terça-feira, outubro 31, 2006

Shhhhhhhhhh

Em uma semana onde minha burrice e minha capacidade de falar mostraram-se, pela milionésima vez, uma combinação bastante destrutiva, o PC Pod me lembra dos conselhos de Arnaldo Antunes na bela canção "E estamos conversados". Agora é só colocar em prática e fechar essa maldita matraca.

"Eu agora só escuto rádio, vitrola, gravador.
Campainha, telefone, secretária eletrônica eu não ouço nunca mais.
Pelo menos por enquanto.
Quem quiser papo comigo tem que calar a boca enquanto eu fecho o bico.
E estamos conversados."




Direto na têmpora: Bravo mundo novo - Plebe Rude

Na veia

Os profissionais de criação se parecem com os traficantes em muitas coisas. Ambos se consideram mais poderosos do que são, vendem produtos sem se preocupar muito com a procedência ou com o efeito nos consumidores e quase sempre exageram suas qualidades (deles próprios e dos produtos).
Outra coincidência é que, depois dos 50, tanto o criativo quanto o traficante ou estão mortos, ou largaram a atividade ou só administram a boca. Não dá outra.
É por isso que tem tanta gente dizendo que essa profissão é (desculpem a piadinha infame) uma droga.




Direto na têmpora: Matuta véia - Ruy Maurity

segunda-feira, outubro 30, 2006

Quem herda nao furta

Já dizia a minha avó que quem herda não furta. E eu, como a pessoa mais chata do mundo quando o assunto é comida, deveria saber que Sophia não seria moleza.
Pois agora ela só come com a Lílian, a moca que trabalha lá em casa. Não come com a mãe, não come comigo, não come com avós, tias ou qualquer outra pessoa. Só com a Lílian.
Até aí, tudo bem. A baixinha come de terça a sexta e fica três dias sem comer. Ótimo. Lindo. Mas em janeiro chegam as férias da Lílian e aí não vai ter jeito: ou Sophia come na marra ou vai ficar com um look "modelo de fashion week" (aliás, quem gosta de mulheres magrelas daquele jeito, meu Santo Antonio do Goiabal?).
Daí que concluí o seguinte, a culpa é minha e pronto. Quem mandou torturar os pais com a chatice pra comer durante anos a fio? Não quis comer feijão, ovo, frango, peixe, agora eu que me vire (junto com a Fernanda, claro) pra fazer a menina se alimentar direito. A única esperança é que meus genes da chatice sejam recessivos e isso tudo não passe de uma fase.
Come, menina!!!




Direto na têmpora: Don't you want me, baby? - Human League

Justo na hora

O Aderbal, um monstro de redator, trabalhava na SMPB quando eu fiz estágio lá, aliás, uma aula a cada dia com Louro, Geraldo Leite, Ricardo Carvalho, Boca, Marquinhos, Amauri, Vitão e por aí vai. Só que o Aderbal dava um azar fodido com o Maurício Moreira, um dos donos na agência na época. Não importava o quanto ele houvesse ralado no dia, era só colocar as mãos na nuca, apoiar os pés na mesa e o Maurício entrava na sala. Queria chamar o Maurício Moreira, era só pedir pro Aderbal ficar à toa, tipo acender cigarro pro ônibus chegar ou lavar o carro pra chover. Sempre depois do ocorrido lá vinha o Aderbal: "Ah, não. É muito azar. Eu ralei o dia inteiro e esse cara entra aqui agora? É azar demais."
Até que em um dia especialmente cansativo, já depois do expediente, o Aderbal se recosta na cadeira e coloca os pés sobre a mesa ao lado da máquina de escrever (sim, crianças, ainda não havia computador na SMPB na época). Coisa de um minuto depois o Maurício Moreira irrompe no recinto, sendo recebido por um Aderbal revoltado. "Ah, não, Maurício! Eu tava trabalhando até agora! Não tem um minuto que eu parei. Vai dar azar assim na puta que o pariu."
Passaram-se bons minutos até que o resto da equipe e o próprio Maurício Moreira parassem de rir.




Direto na têmpora: Cidade Chumbo - Inocentes

Red Auerbach is dead

Esse site não é sobre basquete (na verdade, é sobre o quê?), mas para quem é fã do esporte e acompanha desde 84 não dá pra deixar de falar sobre a morte de Red Auerbach aos 89 anos. O cara ganhou 8 títulos em 9 anos, 16 no total e descobriu alguns dos maiores talentos da NBA. Em Boston, Red era uma das coisas mais parecidas com Deus que já se viu. Eu, que só assisti a um jogo dos Celtics ao vivo (e nem foi no Garden) fico com a impressão de que a mística vai se perdendo aceleradamente e o time está cada vez mais perto de ser só mais um. Uma pena, Red.




Direto na têmpora: School - Supertramp

quinta-feira, outubro 26, 2006

That's me everyday, babe

"Writing the words of a sermon that no one will hear."




Direto na têmpora: Sorrir - Cristina Buarque de Hollanda

People are strange

People are strange when you're a stranger
Faces look ugly when you're alone
Women seem wicked when you're unwanted
Streets are uneven when you're down

When you're strange
Faces come out of the rain
When you're strange
No one remembers your name
When you're strange
When you're strange
When you're strange

(The Doors)




Direto na têmpora: No sleep till Brooklyn - Beastie Boys

quarta-feira, outubro 25, 2006

Costinha e a Loterj

O falecido, boca-suja e engraçadíssimo Costinha foi, durante um bom tempo, garoto-propaganda da Loterj. Além de vários comerciais divertidos, ele deixou essa pérola que quem ainda não assistiu precisa ver. Mas não parem no meio, porque o melhor mesmo está no final. E pra quem tiver curiosidade, vários dos comerciais "sérios" com ele estão no Youtube, é só digitar "Costinha" e "Loterj".

http://www.youtube.com/watch?v=4Df9RzgvkMo




Direto na têmpora: The times they are a-changin' - Bob Dylan

Pragas

Um avião estava preso na rede elétrica
Já não era possivel tirá-lo

Diabo de vida
Onde me enredo em pequenas teias
Diabo de sonho
Cujo significado consigo compreender

Diabos! Diabos!
E praguejar já não adianta nada

(Alberto Guiñazú)




Direto na têmpora: You really got me - Kinks

Going Home


Chegar em casa estourado, pedindo pra morrer e uma coisinha de 9 meses te receber fazendo carinha de "porquinho" é a receita perfeita pra conseguir mais 4 ou 5 horas de energia pra brincar, rolar no chão, fazer mamadeira e dar banho achando tudo uma maravilha.




Direto na têmpora: The Punch Line - Mighty Mighty Bosstones

terça-feira, outubro 24, 2006

O novo atendimento

Estão profetizando por aí o fim do profissional de atendimento. Uma visão apocalíptica para quem, como eu, prefere não ter tanto contato assim com os clientes. Movido por este sentimento pouco nobre, proponho uma alternativa para o funcionamento do setor ao invés de sua pura extinção. A idéia é simples, transformar o Departamento de Atendimento em um telemarketing com todas as suas características.
Peço que a diretoria da TOM avalie a proposta e, para isso, apresento aqui um exemplo de como a coisa funcionaria. Nota importante: é fundamental imaginar esta situação às 18h15, com todas as respostas do Telemarketing de Atendimento com um forte sotaque paulista.
_ Telemarketing de Atendimento, boa noite.
- Boa noite, eu estava precisando de um anúncio urgente. É de hoje pra hoje, porque ainda tenho que aprovar pra veicular amanhã. Não dá pra ter foto e nem nada.
- Senhor, infelizmente o sistema não permite este tipo de operação.
- Mas eu sempre fiz isso, minha filha!
- Senhor, infelizmente o novo sistema de atendimento por telemarketing não admite mais este tipo de solicitação.
- Mas tem que admitir! Eu preciso desse anúncio agora, porra!
- Sinto muito senhor, mas o sistema não permite.
- Eu quero falar com o seu coordenador!!! Agora!!!
- Pois não, senhor. Aguarde um instante.

(Seguem-se 25 minutos de mensagem eletrônica com musiquinha irritante e um anúncio gravado de "por favor, aguarde, sua ligação é muito importante para nós".)

- Coordenador do Telemarketing, boa noite.
- Boa noite, amigo. Eu estou precisando de um ad de hoje pra hoje e a sua funcionária aí disse que isso não é possível. Que o sistema não deixa. Isso é um absurdo, eu preciso desse anúncio pra hoje!
- Senhor, a informação está correta. O novo sistema não permite este tipo de prazo.
- Mas quem foi que inventou essa merda!? Eu preciso desse ad!!!
- Senhor, não se altere. São normas da empresa e não há nada que eu possa fazer. Posso ajudá-lo em mais alguma coisa?
- Pode ir à merda, seu filho da puta!!! Quero cancelar minha conta agora nessa espelunca!!! Agora!!!!!
- Um instante, senhor. Estarei transferindo sua ligação para o Departamento de Cancelamento.

Bastam 2 transferências para setores errados e 50 minutos de espera com a tal musiquinha irritante para o cliente desistir e, em meio a uma crise nervosa, demitir todo o seu Departamento de Marketing. A conta continua salva, a criação não precisa virar mais uma noite e duas semanas na casa de repouso fazem muito bem a qualquer cliente.




Direto na têmpora: Sweet Virginia - Rolling Stones

segunda-feira, outubro 23, 2006

Botecando

Estive em Ipatinga no sábado e, além de rever grandes amigos e vender o meu livrinho, tive notícias muitíssimo interessantes para (sobre) os cachaceiros da terrinha: dois amigos, Nakaba e Zenon, estão abrindo bares. Bares diferentes em diferentes lugares, diga-se de passagem.
Pois essa coincidência me lembrou do Burrim, outro ipatinguense, que conseguiu um bar bem debaixo da Baturité, um dos pontos mais cobiçados de BH no início da década de 90. O Burrim, além de figura maravilhosa, de uma criatividade absurda e lealdade fora do normal, era um bebum de marca maior. Tomava todas e tomava bem, sempre com amigos, bom clima e ótimo papo.
Voltando ao bar, chamava-se Pepe Legal e ficava no meio da muvuca que era aquela região da Cidade Nova. Íamos sempre pra lá e a história se repetia. A conversa ia rendendo, o povo ficando tonto e não passava da meia-noite lá ia o Burrim espantar a freguesia, fechar a porta e tomar uma com os amigos dentro do bar. Mesmo quando continuávamos do lado de fora com os outros clientes, fazia questão de não cobrar nada ou muito pouco dos conterrâneos. Some-se a isso o fato do Burrim consumir grande parte do estoque e deu no que deu. O Pepe Legal quebrou em menos de um ano.
Sorte ao Nakaba e ao Zenon, mas nunca se esqueçam da máxima: botecos, botecos, amigos à parte.




Direto na têmpora: Pelo interfone - Ritchie

Mon Amour

Hoje no almoço descobri, entre estarrecido e divertido, que um amigo meu de longa data (na verdade, irmão de um grandessíssimo amigo meu) se transformou na tradução perfeita da folclórica canção de Odair José. Sim, ele está namorando uma meretriz. Não só está namorando, como apresentou para o irmão e sobrinhos. Não só está namorando, como apresentou pra mãe que, aliás, já sabia do ganha-pão da moça.
Claro, claro, o amor não tem fronteiras. Até porque a ex-mulher de tal parceiro ele conheceu no hospício (não, não é piada e eu juro), mas não consigo me imaginar chegando para minha digníssima progenitora e apresentando tal donzela. Ainda mais se a garota em questão (como é o caso) residisse no interior de Minas e oferecesse seus préstimos na boite Mon Amour.
Mas o melhor, o melhor mesmo, é que a moça é ciumenta e liga para o namorado por volta das 3h da manhã pra saber o que ele anda aprontando, se está em casa, se está sozinho e tal. Imagino a resposta cândida e cheia de ternura:
"Tô em casa mesmo, amor, e você, o que anda fazendo?"
Com todo o respeito, meu chapa, essa eu não encarava. De qualquer forma, boa sorte e seja feliz.




Direto na têmpora: Girl gone bad - Van Halen

sexta-feira, outubro 20, 2006

Fusos

Trabalhei numa agência onde o Diretor de Criação tinha um fuso horário diferente do resto da equipe. Depois de passar a tarde inteira fora (jogando peteca, diziam as más línguas), ele chegava esbaforido lás pelas 5 e meia, 6 da tarde e enchia todo mundo de serviços urgentes. Era um negócio chato, desagradável, mas que o povo já esperava. Dava perto das 6 e lá vinha o cabra começar a trabalhar.
Pois antes de eu entrar na tal agência, uma redatora muito amiga minha, profissional premiadíssima e da mais alta estirpe, viveu uma situação curiosa por causa desta diferença de fusos. Eram 6 e meia da tarde quando chega o infeliz. Ela de compromisso marcado e ele cheio de trabalhos urgentes, a tensão foi inevitável. Fechou a cara, resmungou alguma coisa e pôs-se a trabalhar. Passado algum tempo ela se levanta de repente, pega a bolsa e começa a andar rumo à porta. O Diretor de Criação então desespera-se e meio que grita na frente de todo mundo:
"Peraí! Onde é que você tá indo, pô?"
Minha amiga então vira-se, furibunda, e dispara no mesmo tom:
"Se você deixar eu estou indo trocar o meu modess. Posso!?"
E assim, vingada, dirigiu-se ao toilette.




Direto na têmpora: Sonia (uncensored) - Leo Jaime

Rasputina

Três mulheres tocando cello, um cara na bateria e um sei lá o quê que leva da euforia à raiva, do embevecimento ao total sentimento numb. E isso desde 96. Amanhã é dia de ir pra Ipatinga, mas hoje é dia de ouvir Rasputina.

"Let me tell you more, you'll see what I mean.
I took a sealion by the waist and I twisted it.
Then I kiss-ed it. It was mossy and chaste.
That is funny, isn't it?
Not to tell you would be such a waste.
Can't you see me?
I am your long lost best friend.
Please believe me.
All these things have happened.
I went for a ride on the carousel.
I was on a yellow horse, right behind the swan.
In the swan, a man and a woman they were doing it.
I didn't want to look. I wished I'd brought a book."




Direto na têmpora (há quase duas horas): Our Lies - Rasputina

quinta-feira, outubro 19, 2006

Mais uma do Vinicius

Um dia perguntaram pra Vinicus de Moraes se ele acreditava em reencarnação. Ele ficou meio na dúvida, disse que não tinha muita certeza sobre o que pensava e tal. Aí perguntaram como ele gostaria de voltar se houvesse afinal a tal da reencarnção. Se como algum bicho, como outra pessoa, alguém diferente, sei lá. no que o poetinha responde na bucha: "Acho que gostaria de voltar como eu mesmo, desse meu jeito, só que com um pau um pouquiiiiinho maior".
Como ele mesmo dizia, "um monstro de delicadeza".




Direto na têmpora: Essa linda canção - Camisa de Vênus

Vinicius de Moraes

Hoje o poetinha faria 93 anos. Segue aí uma obra-prima do fenomenal Vinicius de Moraes.


Poema de Natal

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.




Direto na têmpora: Synchronicity II - The Police

quarta-feira, outubro 18, 2006

Calor

Calor pra mim é Ipatinga. Um Chicabon, um banho de mangueira no quintal, a vaca preta feita com o sorvete e a Coca que meu pai trazia da Vila Ipanema (junto com algumas Caracu). As janelas abertas, irmãos sem camisa e ele dizendo "olhas as árvores, tudo paradinho, não tem um vento".
Calor pra mim é demorar um pouco mais a dormir, porque a temperatura fervilha bobagens na mente e inquieta o corpo. E cama não é lugar pra todo tipo de calor. Daí acorda-se mais cedo pra tomar um suco e a gente formiga de vontade de sair e fazer não sei o quê.
Calor pra mim é o estalo no meio do dia dizendo "ai, como eu queria uma piscina, uma cerveja, um beijo na boca" e a tela do computador ali, quieta, te olhando sisuda com o frio texto ainda por fazer.
Calor pra mim dá bambeza, dá suor e gruda a gente no sofá de couro com o programa bobo da tv.
Calor pra mim faz a tarde durar, o dia sem querer ir embora, cheio de coisas, de promessas, de convites. E a gente sem saber se pede mais uma ou se toma um banho pra refrescar. Porque a noite de calor vem aí, talvez até com um grito de chuva na madrugada. E isso também é bom.




Direto na têmpora: Devil inside - INXS

terça-feira, outubro 17, 2006

Carrinho no pescoço

Já está devidamente linkado no Pastelzinho o Carrinho no Pescoço, um excelente blog sobre futebol do qual sou fã assíduo. Parece que ele morreu um pouquinho, mas já tá bem de novo. É isso aí.




Direto na têmpora: Air - Bobby McFerrin

segunda-feira, outubro 16, 2006

Alias

Outra boa do Luigi Caneloni foi quando, escutando uma discussão sobre o poder de consumo do público gay, decidiu que ia mudar de rumo (apenas da agência, compreendam). Iria criar uma estrutura voltada para se tornar a primeira agência de publicidade do Brasil especializada no cliente homossexual. O passo inicial seria simples: trocar o nome da empresa de Aliás para ALILÁS.
Não sei porque o projeto não foi pra frente, mas que seria genial, seria.




Direto na têmpora: Pretty woman - Roy Orbison

Por conta da conta

Na época da ABC, o Augusto premiava cada conta nova ou grande campanha aprovada com um boca livre no Cozinha de Minas, bem ao lado da agência. Ele mesmo não ia, mas a equipe toda se reunia com um cheque em branco e muita vontade de comemorar. Tudo ia muito bem até que uma conta com 12 ou 13 doses de Havana fez cancelar a tradição. O Oliva aliás, tem um ótimo caso nessa mesma linha com o título de "Pato Laqueado", que você pode ler no blog dele (Causos de Publicidade, nos meus links).
Na Aliás havia algo semelhante, só que o local das comemorações era uma tal churrascaria Porcão na Afonso Pena (apenas uma homônima, já que a original não havia chegado ainda a BH). Sendo assim, a cada boa notícia, a criação se manifestava com incessantes e selvagens gritos de "We want the pig! We want the pig!". Parecia uma versão capitalista do "Senhor das Moscas", mas sempre surtia efeito e acabávamos nos empanturrando de carne e cerveja no supracitado estabelecimento comercial.
Não sei se Don Luigi Caneloni mantém a tradição, mas deveria. Nada como uma boa farra pra comemorar, periodicamente, o sucesso de uma equipe.




Direto na têmpora: Les embouteillages - Sanseverino

Menininha



Menininha do meu coração
Eu só quero você
A três palmos do chão
Menininha não cresça mais não
Fique pequenininha na minha canção
Senhorinha levada
Batendo palminha
Fingindo assustada
Do bicho-papão

Menininha, que graça é você
Uma coisinha assim
Começando a viver
Fique assim, meu amor
Sem crescer
Porque o mundo é ruim, é ruim e você
Vai sofrer de repente
Uma desilusão
Porque a vida é somente
Teu bicho-papão

Fique assim, fique assim
Sempre assim
E se lembre de mim
Pelas coisas que eu dei
Também não se esqueça de mim
Quando você souber enfim
De tudo o que eu amei.

(Vinicius de Moraes & Toquinho)




Direto na têmpora: Stray Cat Strut - Stray Cats

sábado, outubro 14, 2006

O tempo avua

O Floyd sabe ser deprê quando quer, mas ô letrinha verdadeira essa de Time. Vai aí um trechinho em homenagem a tudo o que se faz por dinheiro.

"And then one day you find ten years have got behind you
No one told you when to run, you missed the starting gun

And you run and you run to catch up with the sun, but it's sinking
And racing around to come up behind you again
The sun is the same in the relative way, but you're older
Shorter of breath and one day closer to death

Every year is getting shorter, never seem to find the time
Plans that either come to naught or half a page of scribbled lines
Hanging on in quiet desperation is the english way
The time is gone, the song is over, thought I'd something more to say"




Direto na têmpora: Menininha - Toquinho

Yustrich

Fui Diretor de Criação da Bros por 2 anos. Pra mim a experiência foi muito boa, mas fiquei com a certeza de que poderia ter feito muito mais no período.
Na verdade a agência ganhou contas, levou prêmios e melhorou sua estrutura (e sua imagem), mas acho que acrescentei pouco aos profissionais de criação que trabalhavam comigo. Talvez tenha sido muito amigo e pouco chefe, o que nem sempre é bom.
Claro que o oposto também pode ser complicado se houver exageros. Não sei, por exemplo, se um Diretor de Criação estilo Yustrich funcionaria. Pra quem não sabe, o Yustrich era um técnico paquidérmico que, segundo a lenda, chegava a bater em alguns jogadores no intervalo dos jogos. Imagino aquela menininha recém-formada apresentando o layout e o DC Yustrich aos berros. "Você tem coragem de me trazer essa merda!? Precisa suar a camisa, minha filha! Você não tá mais na casinha da mamãe não! Ou aprende a trabalhar, ou vai pra rua, porra!" E tome bofetão.
Pensando bem, sabe que podia até funcionar?


PS - Este post de manhã de sábado é patrocinado pela Claudia Gis e tem o apoio da Odebrecht e do Banco BMG.




Direto na têmpora: I'm walking on sunshine - Katrina and the Waves

sexta-feira, outubro 13, 2006

O Aroeira

Tenho um amigo, o Joãozinho Morróia, que nasceu em Ipatinga, formou-se em Ouro Preto e morou em Brasília. Ele conta que, quando viveu na Candangolândia, tinha um amigo chamado Aroeira, sobrenome herdado do pai, um célebre membro do Exército Brasileiro.
Pois o Aroeira Filho tinha um fraco pelo meretrício. Metia-se (sem trocadilhos) em tudo o que é zona da cidade, entregando-se aos prazeres mais mundanos. Diante de tamanha atividade ocorreu o esperado e o rapazete contraiu uma doença venérea. Não contente em sofrer de constante incômodo no baixo leblon, Aroeira espalhou a nova entre os colegas em busca de algum tipo de auxílio e as notícias de sua situação espalharam-se rapidamente.
Ajuda para curar a moléstia não conseguiu, mas já na manhã seguinte ao surgimento do boato, o muro de sua casa estava pichado em letras garrafais com a mensagem curta e direta: O AROEIRA TÁ DE CANCRO DURO. Como Aroeira no caso poderia designar pai ou filho, armou-se um incidente militar dentro da casa, não tanto pela doença do jovem, mas principalmente pela reputação do velho.
O resultado foi que, numa bela manhã de sábado, Aroeira (o filho) exercitava seus dotes artísticos e, demão após demão, devolvia a moral e os bons costumes ao muro daquela prestigiosa residência.




Direto na têmpora: Tiny Dancer - Tori Amos

quarta-feira, outubro 11, 2006

Dia das Crianças


Amanhã é o primeiro Dia das Crianças da Sophia. Parabéns pra ela e pra tudo quanto é moleque desse mundo.




Direto na têmpora: Where are you going - Dave Matthews Band

Pé quebrado

Fiz um verso assim, rimado
Meio torto, pé quebrado
Com rimas desse meu jeito
Que pros outros é defeito

Por me faltar verso perfeito
Daqueles que o amor é feito
Vou viver rimando errado
Apressado, atrapalhado

Perdoe quem do meu lado
Me sabe tão limitado
Mas a rima vem do peito
E rimar mal é meu direito

(Alberto Guiñazú)




Direto na têmpora: Romeo and Juliet - Dire Straits

O triunfo da vontade

Não tive contato com o David Paiva e só conheço esse caso de orelha, portanto não aceito ser processado por qualquer inverdade, exagero ou mentira deslavada escritos aqui. Mas o que ouvi foi que o David, um dos grandes redatores que já passaram por Minas Gerais, era famoso por seu pavio curto.
Certo dia, em uma reunião com um megacliente da agência, campanha praticamente aprovada, a sobrinha de um dos diretores da empresa, menina recém-formada e cheia de boas intenções, faz a observação.
"Tá tudo ótimo! Acho que nem precisa desse blá-blá-blá aqui."
David levanta-se imediatamente e, dedo em riste, descasca a menina da cabeça aos pés.
"Blá-blá-blá!? Você dobre a língua pra falar do meu texto. Nem saiu dos cueiros e vem falar do meu trabalho. Que porra é essa?"
Seguiram-se alguns minutos de fúria, a menina chorando copiosamente, a turma do deixa-disso intervindo até que acharam melhor dar por encerrada a apresentação. A moça acabou desistindo de trabalhar em comunicação e a campanha eu nem sei que fim levou, mas fala a verdade, quantas vezes você já teve que se segurar pra não dar uma extravasada assim em plena reunião? E mais, deve ou não deve ser a melhor sensação do mundo?




Direto na têmpora: Coisa medonha - Xique Baratinho

terça-feira, outubro 10, 2006

Cancela tudo

Faz um tempo que descobri que as empresas me julgam um cliente importante e passei a usar isso para obter vantagens. Se tem algo que não me agrada, digo as palavrinhas mágicas "vou cancelar" e mil portas se abrem. Assim já ganhei celulares, aumentei a velocidade de minha banda larga e recebi descontos inenarráveis.
Pois faz um tempo estava contando que, chegou a fatura do cartão de crédito, eu ligo e digo que quero cancelar porque a anuidade está alta. Depois de 80 minutos ao fone, invariavelmente saio com anuidade grátis. Ouvindo essa conversa, a socialite e grande dama das relações Brasil-França, Carmita Almeida (conhecida e invejada entre as castas mais baixas pela alcunha de Cacate) resolveu utilizar a mesma técnica para economizar seu rico dinheirinho. Pegou o telefone, ligou para a Credicard e com empáfia disparou:
"Eu gostaria de cancelar o meu cartão, a anuidade está muito alta."
"Mas a senhora é cliente há 20 anos, senhora."
"Eu sei, mas a anuidade está alta e eu prefiro cancelar."
"Ok, a partir deste momento o seu cartão está cancelado."
Ainda em choque com a resposta e com a perda de todos os benefícios adquiridos durante este longo tempo, Carmita Almeida investe com fúria sobre este pobre escriba e passa a duvidar sistematicamente de minha palavra e, conseqüentemente, do meu caráter. Nunca mais entrarei no Automóvel Clube.




Direto na têmpora: Sweet Jane - Velvet Underground

segunda-feira, outubro 09, 2006

Coisa de mae

Um pouco mais cedo mandei pra minha mãe o seguinte poema:

Mudança

Dezesseis camisas e umas poucas calças
Cinco, seis, sete talvez
Escovas de dente, duas, e um pente
Na caixa maior discos, livros, esquecimentos
No bolso, troco, no rosto, canso, nas mãos, malas
Nas costas tudo o que não é meu
A vida é sair de casa


Alberto Guiñazú

A resposta veio imediata: "Beleza! Mas isso aí quer dizer alguma coisa?" Enquanto me recuperava da crise de risos respondi que significava um monte de coisas, mas que aqui em casa estava tudo bem, se era isso que ela queria saber. Mothers will always be mothers, my friend. Always.




Direto na têmpora: Gugu - Trio Soneca

Cantinho do Feno

A TOM teve, durante um tempo, o Cantinho do Feno. Um espaço dedicado às pérolas do atendimento que alegravam nosso dia e que, ao final do ano, premiaria os freqüentadores mais assíduos com um fardo de feno e o troféu Arreio de Ouro. Na verdade, antes que os resultados pudessem ser aferidos e o prêmio fosse entregue, um problema de espaço (ver com a Claudia Gis) impediu o prosseguimento da contenda.
O Cantinho do Feno trazia pequenas maravilhas como "nosso público-alvo são clientes, não-clientes e público em geral" ou "precisamos de um folder sem dobra" ou ainda "para evitar pichações, podemos plastificar o tótem". Enfim, o que não faltava era sarcasmo e material para encher os quadros com solicitações e argumentos "curiosos".
Alguns atendimentos abraçaram a causa e disputavam a liderança do espaço como se sua vida dependesse disso, mas no geral era tudo levado com bastante bom humor e paz entre os setores.
Sei que a Lápis oferece o troféu Jesse Valadão ao ser humano mais grosso / machista / tosco da criação, mas aqui essa disputa já estaria vencida antes de iniciar, então, me resta convocar a todos para pensar em novas premiações ou, quem sabe, ressucitar o bom e nem tão velho assim Cantinho do Feno.




Direto na têmpora: Don't answer me - Alan Parsons Project

domingo, outubro 08, 2006

Ema, ema, ema

O câncer do meu vizinho não cura o meu resfriado.




Direto na têmpora: Black - Pearl Jam

sexta-feira, outubro 06, 2006

Partes desnecessarias

Os médicos que me desculpem, mas o corpo humano é cheio de partes desnecessárias. O apêndice por exemplo, tem a clara função de inflamar. As amígdalas seguem o princípio e abusam do seu ofício que é, sem sombra de dúvidas, fazer a garganta doer. Isso sem falar nos meniscos, cuja exclusiva propriedade é reduzir vida útil de craque e nada mais.
Pois ando descobrindo que a boca, se usada apenas para a fala, é um desses órgãos daninhos pra mim. Quanto mais falo, em mais merda me meto, menos coisas resolvo e mais problemas crio. Você até pode argumentar que o problema não é a boca, mas o cérebro. Concordo, mas desse eu não posso me livrar porque afetaria minha capacidade de assistir Seinfeld.
Seja pra dar opinião, conselho ou pedir favor, minha boca tem sido pródiga em gerar pequenas catástrofes e grandes constrangimentos. A solução óbvia seria um prolongado (quiçá eterno) voto de silêncio, mas minha constante diarréia vocal não permite. Sendo assim, o mantra do mês é "não fala, filho da puta, pensa".




Direto na têmpora: So much water - M. Ward

quinta-feira, outubro 05, 2006

Leminskiana

Morto às doze
Meu relógio marca enquanto ela chora
Perdi o pulso
Mas não perco a hora


Alberto Guiñazú




Direto na têmpora: My favorite things - Sarah Vaughan

Rock in Rio XXV



Quando eu tinha 13 anos meu pai me deu, escondido da minha mãe, ingressos para dois dias do primeiro Rock in Rio. Fui de ônibus sozinho pro Rio e um mezzo primo de 18 anos foi o responsável por mim durante os shows. A coisa toda foi fantástica, a começar por shows de Queen (simplesmente maravilhoso), Iron Maiden, Blitz, Paralamas no segundo disco, Rod Stewart e por aí vai.
Uma experiência que causou problemas pros meus pais, já que os vizinhos reclamavam "Como é que vocês deixam o Maurilo ir? E ainda por cima sozinho!?!? Agora o Fulaninho não me deixa em paz porque não pode fazer nada, não vai a show nenhum, não viaja." E tome ladainha.
Pra mim foi incrível e sempre agradeci muito aos meus pais por terem me deixado ir. Agora que sou pai, a coisa mudou um pouco. Só consigo pensar na Sophia com 13 anos querendo ir ao Rock in Rio XXV, ou algo que o valha, e eu espumando de puto "Não vai de jeito nenhum! Cê tá louca!? Você tem só 13 anos, menina! Nem se eu fosse junto! E já pra cama!"
Ai, como é duro envelhecer.




Direto na têmpora: Amateur - Aimee Mann

Cigarras atendidas

O Grarco, paraense de São Caetano, atendeu meu comovido apelo e mandou um pequeno trecho com sons de cigarras. Apesar de não saber apreciar a beleza do canto de Dalto, pelo menos às cigarras o Grarco dá o merecido respeito. Valeu, meu caro!




Direto na têmpora: Detroit Rock City - Kiss

Cigarras

Ipatinga era cheia de cigarras. No final da tarde, perto das árvores, às vezes era difícil ouvir o que o outro dizia a poucos metros de você. A gente se acostuma com aquele som e começa a achar o silêncio estranho, sente falta dos vários tons, dos humores e volumes diferentes a cada dia. Um som que podia ser doce ou amargo conforme o seu espírito, conforme o clima, conforme qualquer coisa.
O que eu não daria pra ouvir uma cigarra hoje o dia inteiro.




Direto na têmpora: Tesoura do desejo - Alceu Valença

Palhaçada

A Solution foi uma agência muito importante na minha carreira por vários motivos. Além de ter feito bons trabalhos lá, a empresa tinha uma estrutura bacana, contas legais e uma equipe de onde tirei grandes amigos. Infelizmente, houve épocas de clima pesado e grande insatisfação por motivos variados, alguns culpa nossa mesmo e outros culpa da agência. Aliás, como acontece em qualquer lugar.
Sei que numa dessas crises me veio a idéia de comprar narizes de palhaço para toda a Criação. A partir daí, se o atendimento chegava dizendo, por exemplo, que o prazo foi reduzido em dois dias, a gente botava as bolotas vermelhas no nariz e respondia "Ah, é? Dois dias a menos? Claro, não tem problema nenhum". Não era raro chegar na sala e encontrar dois ou mais profissionais portando seu rubro símbolo de protesto. Tudo com o maior bom humor, é claro.
Um dia, em uma reunião com o Marcelo Martins (dono da Patrimar e um dos melhores e mais inteligentes clientes com quem já trabalhei), o Olivieri, nosso Diretor de Criação, resolve levar por precaução uma narizeta no bolso da calça. Tudo correndo bem até que alguém, não o Marcelo, diz algo desabonador sobre o trabalho. Nosso Diretor então tira a peça do bolso, posiciona sobre o nariz e calmamente declara "mas isso é uma palhaçada!"
O Marcelo, como era de se esperar, morreu de rir e a campanha foi aprovada. Com palhaçada ou não, entre mortos e feridos salvaram-se todos.




Direto na têmpora: Stop whispering - Radiohead

quarta-feira, outubro 04, 2006

Oh yeah 3

Originais do Samba, Fernando Meirelles, Luis Fernando Veríssimo, Grande Otelo e muitas Havana. Oh yeah, baby, oh yeah.




Direto na têmpora: Falador passa mal - Originais do Samba

Tirem esse brega daqui

Em um momento horrendo e de difícil assimilação reconheço que o PC Pod hoje tá praticamente o Sidney Magal dos mp3 players. Depois do próprio Sidney, já me mandou Radio Taxi, Roupa Nova e Dalto. E o pior é que eu sou fã de Dalto. Trágico, eu sei, mas é a mais pura verdade.




Direto na têmpora: Sapato velho - Roupa Nova

Voluntariado

Apesar do termo "voluntariado" estar desgastado pra caramba, tô com um projetinho de ação social aí que precisa essencialmente de 3 coisas pra decolar:

1) Gente
2) Vontade
3) Trabalho

Se você pode oferecer essas 3 coisas, dê um toque. Se tiver contatos com comunidades carentes e/ou produtoras de vídeo, melhor ainda. Tô com muita vontade de tirar isso do papel e toda ajuda é bem vinda.




Direto na têmpora: Black is the color - Nina Simone

terça-feira, outubro 03, 2006

Call me James

Aos eventuais e raros leitores do Pastelzinho, ressalto que acrescentei o blog do Rodrigo James à minha lista de links. Saudações.




Direto na têmpora: Basketcase - Green Day

Lost

Não se enganem, eu não faço parte da elite descolada que assiste Lost. Na verdade eu faço parte da elite descolada que assiste apenas e tão somente Discovery Kids e Nick Jr, mas isso não vem ao caso. O fato é que mesmo sem assistir Lost sei que ele fala de um microcosmo surreal em alguma ilha maluca e aí não posso deixar de me lembrar do Leandro Simões. O Leandro foi contemporâneo meu de UFMG, onde formou-se em jornalismo. Éramos grandes companheiros, inclusive com uma memorável passagem por Recife no ENECOM, onde ele recebeu o apelido de Pesadinho. Atleticano doente, viúva do Saldanha, membro do Natal dos Homossexuais Falidos e fã de samba e rock and roll, seguiu meu amigo até o fim, mesmo com o pouco contato que sua ida para São Paulo acabou causando.
Lá em Sampa ele trabalhou na Placar, Contigo e na Playboy, através da qual viveu seu maravilhoso momento Lost em um apartamento da capital paulista. Isso em 2000, é bom lembrar. A experiência era a seguinte: é possível viver, durante 30 dias, sem sair do apartamento e comprando apenas pela internet em São Paulo? Leandro mostrou que sim e passou todo o período do projeto trancafiado, tendo como único contato com o exterior a visita periódica de garotas da Playboy.
Peraí! Como é que alguém consegue realizar qualquer tipo de experimento recebendo visitas periódicas das coelhinhas que traziam como lembrança suas revistas e posters em tamanho natural? Ora, faça-me o favor, tudo balela, tudo um embuste. O que o Leandro viveu foi o sonho adolescente de ficar trancado no quarto cheio de playboys e ainda com a visita das musas em carne e osso (mais carne, diga-se de passagem).
Infelizmente nunca pude comentar isso com o Leandro, que pegou um atalho lá pra riba em abril de 2003. Mas uma coisa é certa, dos 30 e poucos anos que passou entre nós, só esses 30 dias já devem ter valido muito a pena.




Direto na têmpora: In the Lap of the Gods - Queen

segunda-feira, outubro 02, 2006

Fontes lacteas

Plena sexta-feira, casamento de Ana Luiza, a TOM inteira se preparava para o grande evento social. Enquanto isso, Cacate, Lucas Ribas e eu penávamos com uma campanha urgentíssima para o Minas Leite. Eram quase onze horas da noite e o cliente na agência, esperando a campanha.
No meio daquela loucura toda, conseguimos fazer um trabalho bem bacana, com uma marca legal e tudo mais. Cacate imprimindo peça após peça, montando tudo mal e porcamente, decidimos que eu deveria subir sem ela para apresentar tudo praticamente sozinho, já que o Lucas estava cuidando dos caras e nem tinha visto o material.
Subi com tudo debaixo do braço e comecei a apresentar a marca do evento e uma série de layouts. Os clientes olharam praquilo sem muita emoção, sem muito ânimo, quando dei a cartada genial. Apresentei de novo a marca, mas desta vez argumentei que, pela escolha da fonte, mais do que orgânica, aquela era uma fonte láctea. Sim, uma fonte láctea para o Minas Leite. É ou não é uma jogada de mestre?
Daí pra frente, em poucos minutos, tudo aprovado e fomos comer uma pizza na Specialli.




Direto na têmpora: Motoqueiro - Almir Rogério

Aprova logo

Meu primeiro trabalho na Solution foi um material para prospecção de lojistas do ainda embrionário Shopping Jardim. Tinha acabado de chegar na agência, querendo mostrar serviço, cheio de idéias e, como o cliente era novo na casa, o desafio era um tanto quanto respeitável.
Fui fazer o job com o Pedrolli, um amigo meu de longa data e realmente nos esmeramos nas peças. Ficou muito bacana, todo mundo adorou e, na reunião de apresentação, fui convocado a participar. Não me lembro bem, mas acho que o Pedrolli arranjou alguma desculpa e tirou seus bigodes (que ele usa desde os 7 anos) da reta.
Só sei que ficamos sentados à mesa de reuniões eu, Nelson Nascimento (Diretor de Atendimento), Fernando Campos (dono da agência) e o então responsável pelo marketing do shopping. Apresentei as peças com riqueza de detalhes, ressaltando a criatividade e a pertinência dos títulos, a beleza dos layouts, o cuidado na escolha do papel, enfim, um primoroso trabalho de atendimento.
Acabei de falar, o cliente espalhou todas as peças e, olhando fixamente para elas, começou a tamborilar com os dedos na mesa. Já estava assim há quase 1 minuto quando resolvi fazer uma observação. Ele, sem me olhar, esticou a mão aberta e fez um "shhhh" digno de cinema. Aguardamos mais 3 minutos e eu já pensava em como teria que procurar outro emprego depois daquele fiasco. De repente, ele bate a mão na mesa e diz sorridente: "Perfeito! É isso aí!"
Agora, eu pergunto, pra quê me fazer sofrer assim, meu Deus? Pra quê?




Direto na têmpora: Waters of March - David Byrne e Marisa Monte

Mr. Lennon

Pros amigos (e não são poucos) que estão precisando, que estão recomeçando, que têm um caminho duro pela frente, palavras de Mr. Lennon.

"I don't believe in magic
I don't believe in I-ching
I don't believe in Bible
I don't believe in Tarot
I don't believe in Hitler
I don't believe in Jesus
I don't believe in Kennedy
I don't believe in Buddha
I don't believe in Mantra
I don't believe in Gita
I don't believe in Yoga
I don't believe in Kings
I don't believe in Elvis
I don't believe in Zimmerman
I don't believe in The Beatles
I just believe in me
...and that's reality"

Boa sorte sempre.




Direto na têmpora: Reel around the fountain - The Smiths