sexta-feira, junho 29, 2007

Prozac pros coelhinhos

Roubei lá no Achei por aí. Vale a pena conferir os outros suicídios aqui e morrer de rir.






Direto na têmpora: Boys Boys Boys - Sabrina

Zen Master

Hoje fui ao centro comprar um presente no Maletta, buscar cobertores para doação, passar no Banco do Brasil e deixar umas canetas na Bico de Pena. O Léo Oliveira estava comigo e, antes de resolver as pendengas, resolvemos almoçar na Cantina do Lucas. Deu-se que a demora foi tanta que não fiz porra nenhuma e ainda atrasei pra pegar a Sophia e levar para a escola. Eu sempre achei que depois da morte do Seu Olímpio o atendimento no Lucas fosse melhorar, mas confirmou-se hoje que eu estava enganado.
Escrevo isso porque me lembrei agora de um carnaval em Porto Seguro, quando a rodoviária ficava ainda fora da cidade. Chegamos após uma longa viagem e logo entramos na fila para comprar a passagem de volta, evitando os atropelos dos dias seguintes.
Ninguém na cabine e nenhum aviso. Ficamos ali cerca de meia hora e nenhuma alma se dispunha a nos atender. Havia um grupinho que conversava em um dos bancos desde que chegamos e resolvi perguntar a eles sobre o funcionamento da venda de bilhetes. Mal terminei de falar e um deles se levantou todo solícito “Ah, vocês querem é comprar passagem? Então é comigo.” e dirigiu-se a seu posto para nos atender.
O fato de eu nunca ter cometido um único homicídio é a prova cabal de que eu estou a um passo de me tornar um Sadhu.




Direto na têmpora: Epic - Faith No More

quinta-feira, junho 28, 2007

The haka

A Iveco na Europa tem um negócio genial que é a ligação entre um de seus produtos e os All Blacks. Para quem não sabe, os All Blacks são a seleção da Nova Zelândia, uma das maiores equipes de rugby do mundo.
Infelizmente, apesar de ser maravilhosa, a comunicação não é facilmente aplicável no Brasil até pelo pouco conhecimento do esporte aqui, mas vale visitar o site do Stralis para ver como o trabalho é bacana.
De qualquer forma, olha aí um Haka curtinho. Depois me diga sinceramente, você encara a turminha?






Direto na têmpora: Mardito fiapo de manga - Joelho de Porco

quarta-feira, junho 27, 2007

Aniversário

Hoje é aniversário da Fer. Na falta de coisa melhor, vai uma homenagem do Guiñazú.

Cumpleaños

Comemoremos, pois hoje aniversaria o meu amor.
Tudo se cale que não for um bom desejo ou um suspiro de admiração.
Tudo repouse e seja calmo onde pouse o seu olhar.
Tudo reflita o que dela brilha.

Hoje aniversaria o meu amor.
E isso não explicam os calendários, não traduzem as certidões.
É mais que uma data. Um início, talvez.
Porque hoje aniversaria o meu amor e isso não é fim ou metade.
É um principiar sempre, em sorrisos, no franzir a testa, no falar em dengos e charmes.
É o sonho que vivo e escolho.
É o meu amor, que hoje aniversaria.

Alberto Guiñazú




Direto na têmpora: The 13th - The Cure

terça-feira, junho 26, 2007

Jet leg

Hoje virei a noite trabalhando, saí da agência às 6h15 da matina, fui dormir às 10h30, acordei às 13h30 e voltei pra ralar às 16h30. Parece que acabei de chegar na Mandchúria e o fuso tá começando a fazer efeito. Até o português eu to com dificuldade de entender.




Direto na têmpora: Meu mundo e nada mais – Maurício Pereira

segunda-feira, junho 25, 2007

Você não me engana, Clemente

Tava ouvindo hoje uma música dos Inocentes chamada Pesadelo. Já tinha ouvido várias vezes, mas hoje a letra me chamou a atenção.

Você corta um verso, eu escrevo outro
Você me prende vivo, eu escapo morto
De repente, olha eu de novo
Perturbando a paz, exigindo troco


Pensei involuntariamente cá com os meus botões: “engraçado, essa letra é muito bacana, poética, não parece coisa do Clemente”. Eu sei, eu sei, escrevendo assim parece que eu odeio as letras do Clemente / Inocentes e nem é isso, é só que o estilo era outro, mais refinado.

De qualquer forma, quando fui buscar na net a referência, não deu outra: os versos são do Paulo César Pinheiro e o burrão aqui nem conhecia. No mais, é como diz o outro, de onde não se espera nada é que não vem porcaria nenhuma mesmo.




Direto na têmpora: Fallin’ – Teenage Fan Club & De La Soul

sexta-feira, junho 22, 2007

Tradutozim

Olhaí um Dennis McHale sobre as despedidas mal-feitas da vida. Ah, com direto a tradução porca, é claro.


I didn’t want you to see me
So I covered my face
And I crawled out the door
So quietly, so slowly
That I missed for a second
You were closing your eyes.


(Dennis McHale)


Eu não queria que você me visse
Então cobri meu rosto
E rastejei porta afora
Tão silenciosamente, tão vagarosamente
Que por um segundo eu não vi
Você tapando seu olhos.



PS - Alguém aí tem um amigo que vá pros EUA (ou venha) por agora e esteja disposto a me trazer uma câmera digital? Tô precisando desse apoio logístico e quem puder ajudar será regiamente elogiado.




Direto na têmpora: Your time is gonna come – Led Zeppelin

quinta-feira, junho 21, 2007

Aquela que matou o guarda

Não sei o que o Mantega anda tomando, mas vou querer duas garrafas pra esse fim de semana.

Mantega: crise aérea é sinal de prosperidade.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou, nesta quinta-feira, que haja um "caos aéreo" no Brasil. Os atrasos e cancelamentos de vôos nos aeroportos são, segundo ele, "parte do preço do sucesso da economia". O ministro acredita que o motivo dos atrasos é o "aumento do fluxo de tráfego por causa da prosperidade do País".




Direto na têmpora: Next year, baby - Jamie Cullum

Tarantino's mind

Pouco me importa como você vai arranjar 15 minutos pra assistir a esse filme aqui ou no Google Video. O que me importa é que você não deixe de ver de maneira nenhuma. O Selton Mello e o Seu Jorge estão simplesmente geniais. A dica vale especialmente para a elite descolada da Tom. Imperdível.



PS- Antes que eu me esqueça, quem passou a dica foi o João Pegão, também conhecido como Gabriel Cisalpino.




Direto na têmpora: Ashes - Ben Harper

quarta-feira, junho 20, 2007

O balão vai subindo...

Já estamos no dia 20 de junho e até agora não participei de uma única festa junina. Minha sorte é que dia 30 tem a festa junina da Sophia pra salvar o mês, mas mesmo assim duvido que vá ter quentão ou cachaça. Isso sem falar que tem hora pra começar e pra terminar. E eu ainda joguei fora a chance de ir à festa junina do Minas neste fim de semana. Raios! Raios duplos! Raios triplos!
Depois as pessoas reclamam quando eu tenho crise de abstinência pela falta de pé de moleque no sangue e saio por aí agredindo pessoas com um mínimo jeito de capiau ou depredando logradouros com o nome de Santo Antônio, São Pedro e São João.




Direto na têmpora: Tanto quanto eu - Ira!

terça-feira, junho 19, 2007

Beijocas

Sophia aprendeu a dar beijinho de esquimó, de borboleta e de vaca. Na verdade ela dá o beijo de esquimó, dá o beijo de borboleta e aí fala "muuuu" e encolhe o rosto pra não levar a lambidona que é o beijo de vaca.
E sabe-se lá porque, eu acho isso a coisa mais maravilhosa do mundo.




Direto na têmpora: She's a mistery to me - Roy Orbison

segunda-feira, junho 18, 2007

De novo o pipi

Como linkei no post anterior, aproveitei para reler o pipi e trouxe cá esta preciosa citação do gajo:

"Sempre que posso, não uso preservativo porque a Igreja é contra. E eu, nestas merdas do sexo, sigo sempre os ensinamentos do Vaticano. Afinal, ninguém percebe mais de pirocada do que os cardeais. Se eles não querem que se use, algum desarranjo a borracha há de fazer ao caralho. Eles lá sabem."

Genial no que pese (ou justamente por isso) a total incorreção política, moral e religiosa.




Direto na têmpora: Something to believe in - The Offspring

Cupido

A Renata do Devaneios me indicou ao prêmio Blogs que falam de Amor, principalmente (ou exclusivamente) por causa do Guiñazú. Não sei se mereço a honra e nem sei se tenho os 10 (!?) blogs para indicar na mesma categoria, mas agradeço penhorado e envio aí uma lista dos que me vêem imediatamente à cabeça:

Devaneios e Desabafos (e nem é pra retribuir a indicação)

Mothern (tem amor maior que amor de mãe?)

Dedo de Moça (amor em forma de poesia)

Verbo Fundamental (amor e saudade do outro lado do oceano)

Descabimento (amor com jeito de conversa à beira do fogão de lenha)

O meu pipi (amor com humor, sacanagem e sotaque lusitano falecido em 2003)

Acho que nenhum deles fala do mesmo amor ou mesmo fala de amor o tempo todo, mas taí a lista.




Direto na têmpora: Mob job - Pat Metheny & Ornette Coleman

Hollywood

Toda história é de Hollywood, menina
Todo amor é de cinema
E quem no seu filme nem faz ponta
Aplaude sempre que entras em cena

(Guiñazú)




Direto na têmpora: Astronomy Domine - Pink Floyd

sexta-feira, junho 15, 2007

A data

Jerônimo sabia exatamente quando ia morrer: 26 de janeiro de 2009. O horário em si, com minutos e segundos, ele não adivinhava, mas o dia era certeza sem fim e sem fundo, travada no verso da mente.
Não foi médico em diagnóstico, cigana em charlatanices, juiz em comando ou matador em encomenda quem marcou o fato, a data. Foi ele próprio, num acordar entressonhos quando tinha 8 anos. Ele mesmo Jerônimo, de visão intra e noção extra, súbita, definitiva.
E Jerônimo viveu-se assim, carregando o maior dos pesos que é saber o próprio fim sem adiamento ou surpresa. Não fez nada além da conta, não consumiu-se em desespero, não foi doidivanas impensado. Trabalhou, casou, teve 4 filhos e calou sua data para o mundo. Segredo em silêncio. Próprio.
No dia 26 de janeiro de 2009, Jerônimo acordou noite ainda em breu e carregou o revólver sonolento e virgem, semiguardado no armário de limpeza. Andou desvestido para o lote vago no fim do quarteirão, sentou-se leve e puxou o gatilho. Arma colada na têmpora.
Jerônimo só faleceu em oficial no 11 de novembro de 2013. Vegetou semigente e semicerto por 4 anos e alguma coisa. Leito branco, rostos brancos. Morreu um pouco na sua própria data e o resto tanto na hora do destino pronto. Nem cara, nem coroa. A moeda às vezes cai mesmo é em pé.


PS: Pra não dizer que não falei da NBA, surra de 4 a 0 do San Antonio Spurs sobre o Cleveland. A humilhação só não foi maior porque a série acaba com 4 vitórias.




Direto na têmpora: Nos cafundó do Zé - Ruy Maurity

quinta-feira, junho 14, 2007

O verdadeiro Guiñazú

Revelação chocante! Guiñazú não só existe como é argentino, jogava futebol no Paraguai e agora está se transferindo para o Inter de Porto Alegre.
Meu mundo caiu. Para saber mais, leia a notícia na íntegra aqui.



Olha aí o Guiñazú jogando o fino da bola.




Direto na têmpora: Só delírio - Telex

Globelezação

Não tenho uma opinião muito clara sobre a globalização. Na verdade nem acho que precise ter já que ela acontece à minha revelia, mas gostaria de deixar claro aqui o meu apoio total e irrestrito à globelezação.
A globelezação é um processo que evolui ainda muito lentamente, mas que eu creio ser fundamental para o surgimento da paz mundial, para a cura do câncer e para o combate à corrupção. É muito simples: a idéia é que surjam cada vez mais mulatas como a Valéria Valenssa em diversos locais do mundo.



Valéria Valenssa? Não, apenas a recepcionista do seu hotel em Tóquio.


Você está passeando por Bergen na Noruega, sem falar uma palavra em norueguês ou inglês e pow! Dá de cara com uma policial clone da globeleza pronta pra lhe ajudar. Aquela bagunça pra entrar no metrô em Nova Iorque e a pessoa que se esfrega em você pra conseguir caber no vagão já lotado é ninguém menos que uma sósia da Valéria Valenssa. Aeroporto de Buenos Aires e a mulher escrota da alfândega é quem? Exatamente! Outro clone da globeleza.
Seria o fim do mau humor e o turismo internacional ficaria muito mais divertido. A única dúvida é: será que o Hans Donner topa?


PS: nos links de bons blogs temos agora dois novos endereços o blog do cejunior e o Dom Caixote. Vale a pena fazer uma visita.




Direto na têmpora: Melody – Rolling Stones

quarta-feira, junho 13, 2007

Um espetáculo!

Ontem fui comemorar o Dia dos Namorados em um concerto sensacional do Nelson Freire. Simplesmente impecável até que ele resolve, no terceiro bis, tocar Jesus Alegria dos Homens. Nada contra a música em questão, pelamordedeus nem pensem nisso, mas é que assim que ele começou a tocar o jagunço atrás de mim começou a solfejar a canção. Foi uma experiência difícil, mas o incauto foi abafado pelos protestos gerais e calou-se.
Aí eu lembrei do dia em que eu e Fernanda fomos a São Paulo assistir a Carreras, Domingo e Pavarotti, mas acabamos curtindo um show dos Quatro Tenores. Sim, é verdade, atrás de nós, acompanhado do filho e de alguns amigos, o quarto tenor exibia seus maviosos gorjeios em acompanhamento aos três esforçados cantores.
Pouco importava que ele não conhecesse a letra, que sua afinação fosse questionável e sua voz medonha, o importante era deixar falar (ou no caso praticamente berrar) a emoção. Não adiantou também que eu me virasse incessantemente, fizesse “ssshhhhhh” ou mesmo exclamasse “cala a boca, caralho”. Não, não, não. O quarto tenor estava ali e não iria deixar de lado o seu grande momento passar incólume.
E eu ali, só pensando que iria passar a noite em um motel de beira de estrada e depois dirigir mais 500 km pra voltar a BH na manhã seguinte. Malditos cantores de platéia!




Direto na têmpora: 4:33 AM (Running Shoes) – Roger Waters

terça-feira, junho 12, 2007

Rapidinha pra fechar o dia

Quando eu era bem pequeno ouvia sempre meu pai falar “Ô meu Deus do céu, sô!” toda vez que estava irritado. Juro que só um pouco mais velho fui entender que o que ele dizia não era “Ô meu Deus do Celso”.




Direto na têmpora: Funky monks – Red Hot Chili Peppers

Gastão pergunta

Meu dileto amigo e grevista engajado, Ewerton Gastão, aproveita o tempo livre que a paralisação do Banco Central lhe oferece para debater assuntos como “a quantas anda a situação da Venezuela” e “que tipo de filho da puta é o Chávez”.

Não satisfeito em tergiversar sobre tais temas com os coleguinhas subversivos, Ewerton me envolve na situação e pede que, na condição de filho de brasileiros que vivem na Venezuela, dê o meu pitaco (ou pior, reproduza a opinião dos meus genitores) sobre o tema.

Eu, como não tenho um pingo de vergonha na cara, vou aqui discorrer sobre as questões propostas como se realmente tivesse um mínimo conhecimento. Preparem-se que lá vem bobagem.

Meu pai diz que a Venezuela é o Brasil há 30 ou 40 anos e realmente em muitas coisas é. Por exemplo, duas maiores hidrelétricas da Venezuela e dois de seus maiores rios estão em Puerto Ordaz (cidade de meus pais), mas existe um racionamento de água que vai das 23h até as 5h. A sensação de viver às margens do deserto de Gobi é ridícula.
O exemplo serve pra mostrar como o excesso do petróleo fez da Venezuela (não necessariamente do povo) uma referência de preguiça. Melhorar pra quê se tem tanto petróleo?

Aí entra Chavito. O cara foi golpista, é populista até o talo e tem fortes tendências ditatoriais, mas deu passos importantes pra tirar o país da inércia.
Por exemplo, grande parte dos protestos contra Chávez é pelo fato dele fechar empresas que não paguem seus impostos. Isso porque durante décadas sonegar não dava cadeia e nem punição. Era comum não pagar e pronto, então quem levava vantagem acha um absurdo.

Outro detalhe é o limite da compra de dólares no câmbio oficial e a desdolarização da economia. Antes a evasão de divisas era liberada, o dólar era moeda não oficial e tava tudo bem. Foi só o homem estancar a sangria que lá veio pedrada. Isso sem falar que a maioria das decisões foi referendada pelo voto popular e, ao contrário de Cuba, as eleições são acompanhadas por organismos internacionais e ocorrem dentro de certos limites de transparência e seriedade.

Agora, é um governo que não investiu na indústria de base como deveria, que comprou brigas internacionais absurdas e prejudiciais e que vem perdendo a capa de “democrático” para se revelar despótico e intolerante. Sem falar que nunca é bom para o povo ter um líder que se perpetua no poder por tempo indeterminado, o que desestimula o debate e as visões diferentes de desenvolvimento, responsabilidade social, etc.

Resumindo, na minha opinião Chávez é um mal necessário para a Venezuela. O país precisava de alguém que tomasse certas iniciativas, que enfrentasse certos poderes, que não tivesse tanto rabo preso. Mas que não vai acabar com tranqüilidade essa história, isso não vai mesmo.
Respondido, meu bom Gastrópodo?




Direto na têmpora: Suicidal Failure – Suicidal Tendencies

12 de junho

Os dedos dele entrelaçados nos cabelos dela.
Os olhos dela repousando no sorriso dele.
Juntos há um dia? Um ano? Uma vida?
Namorados fazem do tempo um brinquedo.
E de se amar brincam eternamente.
Docemente.
Adolescentemente.

(Alberto Guiñazú)




Direto na têmpora: Merman - Tori Amos

segunda-feira, junho 11, 2007

Capítulo 1

Na rua Belisário Cortez, bem ao lado da funerária, ficava o Bar do Neco. Na esquina de baixo, a rua da zona com suas casinhas em seqüência, quase todas de paredes cor-de-rosa ou verde-claro, cortesia das tintas distribuídas há uns 6 ou 7 anos por um comerciante local que queria melhorar o aspecto da região.

Era uma rua asfaltada, limpa, de iluminação amarelada. O movimento já fora bem maior e hoje as mulheres exageradamente maquiadas e exiguamente vestidas chamam menos a atenção do que os avisos de “residência familiar” dependurados em alguns portões para evitar as confusões dos bêbados ou novatos durante a madrugada.

Todas as quartas o Renato saía do Bar do Neco depois de tomar uma cerveja com o pessoal da gráfica e descia a rua. O olho puxava para a esquina. Renato tinha 18 anos e não conhecia ainda uma mulher. Seu namoro com a Cida era sério e só sério, já que ela brecava suas vontades com um fervor religioso que refletia a educação e as cobranças da família. Olhava, o corpo adernava, imantado, mas o pudor vencia e Renato rumava pra casa com o passo calmo das noites de quarta-feira.

A avó já dormia, inundando a salinha de um ronco forte. Na geladeira um pedaço de queijo, um copo de leite e o corpo pedia cama. Escovava os dentes com uma pressa pouco higiênica e começava a rezar enquanto bochechava e preparava-se para cuspir o dentifrício: amanhã era quinta e quintas são dias bons.

Acordava com a avó cantando um samba antigo, o mesmo de todas as manhãs: “E quando à Terra eu voltar, sei que estão me esperando, numa prova de alegria eu vou chegar sambando”. Achava aquilo muito estranho, misturar samba com viagens espaciais e ainda mais com a avó cantando, mas gostava e sorria, era seu melhor jeito de começar a manhã. O pão quente com muita manteiga e o café forte enchiam o estômago e mandavam Renato pra rua. Quintas-feiras são boas.




Direto na têmpora: Uma barata chamada Kafka - Inimigos do Rei

DNA

Sábado a Sophia experimentou refrigerante pela primeira vez. Foi um gole de coca-cola que ela cuspiu imediatamente com uma divertidíssima cara de nojo e alguns tremeliques involuntários pelo corpo.
Além disso, Sophia não é fã de carne de boi e está cada dia mais linda. Aí eu me pergunto: quem será o pai verdadeiro dessa criança, meu Deus!?




Direto na têmpora: House of pain - Van Halen

sexta-feira, junho 08, 2007

Sessão Tripla

Logo que me mudei pra BH criei um hábito bastante interessante para minhas tardes de ócio (que no meu primeiro ano aqui foram muitas, já que logo passei a seguir a filosofia do Bruno Coelho que duvidava da inteligência de se estudar durante um período letivo inteiro quando seria muito mais prático estudar apenas um mês na recuperação): a sessão tripla.
A sessão tripla consistia em sair de casa logo após o almoço, assistir a sessão das 14h em um cinema qualquer (Acaiaca, Brasil, Royal), das 16h no Palladium e fechar no Jacques às 18h. Tudo isso a pé, o que pedia um planejamento cuidadoso de distâncias e horários que era metade da graça da atividade.
Obviamente no final do dia os três filmes estavam completamente misturados no cabeção e a comédia da primeira película se mesclava com a sanguinolência do segundo roteiro e terminava toda embolada com o drama chorão derradeiro.
Tirando isso, era um programa simplesmente genial. Você sentia que tinha aproveitado a tarde ao máximo, ficava sempre em dia com os lançamentos e ainda poupava tempo do seu fim de semana para fazer coisas mais produtivas como beber desgovernadamente.
Então ta resolvido: no próximo feriado eu pego uma sessão tripla de qualquer jeito pra matar saudades. Se a Fernanda deixar, eu pego.




Direto na têmpora: Radio Friendly Unit Shifter - Nirvana

Malditos Spurs

Não que alguém se importe em plena sexta-feira depois de um feriado (ok, talvez o James), mas ontem foi o pior jogo de uma final de NBA dos últimos anos. Para falar a verdade, possivelmente de todos os tempos.
O segundo quarto foi um lixo e o LeBron James (teoricamente um futuro Jordan) foi horrendo. Em 7 tentativas conseguiu acertar 0 no primeiro tempo do jogo inteiro. Sim, 0 em 7 nos primeiros dois quartos. Até o Anderson Varejão tava melhor que BronBron.
Agora é ficar com sono o dia inteiro e torcer pra que o San Antonio acabe logo com isso. Aliás, só pra esclarecer, eu até gosto dos Spurs, mas é que eles são como o Grêmio no auge: cansa ver aquele joguinho feijão com arroz e uma superdefesa ganhar todo ano.
Ah, como eu detesto ainda me importar com o basquete da NBA. Aposto que isso é praga do Rubinho.



Direto na têmpora: Mamma Maria – Ricchi e Poveri

quarta-feira, junho 06, 2007

Nojinho

Tem um caso muito escroto de uma agência que trabalhei que quem tiver nojinhos é melhor nem ler.
Houve uma época em que um dos sanitários da agência andou entupindo muito e o técnico que foi visitar chegou ao veredicto de que a causa eram pedaços de algodão usados de forma indevida por algum funcionário como substitutos de papel higiênico.
Lógico que o assunto virou piada e um começou a insinuar que o outro tinha hemorróidas, ao que este respondia que era um terceiro que usava o algodão por ser mais delicadinho naquela região, enfim, uma baixaria.
O fato é que mesmo com os repetidos avisos sobre os malefícios da malfadada prática, o “cagão misterioso” (como ficou conhecido nosso pequeno contraventor) insistia na preservação de sua retaguarda com um produto mais suave que o tradicional Neve.
Num acesso de fúria diante de tanta insubordinação o dono da agência irrompe no banheiro e, encontrando um algodão usado na lixeira, recolhe o material, aproxima do nariz e declara enquanto cheira freneticamente a “prova”: “Olhai, é cocô! É cocô sim! Não é possível!”
Ainda estava segurando o queixo diante da cena quando um gaiato ao meu lado comentou: “Pois pra mim o cagão é ele mesmo. Ninguém pega em bosta alheia assim com tanta autoridade”.
Só não caí na gargalhada ali mesmo na frente do patrão porque precisava muito do emprego.




Direto na têmpora: I'm waiting for the man - Velvet Underground

Clemente



Eu tive um casal de bulldogs: Clemente e Daphine. Clemente morreu, mas Daphine continua lá, bastante reclusa e sendo alimentada pela Sophia diariamente.
O Clemente era um bulldog branco, gigantesco e que odiava a Fernanda. Ele se dava bem com todo mundo, mas tinha uma birra da Fernanda que era descomunal.
Logo que a gente se casou, recém-chegados da lua-de-mel, uma roupa novíssima da Fernanda esperava sobre a bancada para ser passada. Num acesso de fúria Clemente subiu na bancada, pegou a blusa e a destroçou completamente sem dó, nem piedade. O detalhe é que as roupas sempre ficaram ali e ele nunca se incomodou enquanto eram só as minhas.
Parece bobagem, mas foi a partir dali que eu percebi que estava saindo de um nível de relaçao pra começar outro.




Direto na têmpora: Sua Cara - Virna Lisi

terça-feira, junho 05, 2007

Um pouco de medo

Ofereço-te um pouco de susto para que não penses em mim com certeza.
Quero de ti esta pressa, esta urgência um tanto sofrida de não me saberes aqui amanhã.
E se repito o veneno, se falto o remédio, se traio a ginástica, é que me encanta oferecer-te esse pouco de medo, essa delicada pulga que pouso atrás de tua orelha e que, amestrada, te faz mais minha.
Mais minha.
Mais minha.




Direto na têmpora: Adágio - Marco Antônio Araújo

segunda-feira, junho 04, 2007

Day #1

Aqui na Domínio faz frio 24 horas por dia. Sem exagero. A grande vantagem é que aquela briguinha de “liga o ar”, “desliga o ar” não existe sequer em pensamento. No mais, a vista é bacanaça e tem uma boa galera conhecida.
O lado ruim é que a procura de vagas nas ruas, provavelmente por causa dos hospitais, é um inferno, o que me obrigou a virar mensalista de um estacionamento.
Coisinhas do primeiro dia, nada demais não, só mesmo pra não dizer que não postei nada.




Direto na têmpora: First day on a brand new planet - Yatsura