus pêsames ao Palmeiras e ao meu Galo, que se mostraram cavalinhos paraguaios de primeira qualidade.

Mais pêsames ainda aos quatro rebaixados que, convenhamos, fizeram por merecer.

Eu gosto muito de futebol (como gosto muito de basquete). Eu gosto de ver torcidas apaixonadas, que fazem do estádio uma festa. Paixão é uma coisa que é sempre maravilhosa de se ver.

O que eu não consigo respeitar é a ligação entre paixão e violência.
Pra mim, quem vai a aeroporto bater em jogador é vagabundo.
Quem espera time sair do estádio pra chutar carros, ônibus e ameaçar é vagabundo.
Quem invade estádio e quebra tudo é vagabundo.
Quem dá porrada em alguém da mesma torcida depois de ganhar um título é vagabundo.
Quem dá porrada em alguém da mesma torcida depois de perder um título e vagabundo.
Quem dá porrada em alguém da outra torcida só porque torce pra outro time é vagabundo.

Para mim, quem usa a paixão como desculpa para a violência é o mesmo tipo de pessoa que bate na mulher ou espanca os filhos. Foi tudo em nome da paixão.

Parabéns aos torcedores que perdendo ou ganhando souberam levar na esportiva os resultados.

Aos vagabundos que batem, quebram e acham que o "amor ao time" justifica vandalismo, estupidez e violência, cadeia.

Sim, eu sou um velho resmungão e sim, eu gosto de futebol, mas eu acho realmente que está na hora de algumas pessoas reverem suas prioridades.




Direto na têmpora: Blue Jeans & White T-Shirts - The Gaslight Anthem

sexta-feira, dezembro 04, 2009

Rimarinhas

Ok, eu tava me segurando, mas vai aí uma prévia. A informação completa, só quando estiver tudo 100%.





E aí, gostou?




Direto na têmpora: Wished I Was A Giant - Guided by Voices

quinta-feira, dezembro 03, 2009

Tempestade - metafórica ou não

É quando a chuva arma no horizonte e não há abrigo por perto que a gente inclina o corpo adiante e diz pro vento "seguimos", queira ele deixar ou não.

É quando a primeira gota cai e explode na testa que a gente encolhe os ombros, não em sinal de temor, mas em antecipação ao passo que vamos dar, rumo ao coração da chuva, rumo ao traçado que mesmos fizemos.

É quando o raio ilumina a abóbada e alguma árvore seca explode que bendizemos o mundo e somos também raio abrindo picada, forçando o rumo, rompendo.

É quando a pele se eriça e a roupa se encharca que o peso e o frio se esvaem de nós e já não pensamos no que foi ou no que há de ser, os pés enfiados na lama, a viagem ainda longa e chegar é menos que um sentimento.

É quando a tormenta não cessa que não cessar é também a escolha nossa.
É quando a tempestade engole o mundo que não ser engolido é a única decisão possível.
É quando a fúria é enorme que não ser pequeno é tudo o que nos resta.




Direto na têmpora: I Need All the Friends I Can Get - Camera Obscura

Charles, o magnético

Uma criança um tanto disfuncional

O pequeno Charles atraía metais

"Não tem problema, tá tudo normal"

Constrangidos justificavam os pais



Talheres de plástico no almoço e jantar

De resto, tudo em madeira ou tecido

E por tesouras não poder usar

Mantinha sempre o cabelo comprido



Ver o mar era o sonho do pobre menino

E os pais o levaram à praia em abril

Passando ali perto um submarino

Atraiu o Charles e submergiu



Chegou a Angola cruzando o mar

Mal havia findado a guerra civil

E assim que na estrada pôs-se a caminhar

Coberto de minas, o Charles explodiu




Direto na têmpora: Don't You (Forget About Me) - Yellowcard

quarta-feira, dezembro 02, 2009

Ida

No último ano a blip.fm me apresentou muita coisa que eu não conhecia (ou conhecia pouco) e que hoje eu acho duca: Say Hi To Your Mom, Santogold, Goldfrapp, Glasvegas (que é inclusive o direto na têmpora desse post), The Cat Empire, Au Revoir Simone, Matt & Kim, The Shins e muitas outras.

Uma das bandas que eu pude conhecer ainda mais via blip foi Ida Maria. E como ultimamente eu ando ouvindo muito a menina, segue uma das minhas canções favoritas, que me faz pensar na minha Fer e que, inclusive, vale pela letra também.






When it comes to you - Ida Maria


I it's possible I
Have gone too far
When it comes to you

I can't wait for the day
When all the bad things I deserve
come crashing in and all I do is love you

Time, it's possible time
Could be my soldier and my king
In a war for you

And words, could bring you down
And put your heart right at my hands,
where I wanted to.

Then, when everything's changed
When all's forgotten foolery
And you are mine entirely and

Stars could guide our way
No matter how far away
Deep down or gone astray
God knows I'm lost
and all I do is love you

Say now, say now, could it be
When it comes to you and me
What is left for me to do
Now it's all just up to you
Maybe that was all your plan
And I'm just part of something else
So what is left for me to do
Now that's all just up to you





Direto na têmpora: Legs'n'Show - Glasvegas

No prize for you

Minha participação no prêmio João-de-Barro de literatura infantil não deu em nada. Sendo assim, volto a republicar no blog as histórias infantis que havia retirado.


Cachinhos, conchinhas, flores e ninhos


A menina tinha mil cachinhos na cabeça. Se a gente olhava de um jeito, cada cachinho era uma conchinha. Se reparava dali, pareciam botões de flores. Se batia os olhos de lá, viravam um monte de ninhos.

O pai amava as conchinhas. Brincava com os dedos nelas e quase sentia o cheiro de mar.

A mãe adorava as florzinhas. Cuidava bem de cada uma como se ali fosse o seu jardim

E os ninhozinhos? Ah, dos ninhozinhos nascia cada idéia... Debaixo dos cachinhos, a cachola da menina inventava histórias e criava mundos e encantava pessoas e ela se ria, ria, ria.

Mas um dia falaram para a menina que bom mesmo era não ter cachinhos. Disseram pra ela que bonito era de outro jeito, daquele mesmo jeito que todo mundo tinha.

Ela ficou bem triste. Não queria ficar sem eles, os seus cachinhos. Que graça teria uma cabeça sem conchinhas, nem florzinhas, nem ninhozinhos?

E aí o papai disse: “Não! Ninguém mexe nas minhas conchinhas”.

E a mamãe falou: “Sai pra lá. Deixa aqui o meu jardim”.

E os ninhozinhos falaram todos juntos: “Não, menininha, deixe a gente ficar aqui”.

A menina então pensou, pensou, fez um carinho nos cachinhos, ficou se olhando no espelho um tempão e começou a imaginar como seria se todo mundo mudasse o próprio jeito só pra agradar os outros.

Ficou pensando na tartaruga com a juba do leão. Ela toda engraçada com aquela cabeleira e o leão lá, todo espremidinho dentro do casco.

Imagina a confusão: a zebra com as manchas da girafa e a girafa com as listras da zebra. O tucano com o topete da cacatua e a cacatua com o bico do tucano. Um macaco com os pêlos de um poodle e um poodle com o rabo grande do macaco.

Aí ela resolveu que cada um é bonito de um jeito. Pra quê mudar assim? Pra quê querer ser outra coisa?

E com um cabelo cheio de cachinhos, conchinhas, flores e ninhos, a menina continuou sendo feliz. Muito feliz.




Musinha inspiradora




Direto na têmpora: A good idea - Sugar

terça-feira, dezembro 01, 2009

Suspiro

Ao mudar para BH morei um tempo com minha avó Geralda. O apartamento era ali bem em frente à barragem do Santa Lúcia quando havia apenas um pântano no local, sem laguinho, sem pista de cooper, sem nada.

Na pracinha, uma feirinha acontecia aos sábados e minha avó sempre comprava frutas, biscoitos e uma guloseima ou outra.

Ela, enfrentando um regime bravo, volta e meia chegava ao apartamento com um saco enorme de suspiros e dizia toda feliz:

- Trouxe suspiros para você.


Passado um tempo, eu deitado na sala vendo tv, ouvia minha avó se aproximar da cozinha.

- Esse parece fresquinho, vou provar só um.

Mais 5 minutos e lá vinha ela.

- Tá gostoso mesmo, vou comer só mais um.

Outro tantinho e já voltava Dona Geralda.

- Nossa, esse suspiro tá uma delícia, mais um e pronto.

E assim ia, a tarde toda, até que eu me levantasse e encontrasse menos de metade do saco de suspiros me esperando na mesa.

Nem me importava com o sumiço dos doces (e olha que eu sou louco por doces), mas adorava ver minha avó comendo daquele jeitinho dela. Na verdade, ficar observando aquilo era quase tão gostoso quanto os próprios suspiros.




Direto na têmpora: Up to no good - Rancid